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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quarta - 01 de Agosto de 2007 às 13:14
Por: Patrícia Casali

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As vítimas da desastrada simulação de seqüestro da PM no Jardim das Flores estão se organizando para acionarem na Justiça o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Rondonópolis. Ainda não se sabe o valor das causas.

Oito dos 12 feridos devem ingressar com ações indenizatórias na Justiça. Deste grupo, três já assinaram a procuração "ad-judicia" à advogada Ádila Safi, sendo dois responsáveis por crianças feridas e um adulto. A advogada não revelou os nomes das vítimas alegando que as ações ainda não foram impetradas.

O grupo procurou a advogada que está organizando documentos, exames e matérias publicadas na imprensa para ingressar com as ações. Para ela, cabem ações contra o estado e o município, já que, as balas que mataram e feriram pessoas foram disparadas por policiais militares, que trabalham para o governo estadual e o evento, Mutirão da Cidadania, onde ocorreu o crime foi organizado pela Prefeitura.

"O artigo 932 do Código Civil diz que o empregador é responsável pelos atos de seus prepostos no trabalho. O fato é que os policiais atiraram, se foi propositadamente ou não é outra história", argumentou a advogada lembrando que assim o Estado é responsável pela ação dos policiais que estavam em serviço.

Ádila não adiantou os valores das ações, mas argumentou que três quesitos serão levados em consideração no valor da indenização a ser pedida: a idade de cada vítima, o trauma psicológico e a lesão sofrida por cada um. Das 12 pessoas feridas, nove precisaram de atendimento médico.

Ela revelou que as indenizações por danos morais variam entre 100 a 2 mil salários mínimos, por danos estéticos de 100 a 1,5 mil salários e a impossibilidade de trabalhar ou redução da capacidade de trabalho podem desencadear um pedido de pensão vitalícia.

"Estou analisando caso a caso o que ocorreu, juntando documentos e somente depois vou pedir a indenização", ressaltou.

Para a advogada, as ações indenizatórias não são apenas pelos danos causados às pessoas e às famílias, mas também uma resposta para a sociedade que acompanhou a ação fracassada da PM e as conseqüências para as vítimas.

"Temos crianças que têm pesadelos à noite, sonham que estão paralíticas e não tem ninguém para empurrar a cadeira de rodas. Estas pessoas ficaram traumatizadas e com certeza suas vidas mudaram depois da tragédia".

O caso

A ação fracassada da PM aconteceu no dia 26 de maio no Jardim das Flores durante uma simulação de seqüestro de um microônibus onde policiais militares acabaram atirando de dentro para fora do veículo com balas de verdade ao invés de balas de festim. Cerca de 500 pessoas assistiam a apresentação.

Nesta semana a Polícia Militar divulgou o resultado do inquérito. Sabe-se que dois praças, um soldado e um cabo atiraram com munições de verdade. Contudo, o comando da PM informou que não tem como indicar quem foi que atirou e matou um estudante de 13 anos.

Imagens e aúdio captados durante a simulação foram mandados para Brasília, onde é feita uma perícia. É possível que a partir desse exame seja possível indicar os culpados. Três oficiais, segundo o inquérito, cometeram crimes militares ao mexerem na cena do crime antes da chegada da perícia.

Os oficiais foram afastados dos cargos de chefia e hoje atuam em serviços burocráticos. Já os dois praças cuidam de presos. Oito policiais participaram da simulação. Quatro ficaram do lado de fora do microônibus e outros quatro entram. Foram disparados 17 vezes, mas os investigadores acharam no local apenas 12 estojos, isto é, sumiram cinco, justamente os que armazenavam os projéteis reais.

As armas usadas pelos militares eram espingarda de calibre 12, equipamento pesado e impróprio em casos como o simulado, segundo admitiu o próprio comando da PM mato-grossense. A operação queria mostrar como agiram os militares numa situação em que três criminosos estariam mantidos duas pessoas como reféns dentro do microônibus. Os militares invadiram o veículo já disparando tiros.





Fonte: Midia News/Primeira Hora

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