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Quarta - 10 de Maio de 2006 às 07:59

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Frustrante. Essa foi a sensação descrita por quatro dos cinco senadores que questionaram João Arcanjo Ribeiro, 55, ontem, com relação ao assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT), explorações de bingos, máquinas caça-níqueis e sobre doações para campanhas eleitorais entre 1998 e 2002.

Integrantes da CPI dos Bingos vieram a Cuiabá na expectativa de que Arcanjo delatasse políticos e empresários ou que revelasse minúcias sobre o esquema de coleta de dinheiro para financiamento de campanhas políticas envolvendo o transporte coletivo no ABC paulista, que culminou com a morte de Celso Daniel.

Os senadores Romeu Tuma (PFL/SP), Juvêncio da Fonseca (PMDB/MS), Sibá Machado (PT/AC), Wellington Salgado (PMDB/MG) e o senador Antero Paes de Barros (PSDB) deixaram a sala de interrogatório com a convicção de que o ex-policial civil conseguiu o "milagre da multiplicação", já que alegou ter enriquecido de maneira lícita, sem nunca pagar propina a autoridades ou sonegar impostos. A fortuna dele é estimada em R$ 1,2 bilhão.

Arcanjo, por quase duas horas, ratificou aos senadores tudo o que havia dito à imprensa há oito dias. Que ele não sabe detalhes das operações realizadas por suas factorings, não fez doações pessoais para campanhas e enriqueceu porque comercializou muito ouro durante a década de 80.

Mais uma vez confirmou que explorou o jogo do bicho por quase 30 anos e que as factorings faziam empréstimos, o que é proibido por lei.

Negou conhecer Celso Daniel ou pessoas ligadas ao setor do transporte coletivo em São Paulo e ser dono de empresas de exploração de bingos eletrônicos. Declarou que a Assembléia Legislativa pegou dinheiro em operações e que sabia que isso ela não poderia fazer. Nilson Teixeira, o administrador das factorings, é quem tinha autonomia para realizar as transações financeiras.

Sobre as operações com o Legislativo, o senador Romeu Tuma defendeu rigor nas investigações que estão sendo realizadas pela Polícia Federal.

Por quase duas horas Arcanjo falou aos senadores, apesar de ter conseguido um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantia o direito de permanecer calado. Ele não se recusou a responder nenhuma das cerca de 60 perguntas que lhe foram feitas. Ponderado, não elevou a voz em nenhum momento. O advogado dele, Zaid Arbid, permaneceu ao lado do cliente durante toda a oitiva.

O senador Antero Paes de Barros, citado por Arcanjo durante a entrevista coletiva com a imprensa como sendo um político que tentou viabilizar verbas para campanha eleitoral, se manifestou durante a sessão. O tucano confirmou que o Comitê Único de Orçamento do PSDB, em 2002, efetuou operações de fomento junto a factoring de Arcanjo. Segundo ele, não houve troca de cheques e as operações foram aprovadas tanto pela Justiça Federal como pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT).





Fonte: A Gazeta

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