Mulher relata surras, estupros e ameaças praticadas pelo marido

Márcia e o marido saíram da cidade natal e vieram para Cuiabá. Longe de parentes, ela conta que a situação piorou. Nos primeiros anos, eram só agressões verbais, humilhações em público, sacolejos. Com o passar dos anos, já faziam parte da rotina empurrões, socos e pontapés, pancadas com ripa de madeira, cinto e qualquer objeto que tivesse na frente, já faziam parte da rotina. "Uma vez ele cortou minha cabeça e nádega com um espeto". Na cama, o marido introduzia objetos na vagina e anus de Márcia, revelando-se perverso. Dessas práticas agressivas, ela herdou dores intermitentes que ainda hoje a atormentam. Ele também torcia os seios dela, como quem quisesse arrancá-los com as mãos. Chegou a queimar um dos peitos dela com ferro elétrico. Diante desta situação, ela perdeu qualquer possibilidade de prazer.

Mediante as negativas dela para transar, ele a amarrava e a estuprava. "Aos gritos eu tentava dizer não". Aos 5 meses de gravidez, Márcia, à revelia da barriga, sofreu uma sessão de maus-tratos depois da qual a gravidez tornou-se de risco. O bebê nasceu de 8 meses.

Nos quatro meses que antecederam a decisão dela de enfrentar o problema, as surras estavam sendo diárias. Não queria se vestir, pentear o cabelo e escovar dentes, lavar, passar, cozinhar, comer. Chegou a emagrecer 10 quilos em 2 meses. O marido permitiu que ela fosse ao médico, mas a orientou a dizer que tinha discutido com a mãe.

Márcia suspeitou que a médica não ia mesmo acreditar naquela invenção. "Então, tirei forças não sei de onde e contei tudo. Ela me perguntou se eu queria ajuda e eu disse que sim porque já não estava mais aguentando e porque senão ele ia acabar me matando".

No mesmo dia, além de buscar a filha de Márcia, que havia ficado com uma conhecida, ela recebeu atendimento por equipe multidisciplinar e continua sendo acompanhada.

O ex-marido dela está preso e responde por estupro, agressão física e psicológica.