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Economia
Domingo - 14 de Abril de 2013 às 12:32
Por: Fabíola Glenia

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O cheiro de bolo extrapola os limites da loja e toma conta de tudo ao redor.  Inaugurada em 2010, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a rede Casa de Bolos tem, atualmente, mais de 40 lojas espalhadas pelo país e deve fechar 2013 com cerca de 120 unidades em funcionamento.

Mix de produtos tem mais de 20 sabores diferentes (Foto: Divulgação)Mix de produtos tem mais de 20 sabores diferentes (Foto: Renato Vaz/Photographias/Divulgação)

O surgimento da rede foi despretensioso. A ideia de montar a primeira loja veio da necessidade de colocar a matriarca da família Ramos e seu filho caçula para trabalhar. Sônia Maria Napoleão Ramos – a “dona” Sônia, hoje com 67 anos – tinha sido proprietária de uma confecção, mas fechou o negócio quando estava perto dos 50 anos. O caçula Rafael, na ocasião com 26 anos, fazia faculdade de Publicidade e Propaganda e buscava um bom trabalho.

Os quatro filhos homens de dona Sônia se reuniram para pensar numa alternativa para ambos. Ao questionar a mãe sobre o que ela gostava de fazer, a resposta foi simples e objetiva: “Eu gosto de fazer bolo”. “Achei que não daria certo. Quem iria comprar bolo?”, admite Fabrício Marcus Ramos, de 40 anos, o segundo filho da matriarca.

“Começamos a fazer sem muita pretensão, mas acreditando que podia dar certo”, diz dona Sônia. “Os primeiros dois meses foram muito difíceis. Fomos teimosos. Chegamos a pensar em parar. Mas quando percebemos, estávamos vendendo 300 bolos por dia”, emenda Fabrício.

O sucesso da loja de dona Sônia despertou o interesse de seu irmão, que perguntou se não poderia abrir uma unidade. Pouco depois, uma sobrinha pediu para ter a própria filial. Assim, de loja em loja, a Casa de Bolos fechou 2011 com sete unidades – todas elas nas mãos de pessoas da família. “Este foi nosso ‘laboratório’”, diz o filho de dona Sônia.

A ideia de virar franquia começou a tomar corpo quando pessoas de fora da família procuraram os donos para abocanhar uma fatia deste “bolo” que só fazia crescer. Os Ramos, então, buscaram se estruturar de maneira mais profissional, transformaram-se em uma rede franqueadora e, no ano passado, tinham 41 lojas em estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.

O crescimento de 2011 para 2012, em termos de unidade, foi de quase 500%. Quanto ao faturamento, a rede prefere não revelar – nem o valor, tampouco o crescimento. Mas diz que hoje vende, em média, 87 mil bolos por mês.

O começo de tudo
Os bolos que a rede vende são do tipo caseiro, sem recheio ou coberturas mirabolantes. Antes de abrir a primeira unidade, houve uma longa caminhada, de cerca de um ano, para conseguir produzir as receitas em grande escala.

“Comecei a testar receitas”, conta dona Sônia, que diz que “como toda mãe”, sempre foi boleira. “Meus filhos foram criados assim. Eu fazia um bolo, vinham os primos, os amigos, virava uma festa.”

“Foram 800 quilos de farinha na fase de teste. Comemos muito bolo ‘embatumado’ até chegar ao que deu certo”, brinca Fabrício. Hoje são mais de 20 sabores diferentes, como os tradicionais bolos de fubá – o mais vendido da rede –, de milho, mandioca, o formigueiro, entre outros. Mas os donos dizem que estão sempre testando novas receitas e que também respeitam os regionalismos.

Sônia Maria Napoleão Ramos  (Foto: Divulgação)Dona Sônia diz que sempre foi uma mãe
"boleira" (Foto: Divulgação/Foto de Samueli)

“Eu achava que a família estava se perdendo e achava que um bolinho tem o poder de reunir as pessoas. Além disso, eu também ia poder ajudar as mulheres, que hoje não têm mais tempo”, fala. “Ninguém senta numa mesa para comer um bolo e brigar. As pessoas sentam para bater papo, contar piada, falar dos outros”, completa Fabrício.

A simplicidade passou a fazer parte do conceito da rede Casa de Bolos. “Os franqueados são sempre famílias. A gente não vende para investidor. (...) O investidor tem dinheiro, seria até mais fácil. Mas, para a gente, a família é um valor. Nosso produto ajuda as famílias a se unirem – seja no trabalho, seja em casa”, define Fabrício.

A produção de bolos das lojas é diária e os produtos não levam nenhum tipo de conservante. “Eu sempre quis algo igual ao que a gente faz em casa”, diz dona Sônia. “A gente quer manter a qualidade dos bolos, então, fazemos questão de matéria-prima de primeira, não aceitamos substituição. Além disso, cenoura é cenoura, laranja é laranja”, explica o filho da matriarca.

O mix de produtos é o mesmo em todas as lojas da rede e os preços também não variam nas diferentes cidades. Os bolos custam entre R$ 9 e R$ 14. O faturamento médio, no início do negócio, gira entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. Uma loja com venda aproximada de 200 bolos por dia pode faturar de R$ 45 mil a R$ 60 mil.

Franquias
Dados da Associação Brasileira de Franchising indicam que o número de redes de franquias no Brasil subiu de 600, em 2001, para 2.031, em 2011. No mesmo período, o faturamento saltou de R$ 25 bilhões para R$ 88,9 bilhões.

“A primeira coisa que precisa saber é que a regra para quem optar ser empreendedor via franquia é que é muito mais rígido. Tem que estar disposto a obedecer a quem detém a marca", diz Bruno Caetano, diretor do Sebrae-SP.

Ele destaca, no entanto, que apesar da rigidez, existem muitas vantagens. “O empreendedor inicia o negócio que já tem uma marca reconhecida, não precisa tirar do zero. Conta com o apoio do franqueador. Como todos tem interesse que dê certo, apoiam na gestão, na escolha de funcionários.”

“Franquia hoje é um bom negócio, mas não necessariamente é garantia de sucesso”, alerta o diretor do Sebrae-SP. “Um jeito ruim de abrir uma franquia é pensar apenas no quanto vai ter que investir. O primeiro investimento é no planejamento: saber se tem vocação para aquilo, se está preparado a gerir uma empresa, se está disposto a abrir mão de férias, 13º salário.”

Ele recomenda que o empreendedor que tenha interesse em abrir uma franquia – seja ela qual for – faça pesquisa de mercado junto a futuros clientes. Também é importante “ouvir quem já está dentro”, ou seja, quem é franqueado da rede pela qual se tenha interesse.

É preciso ainda fazer consultas na Junta Federal, na Receita Federal, verificar se existem débitos ou disputas junto ao franqueador, analisar a saúde financeira da rede, checar se a marca está registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), ter acesso às certidões da empresa e verificar as atividades da franquia na Circular de Oferta de Franquia (COF).

“Franquias muito novas podem ser oportunidade, e ao mesmo tempo risco. O interessado deve redobrar o cuidado. Não descarte uma ideia só porque é uma franquia nova, mas tome mais cuidado do que tomaria com uma marca consolidada”, conclui Caetano.






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