Situação não afetou o emocional

A vida que João Arcanjo leva no presídio Pascoal Ramos, com restrição a visitas e à saída da cela de aproximadamente 16 metros quadrados, não parece afetar seu estado emocional. Pelo menos é o que ele declarou ao longo da entrevista concedida ontem à imprensa mato-grossense. Seu principal passa-tempo, disse, é a leitura, com preferência pela Bíblia. “Leio a Bíblia todos os dias, dentre outros livros, que já li e reli”.

Quanto à possibilidade de se sentir deprimido ou desesperado pela condição imposta, que pode ainda piorar se a Justiça conceder o pedido feito pela Secretaria de Segurança para que entre no Regime Disciplinar Diferenciado – restringindo ainda mais o acesso a visitas -, garante que isso não passa pela sua cabeça. “Eu conheço Deus, não conheço depressão. E estou buscando a verdade”.

Hoje, o bicheiro não tem disponível nenhum tipo de aparelho eletrodoméstico, a não ser um ventilador. Seu acesso à informação se dá apenas através das revistas que seu advogado e familiares levam a ele na hora da visita. Também é obrigado a manter a higiene de sua cela e lavar o uniforme que usa no presídio. As pessoas com quem conversa, nos mais de 50 dias que está de volta a Mato Grosso, são seus familiares – filha, neta e genro que o visitam – e seu advogado. Até com os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que fazem sua guarda durante 24 horas, está impedido de conversar. Fala apenas o necessário.

Quando sair do Pascoal Ramos, Arcanjo diz que voltará a morar em sua residência, no bairro Boa Esperança, e que espera retomar inclusive suas atividades empresariais. Também afirma não querer sair de Cuiabá para viver no Uruguai ou nos Estados Unidos, onde ainda tem familiares e negócios. “Tenho certeza que vou retomar minha vida de antes. Terei meus negócios de volta, minha vida de volta”. Ao final da entrevista, Arcanjo se definiu como um empresário do povo.