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Polícia Brasil
Terça - 28 de Fevereiro de 2006 às 13:51

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O Comitê de Luta pelo Transporte Público emite nota de repúdio contra a PM e a prefeitura de Cuiabá pelo excesso de violência utilizado pela tropa de choque para reprimir estudantes e trabalhadores que protestaram na sexta, 24 de fevereiro, em frente a Secretaria de Transportes de Cuiabá, pelo fim da restrição de linhas de ônibus do passe livre e pela redução da tarifa.

Vários manifestantes foram agredidos com gás de pimenta e cassetetes. Um estudante e uma professora foram presos . Cerca de 100 pessoas participaram do protesto. Representantes do MST e do Movimento Cívico de Combate à Corrupção também estiveram presentes no manifesto.

Abaixo, a nota de repúdio.

NOTA DE REPÚDIO À PM E À PREFEITURA DE CUIABÁ

Na sexta-feira, dia 24 de fevereiro de 2006, Cuiabá foi palco de mais uma ação violenta efetuada pela Polícia Militar e pela prefeitura contra estudantes e trabalhadores.

Cerca de cem pessoas protestavam em frente à Superintendência Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU) pelo fim da restrição de linhas de ônibus do passe livre e pela redução da tarifa (que está em R$ 1,60), inclusive representantes do MST, CUT, do Sindicato dos Trabalhadores na Educação e do Movimento Cívico de Combate à Corrupção.

O objetivo do ato público, coordenado pelo Comitê de Luta pelo Transporte Público (CLTP), era entrar em conjunto na SMTU e expor de forma direta as reivindicações ao novo secretário de Transportes, Oscar Soares, que estava sendo empossado, e pressionar o prefeito da capital, Wilson Santos, a atender a exigência popular de redução do valor da tarifa.

No entanto, a tropa de choque da PM (Rotam) foi solicitada pela prefeitura para enxotar os manifestantes, e daí procedeu de forma descontrolada. Espancou estudantes e trabalhadores e jogou gás de pimenta na cara dos manifestantes, expulsou-os da SMTU e ainda por cima prendeu uma professora e um estudante menor de idade. A professora Andreza Moraes foi duramente agredida pelos militares: levou uma rasteira, foi arrastada pelo chão e recebeu golpes de cassetete.

Esse foi mais um ato de violência praticado contra um movimento legítimo da sociedade civil organizada que luta com garra por dignidade e cidadania no transporte coletivo. Essa atitude merece ser repudiada com veemência. A truculência demonstra principalmente o despreparo e a incapacidade da prefeitura de Cuiabá em dialogar com a popular indignada com os desmandos do setor.

O prefeito Wilson Santos é maior símbolo da intransigência em atender às reivindicações populares em Cuiabá. Sua postura é violenta. O prefeito evita o contato direto com os manifestantes, manda a PM bater e jogar gás de pimenta em estudante e trabalhador para dispersar protesto e depois vem a público com cinismo alegar que está aberto ao diálogo, porém com a única intenção de agir com demagogia e populismo.

Além de reprimir movimentos sociais, o prefeito Wilson Santos comporta-se como advogado dos empresários do transporte, pois diante de todos os problemas do setor, mantém a idéia de aumentar a tarifa, mesmo com a CPI do Transporte do Transporte da Câmara de Vereadores de Cuiabá tendo apontado que a tarifa deveria ser hoje de R$ 0,81, que 74% da frota está sucateada, que os empresários devem mais de R$ 138 milhões ao poder público e que a prefeitura não deve nada às firmas de transporte em relação ao passe livre.

Um motivo a mais para exigir a redução da tarifa é a constatação de que 32% dos habitantes de Cuiabá e Várzea Grande não têm dinheiro para andar de ônibus, segundo levantamento de dados da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Isso significa que mais de 200 mil pessoas são excluídas do transporte coletivo.

Portanto, o Comitê de Luta pelo Transporte Público não vai se intimidar com a repressão da prefeitura de Cuiabá e continuará defendendo os interesses dos estudantes e trabalhadores.

R$ 1,60 JÁ É ROUBO. REDUÇÃO JÁ!

Comitê de Luta pelo Transporte Público





Fonte: Olhar Direto

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