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Agronegócios
Quarta - 06 de Abril de 2005 às 08:00
Por: Mariana Peres

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Há cerca de 50 dias sob chuvas, as lavouras concentradas na região de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá) já apresentam sérios problemas de produtividade. Entre grãos ardidos e podres, a rentabilidade está em média em 40 sacas por hectare (ha), volume bem abaixo das 60 sacas estimadas no início da safra 04/05.

Os grãos que estão deixando de ser colhidos, ou que estão sem qualidade para a comercialização, implicam em um prejuízo de R$ 150 milhões para toda a economia local e avolumam mais de 1 milhão de toneladas (t).

Com a perda de produtividade, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sinop, Antônio Rossani Júnior, estima que os sojicultores estejam arcando com mais um prejuízo, desta vez, de R$ 600/ha.

“Temos um custo de produção de R$ 1,4 mil e com a venda do grão conseguimos apenas R$ 800, a diferença de R$ 600 é nosso prejuízo”, avalia. Ele reitera que pelo menos 20 sacas/ha estão sendo perdidas.

“Existem perdas de 100%. Há casos em que os talhões foram abandonados, houve demora para sua retirada, o que resultou no apodrecimento do grão. Se chove às 11h da manhã, perdemos o dia em função do alto nível de umidade na planta e no solo”, explica Rossani.

Em algumas localidades – altamente produtoras de soja - que fazem parte da grande Sinop, como Ipiranga do Norte, Santa Carmem, Tabaporã e Porto dos Gaúchos, há propriedades com rendimento de apenas 30 sacas/ha, ou 50% abaixo do estimado.

Em Sinop a colheita está atrasada, restando aproximadamente 25% dos 260 mil/ha que formam a região produtora de soja do município. Tradicionalmente, o grão de ciclo mais tardio – o mais afetado neste período de chuvas – é colhido até o final de março, mas nestas circunstâncias, se estende pelo mês de abril, conforme a meteorologia permitir.

SORRISO - O vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso (420 quilômetros ao Norte de Cuiabá), Sadi Beledelli, concorda que as perdas atingem em cheio os produtores que optaram por variedades mais tardias e de ciclos mais longos.

“Mas exatamente em Sorriso, acredito que as perdas ocasionadas pelo excesso de chuvas durante o mês de março contabilizem perdas de 8% a 10% da produção, estimada em cerca de 2 milhões de toneladas”, aposta.

Ele conta que de uma perspectiva de rendimento de 56 a 57 sacas/ha, o sojicultor tem concretizado média de 50, chegando a 52 sacas/ha. “O pico da colheita aconteceu justamente durante o período de chuvas, então ao invés de 3,3 mil ou 3,4 mil quilos por hectare, temos cerca de 3 mil quilos/ha, ou, 50 sacas”, explica.

ARROZ - Na orizicultura os produtores também sentem os prejuízos na safra da cultura. Segundo presidente da Associação dos Produtores de Arroz de Mato Grosso (APA/MT), Ângelo Maronezzi, ainda não é possível contabilizar as perdas para as lavouras.

“Mas estamos com os trabalhos de colheita atrasados, talhões passaram da hora de colher e com as chuvas as plantas ficaram bastante acamadas atrapalhando sua retirada”, explica.

Maronezzi observa que na safra passada nesta mesma época, mais de 95% do arroz havia sido colhido e agora o volume não passa de 70%. “A previsão, se o tempo ajudar, é de terminar somente entre o dia 20 e 25 deste mês”.

MATO GROSSO - De acordo com as estimativas de safra da AgRural, a área plantada com a oleaginosa no Estado é de 5,8 milhões/ha e produção de estimada entre 16,5 milhões/t a 17,5 milhões/t, variando de acordo com a média de produtividade.

Até o final da semana passada, em um levantamento da AgRural, cerca de 60% da área total estava colhida.

O levantamento confirma que os problemas mais sérios com relação ao excesso de chuvas está na região Médio-Norte, que representa quase 40% da safra mato-grossense.




Fonte: Diário de Cuiabá

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