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Cidades/Geral
Sexta - 11 de Março de 2005 às 13:53
Por: Antonio Peres Pacheco

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Na comunidade de Barra do Ribeirão, formada no início do Século XX por lavradores e garimpeiros, a construção das casas de alvenaria está bem adiantada. As casas do Projeto de Revitalização de Comunidades Rurais Tradicionais estão substituindo rapidamente as antigas e precárias moradias construídas com esteios de madeiras do cerrado e palhas de coqueiros babaçu. Das 27 famílias beneficiadas, 25 já estão morando nas casas novas e apenas duas aguardam a conclusão das obras para também se mudarem.

Aos 62 anos, o agricultor Oliveira Marques da Silva, pela primeira vez em sua vida, vai morar em uma casa de tijolos e coberta com telhas de barro. Como um dos mais antigos moradores da comunidade de Barra do Ribeirão “seo” Oliveira foi o primeiro a ser contemplado com uma das casas do projeto Revitalização de Comunidades Rurais Tradicionais, que integra o Programa Nossa Terra, Nossa Gente. “Até a chegada desse projeto aqui, o Governo nunca tinha olhado pra gente. A gente estava abandonado, esquecido. Agora acho que as coisas aqui podem melhorar”, avalia.

Sentado à porta da casa nova ao lado da esposa, “seo” Oliveira relembra sem saudade, como faz questão de ressaltar, os dias de angústia e incerteza que viveu. “Há mais de sete anos nós esperamos que o Governo fizesse alguma coisa pela gente. Muitas vezes fiquei sem esperança, é verdade. Nesse tempo todo a labuta foi dura. Perdi muitas noites de sono pensando no que fazer para garantir pelo menos o recurso para a comida, para não morrer de fome. O trabalho de carpina, derrubada de mato ou concerto de cerca e curral pelas fazendas da região é que dava algum alento. Os filhos foram todos embora, trabalhar e estudar na cidade, aqui não tinha jeito de ganhar a vida mesmo. Hoje é diferente, temos nossa casa, temos essa terrinha que é fraca, mas que, se a gente cuidar do jeito certo, se plantar certo, dá pra tirar o sustento”, conta “seo” Oliveira.

A construção da usina hidrelétrica do rio Manso desalojou os pequenos agricultores da Barra do Ribeirão dos vales, onde as terras eram mais férteis e produtivas. Vários deles acabaram excluídos no processo de reassentamento feito pela Eletronorte. Para estes, o amparou veio do Governo do Estado que, via Intermat, promoveu uma varredura fundiária na região e reassentou as famílias desabrigadas na parte alta da área.

As mudanças fizeram surgir dois problemas que só agora começam a ser resolvidos. A formação do lago da usina alagou a maior parte das veredas e coqueirais nativos de onde os moradores da região retiravam a palha para a reforma de suas casas e colhiam frutos de buriti e de babaçu, fontes complementares de sua renda. Por sua vez, o assentamento nas terras altas levou à inutilidade o conhecimento popular de produção em áreas de vazante. Sem conhecimento, sem tecnologia e sem apoio técnico, os pequenos agricultores não conseguem fazer a terra do serrado produzir em sua plena capacidade.

“O programa Nossa Terra, Nossa Gente veio sanar esses dois problemas. Com as casas de alvenaria, asseguramos mordias permanentes e dignas aos pequenos produtores ao mesmo tempo em que resgatamos sua auto-estima e sua cidadania. E, a partir do projeto de varredura, executado pelo Intermat, regularizamos a situação fundiária do assentamento, abrindo caminho para que os pequenos produtores da região tenham acesso à financiamentos para projetos como o de fruticultura, que está sendo iniciado por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Chapada dos Guimarães, a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado e o Banco do Brasil. Com essas ações, estamos devolvendo a essa gente a esperança de uma vida digna”, explicou o presidente do Intermat, Jair Mariano.





Fonte: Secom - MT

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