Especialistas dizem que motorista do interior é menos preparado
Um outro dado apresentado pelo levantamento foi o aumento no número de óbitos em cidades com menos de 100 mil habitantes. Entre 1990 e 2005, eles passaram de 9.998 para 17.191, o que significa um crescimento de 72%.
Especialistas ouvidos pelo G1 comentaram os números e as possíveis causas para esse alto índice de mortes em cidades pequenas.
O consultor em engenharia de tráfego e transportes Horácio Augusto Figueira afirma que a frota aumentou, mas que o pensamento dos motoristas não mudou. “No interior, as pessoas dirigem como se estivessem no quintal de casa, porque não estão acostumadas a ver muito movimento nas ruas. Mas a frota aumentou e as pessoas agem como se tudo fosse igual.”
Já o consultor de engenharia urbana e transportes Luiz Célio Bottura acredita que os acidentes estão relacionados ao consumo de álcool. “Sabe-se que em cidades menores, a ingestão de bebida alcoólica é alta. E o álcool não combina nem um pouco com trânsito.” Além disso, Bottura acha que, de uma maneira geral, o registro desses acidentes passou a ser feito de uma maneira que, segundo ele, não é melhor, e sim “menos pior”.
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Validade dos dados
O consultor Bottura também colocou em dúvida a profundidade do levantamento do ministério. “Eu não acredito muito em coisas como essa. Os formuladores não se aprofundam muito e acho que esses números divulgados são os mínimos contáveis”, opinou.
Em defesa do Ministério da Saúde, a coordenadora de Vigilância de Violências do órgão, Marta Silva, disse que esse levantamento não pode ser questionado porque é feito a partir dos atestados de óbito. “Fazemos essa análise em cima dos números de atestados todos os anos para avaliar se a situação tem melhorado, piorado, ou se mantido estável. Contamos até mesmo os casos em que a pessoa não morreu na hora do acidente”, explicou.
Solução para o trânsito
O consultor Horácio Augusto Figueira acredita que o grande problema do trânsito é a fiscalização primitiva por parte dos responsáveis. Para ele, os órgãos oficiais tratam com um certo descaso a questão do tráfego e das muitas vítimas por acidente de trânsito.
“Acho que há três palavras que caracterizam a condição que enfrentamos nas ruas hoje: hipocrisia, conivência e omissão. Hipocrisia por parte dos fiscalizadores e dos condutores, conivência e omissão por parte dos órgãos de trânsito, que não fazem nada para melhorar a situação”, disse.
Segundo Figueira, essa condição poderia ser mudada implantando um esquema de fiscalização aleatório. “Acho um absurdo o condutor ser avisado de que a tantos metros há um radar. Isso faz com que ele diminua no trecho e depois volte a correr. Por isso que defendo a idéia de que é preciso diluir os agentes na cidade inteira, cada dia em um cruzamento.”
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