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Cidades/Geral
Terça - 19 de Abril de 2005 às 15:40
Por: Norma Nery

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Rio - O líder indígena Marcos Terena afirmou hoje que a Fundação Nacional do Índio (Funai) não deve ser extinta ou enfraquecida porque é um órgão importante do governo Federal. Ele defendeu o fortalecimento da entidade e a criação de uma coordenação central, como o Ministério de Assuntos Indígenas ou uma secretaria de governo, para acabar com a disputa que, na sua opinião, ocorre entre a Funai e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) sobre questões de direitos à saúde e à educação, que não é gerencialmente saudável.

Terena explicou em entrevista ao programa Manhã Nacional da Rádio Nacional do Rio de Janeiro que a coordenação faria uma política indígena "pra valer" quanto à demarcação de terra, que não ficaria só na entrega do decreto de homologação. Na sua opinião, "o índio precisa de um treinamento para gerir o seu território após a demarcação, já que a bandeira de luta não é só pela terra, mas como o índio deve usufruir do bem".

Para ele, essa gestão não deve ser à maneira antiga, por meio da caça e da pesca, mas dos recursos naturais, como o caso dos Cinta-Larga, e evitar a depredação do patrimônio ecológico e da biodiversidade, "que no fundo beneficia não só o índio, mas também todo o país", garantiu.

Para Terena, o Dia do Índio deve ser lembrando, porque o índio quer fazer parte do dia-a-dia da sociedade, do próprio futuro do país e não ficar só como incapaz ou vítima de um processo de desenvolvimento. Segundo ele, o movimento indígena cresceu nos últimos anos por meio de lideranças como Mário Juruna, que foi o único deputado federal do povo indígena. "Foi importante porque pudemos apresentar nossas reivindicações, como construir uma nova forma de relação com o governo, que tem um olhar crítico, principalmente em relação ao governo Lula, mas também de querer participar de um novo processo de fortalecimento de uma política indígena, que ainda não se apresentou.

O articulador da causa indígena disse ainda que em algumas aldeias não se fala o português e fica difícil tratar essa gente à distância, e que muitos se tornam notícia porque crianças morrem, lutam pela demarcação de terra, obstruindo estradas ou invadindo a Funai. "Queremos politicamente estar dentro da Funai para ajudar a construir esse processo". Na opinião de Terena, a Funai não deve ser só burocrática, mas atuante, respeitada e forte para impedir que algumas tribos se tornem alvos fáceis da biopirataria, roubo de madeira e do garimpo.





Fonte: Agência Brasil

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