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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sábado - 05 de Maio de 2007 às 14:31
Por: Rubem Mauro Palma de Moura

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Desde 1982 quando o programa pro-alcool destinou recursos para implantação dessas Agroindústrias no país, muito se tem discutido sobre os sues impactos ao meio ambiente. Naquela época procurava-se uma alternativa nacional ao uso dos combustíveis fosseis, a fim de suprir as nossas deficiências. Não se falava em aquecimento Global, provocado pelas atividades poluidoras advindas da queima dos combustíveis fosseis nem que o álcool minimizaria esses efeitos.

Os ditos ecologistas daqui, que entendem na grande maioria das vezes, apenas de ambientes não modificados pelo homem e, portanto deveriam opinar prioritariamente sobre as áreas de preservação permanente, fizeram e até hoje fazem um carnaval, posicionando contrariamente a qualquer atividade que modifique ou altere de alguma maneira o ambiente, esquecendo-se de que não existe nenhuma atividade humana que não seja impactante ao ambiente e que precisamos trabalhar com a minimização desses impactos.

Nessa época em Mato Grosso do Sul, foi impedida acertadamente a implantação de uma destilaria na região da Bodoquena, área esta dentro da planície inundável do pantanal. Achavam eles que a destilaria instalada no município de Poconé, também estava dentro da planície pantaneira e aí aliados aos nossos ecologistas, pressionaram o CONAMA para se posicionar sobre o assunto, quando foi então emitida e Resolução CONAMA n° 001 de 05/03/1985, suspendendo a implantação de novas destilarias de álcool nas, ”BACIAS HIDROGRÁFICAS LOCALIZADAS NO PANTANAL MATOGROSSENSE”, na verdade, nenhuma destilaria se instalou recentemente dentro da planície pantaneira.

Aí, mais uma vez por falta de conhecimento técnico, entenderam por aqui, que em toda a bacia hidrográfica do Alto Paraguai estava proibida a instalação de destilarias.

Quando a portaria fala em bacias hidrográficas LOCALIZADAS no pantanal, está tratando acertadamente da planície pantaneira e não de toda a bacia, pois se assim quisessem teriam dado à resolução a denominação de BACIA DO ALTO PARAGUAI.

Dentro da planície pantaneira não há divisão de sub-bacias, pois por uma característica impar dessa região as águas se misturam, sendo impossível saber se é água do Rio Paraguai ou Cuiabá, Cuiabá ou São Lourenço, São Lourenço ou Piquirí, e, portanto por estas e outras mil razões não é lugar propício para qualquer atividade industrial.

Falam com convicção, que até um ecologista se suicidou em Mato Grosso do Sul, que as destilarias estão liberadas para outras bacias hidrográficas, menos para a do Alto Paraguai.

Com essa convicção, mostram todo o seu despreparo, preconceito e ironicamente uma veia degradadora.

Despreparo, pois desconhecem as evoluções das destilarias no que diz respeito ao destino dos seus efluentes. A água de lavagem de cana é re-circulada com efluente zero, o vinhoto é usado na fértil irrigação ou em planta anexa produzindo gás e adubo orgânico, o bagaço da cana é queimado produzindo energia.

A cultura da cana diferente das outras como, por exemplo, soja e algodão, o re-plantio acontece em intervalos de 5 a 7 anos, impactando muito menos o ambiente.

Com a colheita mecanizada, resolvem-se dois grandes problemas, quais sejam; a queima e o corte manual, evitando a poluição do ar pelo efeito das queimadas e o aspecto negativo da mão de obra desqualificada e em grande parte escrava.

Preconceito, pois acham que as outras bacias hidrográficas são menos importantes e podem ser poluídas.

Degradadores, pois ao não saberem das técnicas minimizadoras dos efeitos da poluição provocada pelas destilarias, afirmam que as outras bacias podem ser degradadas, pois admitem que a atividade é altamente poluidora.

Queremos sim, que as destilarias se implantem em nosso Estado, independente da bacia hidrográfica, mais que sejam licenciadas com bastantes critérios minimizadores dos impactos ambientais, como por exemplo: estarem devidamente afastadas dos cursos de água; que as culturas da cana sejam próximas da indústria, que sejam localizadas em áreas de topografia plana a fim de permitirem a colheita mecanizada; que não desmatem novas áreas, se implantado onde hoje estão outras culturas. Queremos que se faça uma análise das destilarias em funcionamento e as potencialmente perigosas sejam impedidas de ampliações.

Queremos que o nosso parque industrial cresça com responsabilidade social e ambiental, independente da bacia hidrográfica em que esteja situado.

O álcool é bio-combustível renovável; detemos a tecnologia de produção; o mundo todo estará com certeza à sua procura e não podemos continuar reféns de grupos despreparados e com um discurso recheado de Ecobesteirol, como bem escreveu o Físico e Professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite em seu artigo publicado no Jornal “Folha de São Paulo” de 15/04/07.

(*) Rubem Mauro Palma de Moura é Eng°. Civil e Sanitarista, com Especialização em Hidráulica e Saneamento pela USP São Carlos, Mestre em Ambiente e Desenvolvimento Regional pela Geografia da UFMT e Professor do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental do DESA da UFMT.





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