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Terça - 26 de Junho de 2007 às 07:02
Por: Catarine Piccioni

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A Justiça Federal em Campo Grande (MS) bloqueou R$ 1 milhão em contas bancárias do empresário mato-grossense Elói Vitório Marchett, que continua foragido mesmo com a prisão temporária decretada em 8 de junho na Operação Zaqueu, da Polícia Federal. O juiz Odilon de Oliveira negou quatro pedidos de habeas corpus ao empresário, acusado de participar de um esquema de contrabando de agrotóxicos e armas, lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas, na região de fronteira entre Brasil e Paraguai.

Produtor rural e dono da empresa Sementes Carolina, sediada em Rondonópolis (218 km de Cuiabá), Marchett é apontado como cliente de Nasser Kadri e Adib Kadri, supostamente chefes da quadrilha. Inquérito da PF, conforme documento obtido pela reportagem, indica o contrabando de 200 caixas de agrotóxicos vindos do Paraguai – carga avaliada em R$ 300 mil, o equivalente a US$ 120 mil, e apreendida em 28 de novembro de 2006 em Rondonópolis, quando foi preso Valdecir Barizon, conhecido como “Vardão”. Conversas telefônicas, gravadas com autorização judicial, evidenciaram que ao menos mais duas cargas de agrotóxicos foram mandadas, via Ciudad del Leste, para Rondonópolis e Primavera do Leste após a prisão de Vardão.

Agentes federais teriam presenciado Elói Marchett entregar um Fiat Strada, de propriedade da empresa Sementes Carolina, a Nasser Kadri. “Talvez como pagamento de agrotóxicos”, diz trecho do documento obtido pela reportagem. O funcionário da empresa, José Iristenes Cláudio, aparece questionando Kadri sobre a transferência do veículo. Nasser responde que o veículo deve ser transferido para o nome do seu pai, Ali Kadri.

O nome de Marchett aparece também em outros diálogos interceptados pela PF. No dia 9 de janeiro deste ano, Adib e Násser trocam informações sobre as “encomendas” destinadas a Marchett. Segundo a PF, as negociações entre Nasser e o empresário são mais freqüentes por meio de funcionários. Nasser Kadri volta a conversar em 1º de março com o empresário acerca de um caminhão que transportaria cargas ilícitas. Porém, o veículo estaria em nome da empresa Carolina, o que, segundo Marchett, “complicaria tudo”.

Já um diálogo travado um mês antes mostra o funcionário da Sementes Carolina cobrando de Nasser uma cabine de caminhão Volks solicitada pelo patrão dele e provavelmente originária de roubo. Em uma das ocasiões, o chefe da quadrilha cobra R$ 8 mil ao falar com alguém da empresa.

O prazo da prisão temporária vence no próximo dia 11. Dos 17 presos, apenas as mulheres da família Kadri (Ramzia, Flávia e Jamile) foram liberadas. José Iristene Cláudio permanece preso. “Nenhum dos pedidos, repetitivos, tem respaldo (...). O fato de o acusado ser trabalhador, ter residência fixa, família constituída, não possuir antecedentes ou algo mais não obsta a decretação da prisão temporária. (...) Ele se encontra foragido da Justiça desde 8 de junho, o que demonstra que não deseja colaborar com as investigações. O acusado deveria se apresentar à Polícia Federal e não ficar mandando recado para a Justiça, impondo condições”, diz o juiz em último despacho, negando pedido de revogação da prisão a Marchett, que estaria no Rio Grande do Sul.

A defesa quer a revogação da prisão como condição para o empresário se apresentar à polícia, inclusive sob a alegação de que o suposto crime do cliente é afiançável. Os advogados responsáveis ingressaram com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3/ SP) na última sexta-feira em favor de Marchett e Iristene. Eduardo Fraga Filho preferiu não comentar o bloqueio de R$ 1 milhão nas contas do cliente. “As providências serão tomadas no tempo certo”, disse, reclamando que não teve acesso à integra do inquérito.

Por enquanto, a PF não pediu o bloqueio de imóveis pertencentes a Marchett, mas foram encaminhados ofícios aos Detrans (Departamentos de Trânsito) de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais na tentativa de impedir a transferência dos veículos.

Os principais integrantes da quadrilha foram indiciados por crime ambiental, contrabando, tráfico de drogas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O esquema envolvia empresas de fachada, um policial militar e diversos “laranjas”. A estimativa é que o grupo movimentava R$ 500 mil por mês, atuando em dois ramos principais: contrabando de agrotóxicos para Goiás e tráfico de drogas para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.





Fonte: Olhar Direto

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