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Cidades/Geral
Domingo - 27 de Novembro de 2005 às 12:15
Por: Adilson Rosa

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O município de Sorriso (localizado 420 quilômetros ao norte de Cuiabá) pode estar vivendo uma onda de homofobia em razão do grande número de travestis que chegaram a atuar na cidade. De 25 que faziam ponto na BR-163 há três anos, a maioria abandonou a cidade, uma pequena parte foi assassinada e hoje apenas três resistem. Mesmo assim temendo que algo pior lhe aconteça.

Até o mês passado, eram quatro: Werlen Queiroz Pinho, o “Sandra”, foi executado a pauladas. As explicações para o sumiço dos travestis pode ser traduzido pela violência que os atingiu paulatinamente e por uma homofobia fantasiada de ação policial a favor dos bons costumes.

A homofobia se intensificou no ano passado, explica um dos travestis que ainda resiste em trabalhar na cidade, em conseqüência de uma entrevista de alguns colegas numa emissora de TV local. Eles chegaram praticamente a citar o nome de seus clientes, o que revoltou muita gente na cidade.

“A partir daí, não tivemos mais sossego. Não pudemos trabalhar em paz. Mas nessa época, não tínhamos mais 25 trabalhando por aqui. Já era metade. E isso contribuiu para que o número diminuísse mais ainda”, disse um travesti que não quis se identificar.

Ele acrescentou que não houve apenas violência, mas os travestis ficaram impedidos de trabalhar. Assim que chegavam aos pontos, eram detidos. “Ficávamos detidos a noite toda, justamente no horário em que encontrávamos os clientes. Não adiantava nada ser liberado de manhã”, reclamou.

De acordo com o travesti, a outra metade tinha sumido de Sorriso por causa do medo da violência em conseqüência da aversão aos homossexuais. Desde 2003, três homossexuais - dois deles travestis – foram executados a tiros ou pauladas. Um terceiro está desaparecido desde essa época. Há dois anos, o travesti Fernanda acabou baleado no abdome, de raspão. Para evitar o preconceito, ela não foi medicada em hospitais da cidade.

A tentativa de homicídio ocorreu no pátio de um posto de combustível, onde o proprietário não aceitava o fato de travestis fazerem ponto lá. “Havia uns oito. O dono não queria de jeito algum que trabalhássemos naquele local. Uma certa noite ouvimos vários tiros. Em seguida vimos a Fernanda baleada”, disse um travesti.

Carol, que fazia ponto num posto de combustível na região da BR-163, foi perfurada nas nádegas. “Este caso estamos investigando porque chegou ao nosso conhecimento. A princípio, seria um desentendimento entre o travesti e o cliente”, explicou o delegado Ênio Carlos de Lacerda.

Com uma população de cerca de 60 mil habitantes e um crescimento na faixa de 10% nos últimos anos, Sorriso é considerada terra de oportunidades. Segundo um levantamento realizado pelo grupo Livre Mente (que defende o direito dos GLSBtran), a cidade comporta o maior número de homossexuais no Estado, perdendo apenas para a Grande Cuiabá e Rondonópolis.

Segundo um travesti, a clientela é composta de caminhoneiros e principalmente moradores da cidade. No auge dos travestis, os pontos principais para se encontra um era na BR 163 no trevo de acesso à MT 142. “A noite fervilhava”, completou um travesti.




Fonte: Diário de Cuiabá

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