Quatro cidades do Estado estão na lista das 10 mais violentas do país
De acordo com o estudo, Colniza, área de ocupação e conflitos de terra, apresentou um índice de 165,3 mortes para cada 100 mil habitantes. A taxa de Juruena foi de 137,8. Os outros dois municípios mato-grossenses que lideram o ranking de violência são São José do Xingu (1.200 km a Nordeste de Cuiabá), com taxa média de 109,6, em 5º lugar, e Aripuanã (1.002 km a Noroeste), com taxa de 98,2, em 8º lugar.
De acordo com a pesquisa, os dados comprovam que as mortes violentas estão migrando das regiões metropolitanas para o interior. E, neste caso, o Centro-Oeste se destaca. Outro dado ressaltado na pesquisa é que os números contrariam a idéia de que as mortes acontecem em grandes cidades. Os dados são de 1994 a 2004.
O promotor de Aripuanã, que responde por grande parte do Noroeste, Luciano Martins da Silva, aponta que certamente houve melhoria, em relação aos índices de violência, com a instalação do Fórum no município, em 2004 e, em Colniza, há pouco mais de um ano. Entretanto, afirma que ainda assim a violência continua muito grande e que há poucos policiais nos municípios. "Aqui se mata por qualquer motivo, principalmente por causa da questão agrária, a questão da madeira. São constantes os confrontos nesta região", ressalta o promotor, destacando que a distância entre os municípios e os problemas nas estradas dificultam o trabalho. "A polícia trabalha por amostragem e não chega nem perto do que deveria", completou.
O promotor cita, como exemplo, o município de Rondolândia, que é de sua circunscrição. São 1.600 km, uma vez que por terra só se chega a Rondolândia por Rondônia. "Para resolver uma questão de litígio, por exemplo, as pessoas não vêem aqui em Aripuanã".
O tenente Ednaldo Santos, de Colniza, onde o delegado responsável é o de Aripuanã, afirma que o índice de homicídio na cidade já é bem menor. Ele acredita que, após a instalação do Fórum no município, as pessoas passaram a ter mais "respeito". Segundo ele, em 2007 foram registrados quatro homicídios e a população da cidade está com cerca de 45 mil habitantes. "Aqui se mata, como se mata em Cuiabá, como se mata em qualquer lugar do mundo".
O diretor da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, José Lindomar da Costa, contesta os dados da pesquisa afirmando que, na época em que foi feita, a população nas cidades citadas já era muito maior que o apontado. O delegado diz que os quatro municípios de Mato Grosso que aparecem entre os mais violentos têm as mesmas características, sendo os problemas de invasão de terras e disputas. Em Colniza, no entanto, ele afirma que esta questão é mais evidente. "Em Colniza, a maior parte dos homicídios acontece porque a região é ocupada por pequenos produtores, que invadem, e a ocupação acaba gerando brigas".
O diretor da PC diz ainda que tratam-se de municípios muito distantes, de difícil acesso, com população carente. Afirma que até mesmo a lotação de policiais na região é dificultada por estas características e admite a falta de policiais. Entretanto, Lindomar não concorda com a conclusão da pesquisa, de que a violência está migrando para o interior, apontando que a Grande Cuiabá continua sendo o maior problema para a segurança. "No interior a violência está aumentado sim, por causa do progresso. Mas na Capital ainda está concentrado o maior índice de violência".
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) ressalta que a pesquisa considera como homicídio não somente os crimes contra a vida (aqueles com intenção de matar), mas também outros indicadores, como as mortes por afogamento, consumo de drogas, e outros.
Segundo a Sejusp, os dados estatísticos de Mato Grosso apontam, por exemplo, que em Colniza ocorreram 12 homicídios, o que representa 92,51 mortes, por 100 mil habitantes, contra os 165,3 mortos por 100 mil habitantes apontados pela OEI.
Em Juruena, o percentual apontado pelo estudo é de 137,8 mortes por 100 mil habitantes, enquanto as estatísticas da Sejusp apontam o índice de 83,17 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.
Comentários