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Repórter News - reporternews.com.br
Polícia Brasil
Sábado - 06 de Maio de 2006 às 08:12

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As gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal no decorrer das investigações da Operação Sanguessuga revelam conversas que citam parlamentares de Mato Grosso. Uma delas envolve os empresários Luiz Antônio Trevisan Vedoin, considerado um dos cabeças da organização, e Ronildo Pereira Medeiros, responsável pelo fornecimento de equipamentos médicos para as compras fraudadas. O diálogo cita o deputado federal Welinton Fagundes (PL).

Na conversa, gravada no dia 26 de dezembro do ano passado, Luiz Antônio e Ronildo falam sobre o suposto pagamento de propina ao prefeito de Juara Oscar Martins Bezerra (PSB). Os interlocutores comentam que o prefeito teria pedido 20% para repassar ao parlamentar. Pede que a primeira parcela seja paga até 30 de janeiro.

"Acho que ele está dando 10 ou 15 e ficando com 5", especula Ronildo. “Claro que está”, responde Luiz, segundo transcrição retirada do inquérito federal.

Segundo o delegado federal Tardelli Boaventura, fazendo-se a conta chega-se a um resultado “que estarrece”: dos 365 mil empenhados, 73 mil ficariam com o prefeito e R$ 40 mil com os sócios.

Ouvido pela reportagem ontem à noite, Welinton Fagundes garantiu que não elaborou nenhuma emenda para o município de Juara. “Eu estou afirmando que não fiz nenhuma emenda para aquele município”, informou. “Digo isso porque se, mais tarde aparecer alguma coisa, vocês podem me cobrar”.

O deputado acredita que a citação de seu nome e o do prefeito talvez seja estratégia dos integrantes do grupo para elevar seus ganhos. “Eles podem estar jogando. Estão negociando entre eles. Acho que um está ‘vendendo’ o prefeito sem que ele saiba, para conseguir ganhar mais”.

Em sua defesa, Welinton cita outro trecho das gravações em que aparece seu nome. Trata-se de um diálogo da servidora Maria da Penha Lino e seu marido Noriaque José de Magalhães. Ambos estão presos. “Ele (Welligton Fagundes) está se metendo onde não é chamado. Se é para ajudar algum deputado, vamos ajudar o Pedro Henry. O Wellington nunca ajudou em p... nenhuma”.

As gravações envolveram mais pessoas de Mato Grosso. Em outra, José Wagner dos Santos, irmão de José Aparecido dos Santos, presidente da AMM, relata a recomendação dada a um prefeito para que não comprasse com a Planam, a empresa acusada de liderar o esquema. “A Polícia Federal está quase prendendo eles”, disse Wagner, referindo-se ao comentário feito ao prefeito. Segundo ele, o objetivo de tal comentário é “queimar” a Planam para favorecer uma empresa do Paraná.

O deputado afastado Lino Rossi (PP) também foi gravado pela Polícia Federal, conversando com Maria da Penha Lino. Na conversa, Lino Rossi diz a Penha, como é chamada, que efetuou “o pagamento da dívida”. Segundo o delegado, a dívida deveria se referir ao pagamento da confecção do pré-projeto.

Na mesma ligação, o deputado afirma que Maria da Penha e seu marido Noriaque Magalhães formam uma “grande parceria”. O relatório conclui que o a afirmação corrobora os indícios de que Noriaque trabalha na preparação dos pré-projetos e Maria da Penha age nos bastidores do Ministério da Saúde para aprovar ou agilizar a análise dos convênios, direcionados para licitações. Ao fim da conversa, o deputado diz que vai enviar alguns peixes para Maria da Penha, “apesar da Piracema”.

Em nota oficial divulgada anteontem, Lino Rossi confirmou ter destinado emendas de sua autoria para aquisição de ambulâncias com o objetivo de atender o pleito de prefeitos mato-grossenses em seu primeiro mandato (1999 a 2002).

“A partir do momento em que o deputado oficializou ao Ministério da Saúde a destinação de suas emendas naquele órgão, se finalizou a sua responsabilidade na liberação das mesmas; Lino Rossi ressalta que ser investigado não é ser culpado”, diz a nota.

O deputado Pedro Henry afirmou que não é surpresa o nome dele estar na lista dos que apresentaram emendas para aquisição de ambulâncias porque em 2002 toda a bancada de Mato Grosso na Câmara Federal trabalhou para auxiliar as prefeituras.





Fonte: Diário de Cuiabá

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