Orgânicos: Brasil e UE estudam redução de tarifas

Nuremberg, 24 - Os agricultores brasileiros que trabalham com produtos orgânicos podem ser beneficiados com a eliminação total de tarifas, que está sendo negociada entre Brasil e União Européia. A proposta está incluída nas conversas para redução barreiras entre os dois blocos econômicos, e foi apresentada hoje, na abertura da Biofach, a maior feira de produtos orgânicos do mundo, em Nuremberg, Alemanha, pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

"Está na hora de o apoio aos produtos orgânicos passar a ter um sentido prático", afirmou. Ele disse esperar que o livre comércio de orgânicos entre Mercosul e a Europa já esteja firmado em novembro de 2005, quando ocorre, no Rio de Janeiro, a edição brasileira da Biofach.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que, apesar do crescimento registrado nos últimos anos, o mercado de produtos ecológicos e orgânicos ainda é muito pequeno no Brasil. Somente 1% da área usada para agricultura no país é dedicada aos orgânicos. Além disso, o processo de certificação de produção sem aditivos químicos ainda está sendo regulamentada pelo ministério.

Existem, segundo Rodrigues, cerca de 350 mil hectares de área plantada no Brasil que têm um certificado informal de produção orgânica, concedido por uma Instrução Normativa editada pelo Ministério da Agricultura em 1999. "O potencial é grande. Em alguns países, a produção de hortifruti orgânicos chega a 25%", disse. "É um nicho de mercado rentável e que está crescendo também no Brasil, entre a classe média".

Apesar de a produção ecologicamente correta ainda estar concentrada em propriedades familiares, os cem expositores brasileiros presentes à Biofach deixam claro que há também médias e grandes empresas prontas para explorar o interesse pelos orgânicos.

Entre os produtos apresentados por empresários brasileiros no evento estão cachaça (de cana-de-açúcar e aspargo), feijoada, café, limão e açúcar orgânicos. "A agricultura familiar ainda é maioria, mas como a denominação de orgânicos agrega valor ao produto, as usinas de açúcar estão aqui para explorar esse mercado", disse Rodrigues.

O ministro Furlan afirmou que a abertura de um centro de distribuição para produtos brasileiros na Alemanha, anunciada na quarta-feira, em Frankfurt, pode colaborar também para o crescimento de empresários que trabalham com orgânicos no mercado europeu. "A distribuição das mercadorias fica facilitada e a pronta-entrega, pelo menos para as pequenas quantidades, passa a ser possível", ressaltou.

Com a aproximação entre União Européia e Mercosul, Furlan disse que algumas oportunidades de mercado ficam mais claras para o Brasil. Ele citou o exemplo do aspargo, produto de alto consumo no continente: "Podemos suprir a demanda deste produto na época de entressafra, pois temos clima favorável".

O fato de o Brasil ter sido escolhido para ser o "país-tema" da Biofach 2005 é, segundo o ministro do Desenvolvimento, uma prova de que o mercado mundial vê o potencial do país no mercado de produtos ecologicamente corretos. "No mundo, o mercado de orgânicos tem crescido 20% ao ano, enquanto nós crescemos 50% ao ano. Nesta feira, dos 2 mil expositores, 100 são brasileiros".