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Terça - 15 de Novembro de 2005 às 10:40
Por: Patricia Neves

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O sitiante Divino Gomes Roberto, 38, preso pelo atropelamento e morte da menina Karine Ribeiro Campos, 9, é investigado pela Polícia Federal desde 2002 acusado de aplicar um golpe que beira os R$ 2 mi referentes à verbas destinadas pelo programa Banco da Terra à Associação de Produtores Rurais Unidos de Santa Maria (Aprusma).

Pelo menos 360 famílias, que deveriam receber lotes de 30 hectares em um um assentamento a 60 km de Brasnorte, foram lesadas por Divino. As vítimas entregaram documentação, assinaram procurações dando plenos poderes ao presidente da Aprusma e jamais receberam as casas ou viram melhorias na área que teriam direito, já que haviam se cadastrado junto ao projeto de reforma agrária.

No ano de 2003, as famílias foram levadas para o local do assentamento, a fazenda Santa Luzia, onde se alojaram em um barracão. Havia precariedade de alimentos e de água. Sem saber que o dinheiro do programa já havia sido liberado, imaginavam que o presidente da associação agia de forma "beneficente".

"Ele subia em uma caixa e dizia que o dinheiro da comida vinha do bolso dele. O tempo foi passando e as idas dele ao local passaram a diminuir. Então começou a aparecer por lá com carro diferente e chamou a nossa atenção. Depois sumiu. Foi preciso que acontecesse uma tragédia com uma criança para gente chegar até ele. Tem que continuar preso",desabafou o pequeno agricultor Witencler Ribas, 64, que morou por um ano no assentamento, sem a menor infra-estrutura. Ele foi um dos primeiros a denunciar a situação junto à Polícia Federal. Hoje na área existem 70 casas que foram construídas por pessoas que viveram em condições extremamente precárias. Persistentes, hoje pelo menos 10 famílias continuam vivendo no local sem receber nenhuma ajuda da associação.

Paralelamente ao inquérito que corre na PF, a Delegacia do Complexo do Coxipó vai abrir procedimento de investigação por crime de estelionato contra Divino. Na sexta-feira Aurelina Maria das Neves, 60, o denunciou à Polícia Civil.

Na manhã de ontem um grupo de vítimas foi até a Superintendência da Polícia Federal (PF) cobrar agilidade nas investigações.

O trabalhador Antônio Ferreira denunciou Divino na Justiça do Trabalho. "Como meu pai não podia se associar porque tinha um problema no CPF, foi pra lá e trabalhou de graça, nunca recebeu um único centavo. Meus irmãos é que tiveram de ir lá para trazer ele de volta", contou Wesley Fernandes.

Divino Gomes Roberto não pôde ser ouvido pela reportagem, já que se encontra preso na cela 21, ala E, do Centro de Ressocialização de Cuiabá (antigo Carumbé) pelo crime de homicídio culposo.

Ele somente vai poder deixar a prisão após o pagamento de R$ 15 mil de finança. A reportagem não conseguiu obter contato com a família de Divino através da lista telefônica. Houve a tentativa de encontrar a filha dele, Adriana Reis Roberto, mas também não conseguiu encontrá-la.




Fonte: A Gazeta

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