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Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 11:03
Por: Ciro Brigham

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Nas estações, além de ônibus lotados e muita espera nos pontos, passageiros enfrentam precariedade de terminais

Suado, com a camisa social de manga curta grudada ao corpo, o comerciante Raimundo Lopes Filho pergunta as horas e faz rapidamente a conta que indica há quanto tempo está numa das filas da estação de transbordo Pirajá. São pouco mais de 8h30 e há 40 minutos ele exercita a paciência enquanto estica o pescoço para ver se o ônibus que faz a linha Barra 2 já se aproxima. "No horário de pico era para chegar dois de vez", sugere, ao vento. Na estação da Lapa, é uma volumosa e teimosa infiltração, ao lado da escada rolante, que abre alas para as plataformas do escuro e úmido susbsolo, onde se acotovela a massa que no início da noite aguarda o transporte para o subúrbio. E aguardar bastante é o que também faz o povo que utiliza diariamente a Estação Mussurunga, especialmente nos horários de rush. Estações que acolhem milhares, por momentos mais longos e sofríveis do que poderiam ser.

Estação Pirajá. O aspecto é limpo e organizado, a estrutura é conservada, os banheiros são limpos e os vendedores credenciados usam vestimenta padronizada. Presença constante dos controladores de fila. Aliás, presença mais que necessária. Há períodos em que as filas são tantas e tão grandes que parecem se misturar umas com as outras. Na plataforma Barra 2, os ônibus chegam de dez em dez minutos, no máximo. Mas nos horários de pico, essa intermitência não tem se mostrado suficiente: a freqüência torna-se pequena para absorver tantos passageiros.

Duas filas enormes, formadas lado a lado, parecem intermináveis. "A gente fica até uma hora esperando, e tem até 4ª fila", revela a cozinheira Vera Lúcia Alves, que mora na Estrada Velha do Aeroporto e trabalha num restaurante da Barra. O porteiro Jair Henrique Borges, que mora em Pirajá e bate ponto no Itaigara, confirma. "Tem três, quatro filas de manhãzinha. Mesma coisa é à noite. Se quiser chegar cedo em casa, ave-maria!". Outras linhas que formam enormes filas são Barra 1, Barra 3 e Baixa dos Sapateiros. Já o problema de Pirajá 1 e Tubarão é a demora dos carros. "Este aqui que eu pego no final da tarde demora demais. Domingo mesmo, eu cheguei às 8h40 e o ônibus veio aparecer às 9h40", reclama a dona de casa Ana Maria Treza.

Na Estação Mussurunga, os horário de pico também são complicados. Entre 6h30 e 8h, as filas para as linhas Barra 1, Praia do Flamengo - R1, Ribeira e Cabula dão voltas. "Para Praia do Flamengo, mais uns dois carros dariam jeito", comenta o fiscal Manuel Bacelar. Ao meio-dia, as linhas Barra 1, 2 e 3 e Ribeira dão trabalho na pista, e no final da tarde, Praia do Flamengo e Ribeira partem, como diz o fiscal Edson Estrela, "socados", e completa: "Essas linhas têm a quantidade ideal de carros, mas nos horários de pico não são o suficiente".

A maior e mais movimentada de todas as estações de transporte urbano de Salvador também acumula problemas com linhas cuja demanda excede a oferta do serviço em determinados horários. Entre 7h e 9h, 11h30 e 13h, e das 17h às 19h, o congestionamento humano que toma conta de todos os pontos é campeão na plataforma C do subsolo, de onde partem os ônibus para o subúrbio ferroviário. Em cima, na plataforma A, as maiores filas são para as linhas de Engomadeira (que pegam o Cabula, a Paralela, Narandiba e Doron), e na plataforma D, para a linha do Centro Administrativo da Bahia (CAB). "Não tem quem agüente, meu filho, é gente demais, e tempo demais esperando", diz a doméstica Redjane Lima, que mora no bairro do Uruguai.

Infiltrações no subsolo da Lapa

A Estação da Lapa vai mal das pernas. Muitas canaletas de escoamento têm as grades arrebentadas e acumulam lixo. O estacionamento lateral é impregnado pelo cheiro e pelas marcas da urina dos moradores de rua que dormem no local à noite. Há torneiras quebradas nos banheiros e várias infiltrações no subsolo, local que aparentemente apresenta mais problemas. Muitas luminárias estão com as lâmpadas queimadas e várias outras foram retiradas, sobrando apenas os fios expostos no teto. Na entrada dos ônibus, algumas placas de concreto do piso cederam com o desgaste. Pichações nas paredes, sujeira nas pilastras, muita umidade no ar, falta de ventilação e penumbra. A não ser pela manutenção e limpeza dos terminais, o aspecto é de pouca ou nenhuma conservação.

A Superintendência de Transportes Públicos (STP) informou que a Estação da Lapa está operando com 50% das áreas disponíveis por conta das obras da estação do metrô, e que os transtornos são temporários. "Já estamos licitando a recuperação da estação", disse o superintendente Antônio Lomanto Neto. Sobre as filas formadas nos horários de pico, Neto informou que a STP está estudando o redimensionamento de todo o sistema de transporte da cidade, que prevê a criação de novas linhas e corredores exclusivos, além da operação de todo o sistema por três consórcios formados pelas 18 empresas.





Fonte: Correio da Bahia

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