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Cidades/Geral
Quinta - 26 de Abril de 2007 às 15:01

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Mato Grosso é o estado com o maior número de assassinatos, tentativas de homicídio e tortura em conflitos agrários no Centro-Oeste brasileiro. Além disso, está entre os que registraram mais casos de trabalho escravo no país. Os dados estão no caderno “Conflitos no Campo – Brasil”, edição 2006, divulgado ontem pela Comissão Pastoral da Terra. De acordo com os índices do documento, dois trabalhadores foram assassinados, 15 vítimas de atentados foram feitas, 10 ameaçados de morte e um torturado em áreas de ocupação, acampamentos e situações relacionadas à luta pela terra.

As duas mortes de posseiros mato-grossenses aconteceram na cidade de Colniza, a 1.165 quilômetros de Cuiabá, na gleba Roosevelt. Lá, no dia 28 de agosto do ano passado, Cláudio Sousa de Oliveira, de 50 anos, e José Roberto Tranqüilo, de 30, foram mortos a tiros. Apesar de haver mais focos na região norte, os conflitos são verificados em todas as regiões, segundo constatação dos técnicos da CPT.

A área dos Quilombolas, sesmaria Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento (30 quilômetros de Cuiabá), aparece entre os 31 grandes marcos de conflitos levantados no Estado, que no ano passado envolveram mais de 5.500 pessoas. Mas em relação aos últimos dois anos, 2004 e 2005, o relatório da CPT aponta tímida queda no número de conflitos e mortes no campo no país. Em 2004, foram 752 embates, contra 777 no ano seguinte e 761 em 2006. A estatística de mortes também apresentou redução: 37 em 2004, 38 em 2005, e 35 em 2006.

No ranking da exploração do trabalho escravo, o Estado ocupou o terceiro lugar em número de trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão. O relatório registra 953 casos com um total de 444 libertações. Mato Grosso só perdeu para Tocantins, com 6.930 denúncias; Pará, onde 2.899 pessoas foram encontradas em áreas rurais trabalhando em condições degradantes, e a Bahia, com 1.045 registros.

Para o agente da CPT em Mato Grosso, Adair Alves Moreira, a violência no campo é decorrência da inércia do poder público sobre direito de acesso a terra. “Os conflitos não estão sendo enfrentados nem pela União ou estado”, reclamou Moreira. Enquanto trabalhadores esperam pela reforma agrária em acampamento, aqueles que detêm poder continuam grilando terras e roubando madeira. Moreira acha que a saída continua sendo a organização e mobilização no sentido de conscientizar os trabalhadores e fortalecer a luta pela terra.





Fonte: Tangará Repórter

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