Amarelinhos multam 61% mais no trânsito

Os agentes municipais de trânsito, conhecidos como "amarelinhos", assinaram 2,8 mil multas (61,43%) a mais do que os policiais militares do Batalhão de Trânsito nos primeiros 90 dias deste ano, em Cuiabá. Entre janeiro e março, as atividades diárias de fiscalização dos 62 agentes pelas ruas e avenidas resultaram em 6.425 notificações. No mesmo período, o Batalhão de Trânsito da PM registrou 3.947 notificações.

Policiais e "amarelinhos" cumprem jornadas de 6 horas, divididos em equipes. Os últimos, no entanto, atuam de forma mais descentralizada em pontos movimentados da Capital. Já a PM combate infrações específicas, como o uso de habilitação falsa e documentos vencidos, mas também contribui com a fiscalização. Alvos constantes de polêmicas e com baixa popularidade, os agentes de trânsito tentam provar que são eficientes e não "fabricantes de multas". Por mês, cada agente recebe R$ 1,4 mil fixos, com possibilidade de chegar a R$ 2,8 mil dependendo do acúmulo de pontos por produtividade.

A lei municipal que estabeleceu o serviço em 2002, detalha os critérios para a pontuação. As multas entram na composição, mas não são as mais "rentáveis", como pensa boa parte da população. A assinatura de um auto de infração gravíssimo rende 15 pontos ao agente. Fazer "hora extra", no entanto, é muito mais "atrativo", segundo a lei. Um plantão fiscal equivale a 250 pontos, o mesmo peso que a participação do agente em "pesquisa semafórica visual".

Um projeto de Lei em trâmite na Câmara Municipal propõe a retirada das notificações dos critérios que definem o aumento do salário dos agentes.



Para o secretário de Trânsito e Transportes Urbanos, Emanuel Pinheiro, a proposta não iria alterar o sistema de trabalho deles, porque não teria impacto muito grande. E o alto índice de notificações seria um reflexo da seriedade com que os "amarelinhos" encaram a função. "Os agentes seguem à risca as normas do Código Brasileiro de Trânsito e devem orientar e punir se houver infrações". Ele, no entanto, admite que as falhas podem existir. "Eles são humanos".