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Quinta - 25 de Janeiro de 2007 às 15:43

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Os povos da floresta decidiram se unir novamente para mostrar ao mundo que a floresta amazônica pode contribuir decisivamente para evitar mudanças no clima, para conservar a biodiversidade e o para combater a pobreza. A nova união está se dando no relançamento da Aliança dos Povos da Floresta, que foi celebrada inicialmente no decorrer da década de 80, reunindo índios, seringueiros, ribeirinhos e outros trabalhadores extrativistas do Acre e de regiões vizinhas que lutavam contra a devastação da floresta por pecuaristas e fazendeiros originários do Centro-Sul do país.

Tendo à frente o líder seringueiro Chico Mendes, esse movimento dos povos da floresta foi fundamental, aliás, para denunciar, em nível internacional, as pressões que grupos econômicos estavam exercendo sobre a floresta, querendo colocar gado no lugar de seringueiras, castanheiras e outras grandes árvores seculares responsáveis pelo sustento secular da população amazônica.

O movimento internacional agora se repete com a decisão das redes sociais e ambientalistas Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) de relançarem a Aliança dos Povos da Floresta, que terá, desta vez, o objetivo de curto prazo de fazer um trabalho articulado em nível internacional quanto ao papel das florestas tropicais na mudança climática, na conservação da biodiversidade e no combate à pobreza.

A decisão de relançar a aliança e fortalecer politicamente os povos da floresta foi tomada por essas que são consideradas as três maiores entidades sociais e ambientalistas da Amazônia após se reunirem no início deste mês na cidade de Manaus (AM). “Vamos remar agora na mesma direção”, disse um participante do encontro de Manaus.

Segundo o GTA, os objetivos da nova Aliança dos Povos da Floresta estão na carta-síntese que foi divulgada e assinada pelas três redes sociais ao final do encontro na capital amazonense. Esses objetivos, de acordo com o GTA, colocam todos os segmentos sociais da Amazônia remando agora na mesma direção.

Uma direção que, se for para salvar a floresta e os povos que nela vivem secularmente, terá de denunciar novamente, em nível internacional, o avanço da soja, da pecuária, das madeireiras, das grilagens de terra, da biopirataria, da mineração e outros males que estão transformando, em terras arrasadas, a região de maior biodiversidade do planeta.

Veja, a seguir, a íntegra da carta-síntese divulgada pelas três redes sociais e ambientalistas que marca o relançamento, 20 anos depois, da Aliança dos Povos da Floresta.

ALIANÇA DOS POVOS DA FLORESTA

“Com o objetivo de lutar pela conservação da floresta amazônica e a melhoria da qualidade de vida das populações que nela habitam, e dentro do contexto da mudança climática e da conservação da biodiversidade e o combate a pobreza, o Grupo de Trabalho Amazônico – GTA (www.gta.org.br), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (www.coiab.com.br) e o Conselho Nacional dos Seringueiros – CNS (www.cnsnet.org.br), se articularam na Aliança dos Povos da Amazônia.

O Grupo de Trabalho Amazônico - GTA, fundado em 1992, reúne 602 entidades filiadas e está estruturado em nove estados da Amazônia Legal e dividido em dezoito coletivos regionais. Fazem parte da Rede GTA organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais que representam seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, pescadores artesanais, ribeirinhos, comunidades indígenas, agricultores familiares, quilombolas, mulheres, jovens, rádios comunitárias, organizações de assessoria técnica, de direitos humanos e de meio ambiente.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB é uma organização indígena, de direito privado, sem fins lucrativos, fundada, juridicamente, no dia 19 de abril de 1989, por iniciativa de lideranças de organizações indígenas existentes à época. A organização surgiu como resultado do processo de luta política dos povos indígenas pelo reconhecimento e exercício de seus direitos, num cenário de transformações sociais e políticas ocorridas no Brasil, pós-constituinte, favoráveis aos direitos indígenas. A COIAB, como instância máxima de articulação dos povos e organizações indígenas da Amazônia Brasileira, reúne hoje na sua base política 75 organizações e 165 povos indígenas, estimula e acompanha a criação de outras organizações, visando a expansão e o fortalecimento do movimento indígena.

O Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS foi fundado em outubro de 1985 no I Encontro Nacional dos Seringueiros realizado em Brasília. Sua Criação é resultado da luta de resistência contra a expropriação da terra e a devastação da floresta, desenvolvidas por esse segmento de trabalhadores extrativistas, através dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais - STRs, especialmente o STR de Xapurí que tinha como presidente Chico Mendes.

Além dos seringueiros e coletores de castanhas estão representados: trabalhadores agroextrativistas, açaizeiros, cupuaçueiros, quebradeiras de coco babaçu, balateiros, piaçabeiros, integrantes de projetos agroflorestais, ribeirinhos, extratores de óleos e plantas medicinais, distribuídos em oito Estados da Região Amazônica.

Uma das metas, a curto prazo, da Aliança é fazer um trabalho articulado a nível internacional, no que se refere ao papel das florestas tropicais na mudança climática, na conservação da biodiversidade e no combate à pobreza”.





Fonte: KaxiAna

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