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Cidades/Geral
Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 19:54
Por: Spensy Pimentel e Christiane P

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Brasília - Trabalhadores rurais e ribeirinhos do Pará sofrem com os abusos dos fazendeiros, grileiros de terras e madeireiros. Os relatos dos trabalhadores do estado incluem ameaças de morte, maus tratos e violência.

O trabalhador rural Herculano Costa Silva foi expulso há três anos da casa onde morava na Terra do Meio – região localizada entre os rios Xingu e Tapajós. Cercado por homens armados com rifles e espingardas, ele e outras seis pessoas tiveram que abandonar tudo o que tinham para que não fossem mortos.

"Eles ameaçavam a gente com as armas e, enquanto a gente andava, eles diziam que não podíamos voltar para lá", relata. Para ele, a vida na "grande" Altamira é diferente daquela que levava na floresta. "Lá, eu não ficava sem trabalho. Para sobreviver aqui em Altamira é preciso ter estudo e eu só sei assinar meu nome", conta Herculano.

Sem emprego e com família, o trabalhador conta, com ar de saudade, da época em que vivia na mata e a comida era farta. "Lá a gente faz a nossa plantação e sobrevive com os recursos da floresta. Aqui a gente fica dias sem ter o que comer", diz.

Em Altamira há seis meses, Francisco Chagas Dias não vê a hora de voltar para o seringal Belo Horizonte, na Terra do Meio, de onde foi expulso pela empresa C.R. Almeida, empresa investigada por grilagem de terra. "Eles não queriam mais ninguém morando lá. Aí mandaram todo mundo embora."

Sem casa e com sete bocas para alimentar, como ele mesmo lembra, Francisco ressalta que "na cidade não dá para ficar". Quando consegue trabalho, ganha uma diária de R$ 15, sendo que precisa de no mínimo R$ 25 para que todos em sua casa tenham o que comer. "É difícil arrumar trabalho na cidade. Estou numa casinha abandonada com minha família e comida quase nunca tem."

Como Herculano e Francisco, muitos outros agricultores passam por necessidades e acreditam que as reservas extrativistas são a solução para os problemas. "Lá a gente vai ter um pedaço de terra para produzir e ninguém vai poder tirar a gente de lá", lembra Francisco.

Ainda no primeiro semestre deste ano devem ser criadas três reservas extrativistas e uma unidade de conservação e proteção integral, com estação ecológica e parque na Terra do Meio. Os recentes assassinatos no Pará estimularam e aceleraram o processo de criação dessas reservas.

As reservas extrativistas são unidades de conservação criadas a partir do pedido de comunidades tradicionais, em terras pertencentes à União. Nessas terras, a permanência de madeireiros e agricultores de grande porte não é permitida, que garante maior "tranqüilidade" para os agricultores e ribeirinhos que passam a ter direito de viver e explorar a área, além de transmitir a concessão da terra para os dependentes por tempo indefinido.





Fonte: Agência Brasil

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