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Economia
Sábado - 29 de Dezembro de 2012 às 15:39
Por: Darlan Alvarenga

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A participação de investidores estrangeiros em fusões e aquisições no Brasil cresceu de 37% em 2011 para 43% em 2012, aponta pesquisa da Price WaterhouseCoopers (PwC). Levantamento da consultoria mostra que no acumulado do ano, até o dia 15 de dezembro, foram anunciadas 730 transações envolvendo empresas com operações no país, o que deverá garantir a manutenção do patamar de negócios registrados em 2011, quando foram identificadas 751 fusões e aquisições.

"A participação do capital estrangeiro aumenta a cada ano, tanto para investidores estratégicos como os de private equity, e o crescimento em um ano de crise internacional só vem reforçar a atual atratividade do país"
Alexandre Pierantoni, sócio da Pwc Brasil

“Dezembro é um mês em que tradicionalmente há uma corrida por fechamentos de negócios. Podemos até superar, mas devemos ficar no mesmo patamar do ano passado, o que é excelente dentro do contexto global e em um ano que tivemos eleições nos Estados Unidos, indefinição na Europa e desaceleração na China", avalia Alexandre Pierantoni, sócio da Pwc Brasil.

O recorde na série histórica do levantamento, iniciada em 2002, foi registrado em 2010, quando foram anunciadas 799 fusões e aquisições.

No mês de dezembro já foram anunciadas ao menos 20 transações, segundo a PwC. Entre elas, destacam-se a compra da divisão brasileira de fertilizantes da Bunge pela norueguesa Yara International por US$ 750 milhões e a venda de ativos da Biosev para a São Martinho por R$ 200 milhões.

"A participação do capital estrangeiro aumenta a cada ano, tanto de investidores estratégicos como os de private equity, e o crescimento em um ano de crise internacional só vem reforçar a atual atratividade do país", destaca Pierantoni.

Segundo a PwC, a maior participação de estrangeiros até então tinha sido registrada em 2010, quando 40% das transações anunciadas tiveram capital do exterior. Em 2009, a fatia foi de 36%. "Em 2008, no auge da crise, a participação do investidor estrangeiro foi de 27%. Ela vem crescendo e a tendência é de um equilíbrio cada vez maior", diz o especialista em fusões e aquisições.

A pedido do G1, a PwC listou as 10 maiores transações anunciadas neste ano até o início de dezembro envolvendo empresas com operações no Brasil. A classificação considerou apenas os negócios com valores divulgados publicamente.

A maior transação identificada pela PwC foi a compra do Grupo Modelo, maior cervejaria mexicana, pela belgo-brasileira AB Inbev, empresa da qual a Ambev faz parte, em um negócio de US$ 20,1 bilhões.
 

Confira abaixo os pricipais negócios anunciados no ano no Brasil:

   10 MAIORES TRANSAÇÕES ANUNCIADAS EM 2012 ENVOLVENDO EMPRESAS NO BRASIL
data comprador vendedor valor setor descrição
29/06


 
Anheuser-Busch InBev SA Grupo Modelo SAB de CV US$ 21 bilhões cerveja, chope e malte Híbrida belgo-brasileira AB Inbev adquiriu a metade restante do grupo mexicano Modelo, fabricante da cerveja Corona (saiba mais)
06/02
 
Invepar Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A. / ACSA - Airport Company South Africa SOC Limited governo federal US$ 9,40 bilhões aeroportos Consórcio formado por Invepar e sul-africana ACSA venceu leilão da concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos (saiba mais)
23/10 UnitedHealth Group, Inc. Amil Participações SA US$ 4,93 bilhões serviços de saúde Gigante norte-americana do segmento de saúde comprou participação equivalente a 90% na brasileira (saiba mais)
 
08/08 BTG Pactual, Aldo Floris, EIG Global Energy Partners, Previ e investidores Sete Brasil Participações SA US$ 2,713 bilhões administração e participação Administradora de carteiras de portfólios de ativos na área de petróleo e gás recebeu aporte de múltiplos investidores, totalizando R$ 5,5 bilhões
 
