Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 06 de Maio de 2007 às 15:12

    Imprimir


Mais de 100 crianças e adolescentes de Mato Grosso, entre 7 e 14 anos, foram encontradas submetidas as 3 das 4 piores formas de trabalho infantil elencadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Obrigadas pelos pais - e em um dos casos até avô - a levar dinheiro para casa, elas se sujeitavam a cuidar de carros, esmolar e até se prostituir nas ruas da Capital. Dessas, 60 são acompanhadas pelo Conselho Tutelar para evitar que as famílias voltem a explorá-las.

Outras 43 crianças foram encontradas pelas equipes de Fiscalização do Trabalho em municípios do interior trabalhando como gente grande em indústrias, comércio, agricultura e em outros setores de risco à idade. Embora a abordagem de rua facilite as denúncias e os registros do uso de crianças para o trabalho, outra forma de exploração também incluída entre as piores pela OIT é submeter uma criança a trabalho doméstico como lavar, preparar o próprio alimento ou até mesmo cuidar dos irmãos mais novos durante todo o dia, enquanto os pais trabalham. Embora, haja menores sendo obrigados a tais tarefas mesmo com a mãe ou madrasta dentro de casa como já constatou o Conselho.

O coordenador geral do órgão, Edinaldo Gomes de Souza, conhecido como "Edinho", afirma que além desse tipo exploração, muitas crianças são obrigadas a pedir donativos, que geralmente são trocados por drogas. Segundo ele, essa é uma prática comum de pais dependentes químicos. A exploração que ocorre dentro de casa é mais complexa de ser constatada e acaba por mascarar os números, distorcer a realidade e dificulta uma ação mais efetiva.

Entre os casos recentes acompanhados pelo Conselho, o coordenador cita o de um pastor evangélico que obrigava o neto de apenas 7 anos a cuidar de carros. "Quando foi abordado pelos conselheiros o avô disse que foi acostumado trabalhando e achava que não estava fazendo nada de errado", relata. "Esses meninos têm, não só a permissão dos pais, mas o incentivo deles", afirma Edinho. Nos bairros CPA 2 e Pedra 90, os casos de uso de meninas para fins de prostituição aparecem mais nos relatórios do Conselho Tutelar.

O coordenador diz que a maioria das crianças e adolescentes obrigados pelos pais a trabalhar e levar dinheiro para casa está matriculada e frequenta a escola. No entanto, o rendimento escolar, segundo ele, "é horrível". Ele insiste que a oferta de escola em tempo integral é a única forma de enfrentar os aliciadores de menores ou pais irresponsáveis e exploradores.

Vergonha - Em 2006, além das 43 crianças vítimas de exploração infantil no trabalho, auditores fiscais do Trabalho de Mato Grosso encontraram outros 194 trabalhadores entre 16 e 18 anos expostos a todos os riscos e responsabilidades do ambiente de trabalho, sem carteira assinada.

O Trabalho infantil é um problema social crônico e vinculado à condição econômica em boa parte do mundo. No Brasil, é proibido pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente até os 16 anos, salvo a condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.

A coordenadora de Fiscalização do Trabalho Infantil em MT, Lucicléia Jovelina da Silva, 36, garante que ainda este ano, deve ocorrer a expansão dos cursos de aprendizagem.

Ano passado, apenas 800 estudantes conseguiram vaga nos programas oferecidos pelo poder público e iniciativa privada. Ela admite que o número é pequeno, mas garante que a expansão dos cursos pode ocorrer ainda este ano, no interior do Estado.

Embora a sociedade imagine que as crianças vistas nos faróis, mendigando ou vendendo algum produto na rua não têm referência familiar, estudos do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) mostram que maioria dos trabalhadores infantis têm família, embora o rendimento seja ruim freqüentam a escola, e pelo menos o pai, a mãe ou irmãos mais velhos também trabalham. Ainda segundo relatório publicado este ano pela USP, somente os estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal e o Amapá apresentaram números que comprovam redução do número de crianças exploradas no trabalho, nos últimos anos.





Fonte: Gazeta Digital

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/229062/visualizar/