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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sexta - 05 de Janeiro de 2007 às 07:35

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Levaram um ano e oito meses as negociações sobre o preço com que a droga Avastin chegará ao mercado brasileiro, num processo que normalmente duraria 90 dias. Mas, finalmente, a partir de abril, os pacientes não precisarão mais importar o bevacizumabe, nome comercial do medicamento da nova geração para o tratamento do câncer de colo-retal (quarto de maior incidência no País).

Aprovado em maio de 2005 para ser vendido no Brasil, só agora a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabeleceu os preços do remédio: R$ 4.217,05 para a ampola de 400 mg e R$ 1.089,14 para a de 100 mg.

Esses valores foram estabelecidos a partir da consulta nos países em que o Avastin tem aprovação. O resultado igualou os preços aos de Itália e Suíça, por exemplo, os mais baixos do mundo.

Hoje, o Avastin só pode ser comprado nas importadoras e pode custar mais de R$ 10 mil.A previsão de que estará nas farmácias brasileiras em abril é do fabricante, o laboratório Roche.

A demora na liberação do preço do Avastin é explicada pela Roche como um problema de classificação do medicamento no Brasil. “O que tornou esse caso demorado foi nossa compreensão diferente da dos técnicos da CMED”, diz João Carlos Ferreira, diretor de Operações Comercias do laboratório. Ele explica que o preço que chegou a ser definido, cerca de R$ 300, não cobriria os custos da produção e importação da droga. “O que faltava era uma evidência científica, dentro dos padrões da legislação nacional, que autorizasse esse preço.”

O prazo para a fixação de preço desse tipo de medicamento não pode ultrapassar 90 dias. O diretor-executivo da CMED, Luis Milton Veloso Costa, explica que, na verdade, esse período não foi excedido, porque a cada pedido de revisão, feito pela empresa, ou de complementação de documentos, pela CMED, o prazo era interrompido e retomado dali.

Tumor cercado

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 25 mil novos casos câncer de colo-retal ocorreram no Brasil em 2006. O bevacizumabe é apontado por especialistas como um grande avanço no combate a esse tipo de tumor.

A droga, um anticorpo monoclonal, é administrada em pacientes com tumores em estágio avançado que necessitam de quimioterapia. Ela age sobre uma proteína chamada VEGF, inibindo a formação de vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição e oxigenação do tumor, processo chamado de angiogênese. O resultado é a morte dessas células, por falta de nutrição.

Para os especialistas, esse é um medicamento inovador com resultados promissores. Aprovado em pelo menos 50 países, ele prolonga a sobrevida dos pacientes em aproximadamente cinco meses. “Nenhuma célula cancerosa sobrevive se estiver a uma distância maior de 2 milímetros de um vaso sanguíneo”, explica o oncologista Paulo Hoff, do Hospital Sírio-Libanês. Ele é um dos autores de uma pesquisa internacional com pacientes que tiveram diferentes tumores removidos e se submetem ao tratamento com Avastin para evitar o reaparecimento da doença.

Nos Estados Unidos e em vários países da Europa, o medicamento já é aprovada para o tratamento de outros tumores, como câncer de pulmão.

“É muito provável que o tratamento da maior parte dos tumores tenha algum tipo de benefício”, diz Hoff. “É uma droga tão inovadora que já existem outras em estudo que seguem o mesmo paradigma.”

A oncologista Angelita Gama reconhece o avanço mas faz uma ressalva. “Os médicos devem receitar apenas quando houver todas as indicações, para evitar gastos desnecessários”, diz.





Fonte: AE

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