Pastoral da Terra revela que centenas de famílias vivem sob ameaça em MT

A nova edição do relatório de Direitos Humanos no Brasil aponta que Mato Grosso é um dos estados em que mais ocorrem violações aos direitos humanos no país. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, este ano foram registrados 50 conflitos agrários no estado e 450 famílias foram obrigadas a deixar as áreas em que viviam. Além disso, cerca de 440 famílias vivem sob ameaça de expulsão.

Uma das áreas de maior tensão e onde há conflitos agrários é a gleba Gama, no município de Nova Guarita, no norte de Mato Grosso. Lá vivem 400 famílias. No mês passado, dois trabalhadores rurais foram assassinados e, de acordo com a polícia, a causa das mortes teria sido uma disputa de terras.

O relatório de Direitos Humanos no Brasil destaca as ocorrências de trabalho escravo e conflitos agrários em Mato Grosso. O coordenador da Pastoral da Terra no estado, o filósofo João Buzatto, é crítico das iniciativas do poder público que, na opinião dele, pouco acrescentam na busca por justiça no campo.

"Primeiro tem que acabar com a impunidade. Pessoas que detém trabalhadores em regime de escravidão, pessoas que grilam terras públicas, têm que ser punidas. Em segundo lugar, tem que ser feita uma reforma agrária ágil, rápida", disse Buzatto.

O vice-presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, Teobaldo Witter, defende formas de inclusão social para diminuir os conflitos. Ele argumenta que o rito de passagem do atual quadro de abusos e violações passa pelo quadro negro das escolas. "É a educação em direitos humanos. Com isso, a população poderá buscar seus direitos e se aproximar dos espaços institucionais que são o Ministério Público e a Defensoria Pública", frisou Witter.

Segundo o Ministério do Trabalho, em 2005 foram libertados 1.030 trabalhadores em operações realizadas em Mato Grosso. Mil deles trabalhavam em uma destilaria em Confresa. Depois da operação, 380 foram registrados. As multas aplicadas chegaram a R$ 1,5 milhão.