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Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Quarta - 23 de Fevereiro de 2005 às 10:46
Por: NEUSA BAPTISTA

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O Governo do Estado de Mato Grosso irá investir na qualificação profissional voltada para o atendimento às demandas dos pequenos produtores e trabalhadores rurais. A parceria foi discutida nesta terça-feira (22.02) entre a secretária de estado de Ciência e Tecnologia, Flávia Nogueira, o secretário-adjunto de agricultura familiar da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder), Jilson Francisco da Silva, e o secretário-adjunto de Trabalho e Emprego da Secretaria de Trabalho, Emprego e Cidadania (Setec), José Rodrigues. As três Secretarias vão firmar parceria para o desenvolvimento de um programa voltado para a formação profissionalizante.

O novo programa, que começou a ser discutido, atenderá a falta de qualificação geral observada no setor rural. De acordo com Silva, o aproveitamento dos cursos profissionalizantes pelos trabalhadores rurais tem sido baixo, pois, na maioria dos casos, o trabalhador rural não é sequer alfabetizado. Ele explica que no município de Acorizal, por exemplo, das 600 famílias que deveriam ter sido atendidas com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) apenas 180 foram. “A maioria não sabe nem ler nem escrever; em alguns casos não dá nem mesmo para fazer a qualificação profissional”, observou ele, alertando para a necessidade de uma formação básica anterior. “Seria necessário fazer um levantamento do perfil dessa população para saber em que regiões já podemos oferecer a qualificação profissional e quais precisam de formação básica”, disse ele.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), Antônio Carlos Camacho, também destacou a dificuldade que os trabalhadores rurais têm em entender as novas tecnologias, citando como exemplo o trabalho que está sendo feito pela fundação na divulgação do Programa de Biocombustíveis do Estado de Mato Grosso (Probiomat) em assentamentos do interior do Estado. “Precisamos ter dois focos: o público que precisa ser escolarizado e o que precisa de profissionalização”, disse.

Os cursos deverão ser oferecidos nas escolas agrícolas, que são cerca de 30 em todo o Estado. A Secitec dispõe de R$ 2 milhões para a recuperação de pelo menos 10 escolas. “Essas escolas podem se tornar um centro de desenvolvimento de tecnologias para o setor”, propôs a secretária Flávia Nogueira, ressaltando que o espaço físico das instituições poderá ser utilizado para a formação profissional visando as necessidades de cada região, sendo estendidos tanto a alunos quanto a pais e a toda a comunidade, a exemplo do que já acontece no Peru, onde as escolas são centros de formação profissional, de alfabetização e de outras atividades. “Somos um estado agrícola, que tem grandes gargalos na formação do pequeno produtor”, ressaltou ela.

RECURSOS - De acordo com José Rodrigues, a Setec dispõe de R$ 1,3 milhões para serem aplicados em cursos de qualificação, recurso extra-orçamentário advindo de doações de empresas privadas à secretaria. “Podemos aplicar até mais que isso, dependendo da demanda que encontrarmos”, disse ele. Outra área de formação que deverá ser enfocada é a de lideranças comunitárias. “Elas serão os nossos interlocutores no dia-a-dia com a realidade de cada região”, disse Silva. Cursos de formação em manejo de gado registrado, castração, cria e recria e de vaqueiro já estão sendo oferecidos pela Seder com sucesso.

Durante a reunião também ficou estabelecida a formação de um fórum permanente de discussões sobre Ensino Profissionalizante, que procurará ser inserido no Conselho Estadual de Trabalho, ou mesmo acompanhar as discussões do conselho. “Precisamos ter um programa de ação para a qualificação do pequeno produtor”, enfatizou a secretária Flávia Nogueira. O grupo formará inicialmente uma comissão para a elaboração da carta-convite que será lançada para a seleção das escolas agrícolas a receberem os recursos da Secitec. A comissão, que contará também com a participação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) avaliará os projetos que terão que ser enviados pelas escolas.

Das 41 mil vagas que foram geradas no mercado de trabalho, registradas pelo Serviço Nacional de Emprego (Sine) nos 15 municípios onde possui postos de atendimento, apenas 18 mil foram ocupadas. Como parte do programa, com resultados a serem obtidos em longo prazo, será realizada também uma pesquisa que levantará a demanda do Estado em termos de cursos profissionalizantes. A dificuldade de saber que cursos seriam interessantes para o desenvolvimento de cada região foi manifestada tanto pela Setec quanto pelo Ceprotec, que estiveram reunidos na tarde desta terça-feira com representantes da Fapemat, do Sine e do Núcleo de Pesquisas Econômicas da Faculdade de Administração, Economia e Ciências Contábeis da UFMT. A pesquisa contará com a participação da Fapemat, que investirá recursos e direcionará a metodologia a ser utilizada. “É importante que seja uma pesquisa de cunho científico, cujos resultados poderão ser utilizados tanto para esse programa quanto para qualquer ação do Governo”, destacou Camacho.

O levantamento dos cursos necessários em cada região partirá da demanda do empregador e não do empregado, a fim de evitar que sejam oferecidos cursos para os quais não há mercado de trabalho. Além de dados quantitativos, também devem ser levantadas informações qualitativas, verificando, por exemplo, o nível de empregabilidade – isto é, a capacidade de se manter no emprego, – dos trabalhadores já empregados. O grupo se reunirá novamente na próxima quarta-feira (02.03), às 14 h., na Fapemat, quando serão apresentados os dados sobre o tema levantados por cada uma das instituições, a partir dos quais se elaborará a metodologia da pesquisa.





Fonte: Assessoria/Secitec-MT

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