15/02 Kellogg Company Protector & Gamble US$ 2,69 bilhões alimentos Multinacional americana com fábrica no Brasil anunciou acordo para adquirir a batata Pringles ** (saiba mais)
 
06/02 Consórcio Inframérica (Infravix Participações / Corporação América) governo federal US$ 2,6 bilhões aeroportos Consórcio formado por Infravix, controlada da Engevix, e pela holding argentina Corporação América venceu o leilão de concessão do Aeroporto de Brasília (saiba mais)
 
06/02 Triunfo Participações e Investimentos S.A., Egis Airport Operation  e UTC Participações S.A.
 
governo federal US$ 2,215 bilhões aeroportos TPI, em parceria com a Egis Airport Operation e UTC, apresentou a melhor oferta no leilão de concessão do aeroporto Viracopos, em Campinhas (saiba mais)
 
27/03 Mubadala Development Company Grupo EBX US$ 2 bilhões petróleo, gás e derivados Eike Batista fechou acordo para vender fatia de 5,63% do grupo EBX para o fundo soberano do governo de Abu-Dhabi (saiba mais)
20/06 Intercement Brasil S/A, subsidiária da Camargo Corrêa Cimpor - Indústria De Cimentos S.A. US$ 1,87 bilhão cimento e cal Através de uma oferta pública de aquisição, a subsidiária da Camargo Corrêa adquiriu fatia de 94,81% do capital da portuguesa Cimpor (saiba mais)
03/05 Cosan S.A. - Indústria e Comércio BG Gas São Paulo Investments B.V. US$ 1,8 bilhão Água, esgoto; gás e saneamento Cosan fechou acordo para a aquisição de 60,1% da distribuidora de gás paulista Comgás (saiba mais)
 
* A classificação abrange apenas transações com valores divulgados publicamente.
** A transação foi inclusa no levantamento pela possibilidade de impactos nas operações da empresa no Brasil.
Fonte: PwC

 

 


Em segundo lugar, ficou o arremate da concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos pelo consórcio Invepar (composto pela Invepar Investimentos e Participações e Infraestrutura, com participação de 90%, e operadora sul-africana ACSA, com 10%), por R$ 16,213 bilhões, o equivalente a US$ 9,4 bilhões, com ágio de 373,5% sobre o valor mínimo estabelecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Os arremates dos aeroportos de Brasília e Campinas também entraram na lista, ficando na 6ª e 7ª posição, respectivamente.

O terceiro maior negócio do ano, segundo o levantamento, foi a compra da controladora da Amil pela americana UnitedHealth por R$ 6,49 bilhões.

Divisão por setores
Na divisão por setores, o segmento de tecnologia da informação (TI) liderou o volume de transações no ano, com 13% de participação nas fusões e aquisições. Em segundo lugar, ficou o varejo, com 9%, seguido pelo mercado de serviços auxiliares (8%), categoria que compreende serviços na área de finanças, consultoria, assessoria , serviços legais, marketing entre outros.

Na divisão por tipo de investimento, 58% das transações foram de caráter estratégico (aquisições relacionadas a aumento de produção ou incorporaçao) e 42% do tipo private equity (que costumam ter um período determinado de investimento visando uma venda futura).

Segundo Pierantoni, a participação de investidores de privaty equity no Brasil está num patamar acima da média mundial que gira em torno de 25%. "O mercado de capitais ainda é pouco desenvolvido no país. O Brasil ainda precisa muito desse recurso, que tem representado um papel importante para o crescimento das empresas".

Para 2013, a previsão da PwC é de manutenção do patamar de transações e de atratividade para investidores estrangeiros.

"A atratividade acontece em diversos setores. O Brasil ainda apresenta muitas oportunidades de crescimento e consolidação de empresas via aporte de capital e modernização de governança e gestão, principalmente nos setores relacionados a produtos de consumo e sua cadeia", diz Pierantoni.






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