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Terça - 19 de Abril de 2005 às 10:21

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Todo ano se repete: mais uma vez, milhares de crianças em idade escolar retornam hoje - Dia do Índio - para suas casas com alguma pintura no rosto ou um cocarzinho de cartolina, papel jornal ou pena sintética e muitas vezes seguem os rituais dos livros didáticos que abordam apenas duas ou três etnias, e muitos ainda afirmam que os índios são todos iguais.

Visando mudar o rumo dessas comemorações e lembrar a todos que a cultura indígena pode e deve ser estudada e lembrada ao longo de todo o ano não somente nesta semana, expecificamente no Dia Nacional do Índio – 19 de Abril, e principalmente propagar o processo de interação que deve haver entre a comunidade índia e não-índia a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) unidade de Tangará da Serra, realiza uma Exposição com dados e informações sobre a cultura indígena de Tangará da Serra e região.

De acordo com a chefe da seção de educação da unidade local da Funai, Ivanilde Bezerra do Nascimento o local foi preparado para receber não somente a classe estudantil do município como também toda a comunidade tangaraense que deseja conhecer um pouco mais sobre o dia-a-dia da cultura indígena. Está sendo exposto um material das quatro etnias que fazem parte da jurisdição da Funai tangaraense, que é a etnia Paresi, Nambiquara, Myky e Irantxe.

“Além de fotos com rituais apresentados pelos índios em suas aldeias e o dia-a-dia dos índios, os visitantes podem conferir o artesanato, material de trabalho dos índios, comidas e bebidas típicas, como o xixa de arroz e biju, além é claro de assistir todas essas exposições feitas pelos próprios alunos indígenas que estão vestidos de forma tradicional, e apresentações culturais”, afirmou Ivanilde. A exposição teve início na tarde de ontem na sede da Funai, e tem seqüência hoje e amanhã durante todo o dia.

Segundo Ivanilde, outra proposta desta exposição é centralizar as ações alusivas ao Dia do Índio, ao invés deles irem até algumas escolas, se torna mais fácil as escolas se deslocarem até a Funai. Neste caso, os visitantes podem aproveitar também para conhecerem a Biblioteca Indígena, que tem um vasto acervo bibliográfico sobre a cultura indígena da região. Hoje vale destacar que existem aproximadamente 200 alunos índios que se deslocam das aldeias para continuar seus estudos na cidade, e aproximadamente 400 continuam nas aldeias.

Para o índio Cecílio Kezokemai, que cursa o 3° ano do ensino médio na Escola Estadual 29 de Novembro, essa exposição é válida porque é a oportunidade que os índios têm para mostrar ao público um pouco mais sobre a cultura, hábitos e costumes, e o principal valor do índio. “Nós somos discriminados porque somos diferentes dos brancos. Essa diferença é de apenas em termos cultural, costumes, e hábitos, mas também somos seres humanos”, afirmou. Cecílio disse também que, nos livros de histórias fala-se apenas de um ou dois grupos, em especial Cinta Larga e Guarani, e muitos professores dizem que são todos caníbais, “não é assim, aqui em Tangará nem tem índios da etnia Guarani, então é preciso se atualizar. Esta exposição é justamente uma forma mais acessível para as pessoas conhecerem a cultura indígena tangaraense e região”, destacou.

Uma das reivindicações do estudante Cecílio é que os professores das séries iniciais das aldeias tenham mais acesso a capacitação para trabalhar com os alunos, principalmente no que diz respeito a língua materna, porque muitos são escolhidos para dar aulas, mas não são preparados para isso e os novos alunos correm o risco de aprender a língua materna e isso não pode acontecer.

A data em que se comemora o Dia Nacional do Índio foi instituída no calendário brasileiro em 1943. No entanto, o Dia do Índio, foi definido em 1940, quando, na cidade de Patzcuaro (México), foi organizado o primeiro Congresso Indigenista Interamericano.





Fonte: Diário da Serra Online

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