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Cidades/Geral
Segunda - 21 de Fevereiro de 2005 às 06:40
Por: José San Martin

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Investigadores de algumas delegacias da Polícia Civil denunciaram à reportagem da Folha do Estado várias situações difíceis que estariam vivendo por falta de condições de trabalho. São carros que apresentam problemas mecânicos constantemente, computadores que não funcionam e até o exercício da função de agente prisional em detrimento de investigações. O número insuficiente de investigadores acarreta uma sobrecarga de trabalho e compromete a qualidade de vida.

“O problema crônico é a falta de efetivo. Há delegacias no interior fechadas e outras com apenas um policial. Não falta mais nada para acontecer em termos de humilhação à categoria. A Derf [Delegacia de Roubos e Furtos] de Várzea Grande foi invadida e resgataram presos, tomaram armas do pessoal”, denuncia o presidente do Sindicato dos Agentes Policiais do Estado de Mato Grosso (Siagespoc), Cledson Gonçalves da Silva.

Uma realidade também preocupante, segundo Cledson, é a Delegacia de Capturas, atual Gerência de Polícia Interestadual (Gepol), que tem 22 presos e apenas dois policiais nos plantões noturnos. “Que Deus os guarde, mas esses servidores estão expostos ao risco até de uma invasão para resgate de presos”, alerta.

Outros exemplos de situação irregular, foi destacada por investigadores da Derf de Cuiabá. Eles se dizem angustiados por terem de cuidar de presos que ficam detidos no local para averiguações ou para levar em hospitais por tratamento médico. O problema estaria ocorrendo principalmente nos plantões noturnos e fins de semana, em que trabalham apenas três ou quatro policiais.

“A gente é humilhado constantemente com essa historia de que não fazemos nada, não atendemos ocorrências, mandamos vítimas de roubos procurar a delegacia durante o dia ou segunda-feira. Mas como é que vamos fazer investigação se além do pequeno número policiais sempre há presos aqui para a gente cuidar, levar ao banheiro para fazer necessidade, tomar banho?”, reclamaram.

“Na verdade, os policiais dos plantões estão servindo de agentes carcerários. E essa situação está desse jeito desde o mês de setembro do ano passado. Antes eles não ficavam aqui, exceto alguns casos em investigação. A gente se sente constrangido em não poder atender o contribuinte. Tem de ter carcereiro para isso”, emendou.

Efetivo reduzido compromete

Outra situação complicada foi descrita por policiais da Delegacia de Delitos de Trânsito, onde o efetivo reduzido geralmente acaba comprometendo o horário do almoço. Segundo eles, constantemente entre quatro a seis acidentes ficam sem atendimento devido ao excesso de ocorrências.

Em um dos plantões no carnaval eles tiveram de receber apoio de colegas da Central de Flagrantes. Houve um momento em que a situação era tão precária, que acabou sendo percebida via rádio. Os três plantonistas atendiam um acidente e havia outros sete à sua espera. “Isso é desumano”, foi o desabafo de um policial de uma das especializadas da Delegacia Central.

“Aqui [Delitos] tem dia que os computadores travam e ninguém faz nada. Para você ter uma idéia, não tem capas para trabalharmos na chuva. Pedimos todo dia, mas nunca atendem. Os dois carros quebram todo dia. É velhice mesmo, já andaram demais. Os faróis estão com defeito, corremos o maior perigo à noite. Lá na rua demoramos a receber apoio do Batalhão de Trânsito. Os guinchos nunca vêm quando solicitamos, seja o do Detran ou da PM. Nunca estão disponíveis”, protestou.

Com isso, frisa um investigador, muitos veículos irregulares – que deveriam estar apreendidos no pátio do Detran –, continuam circulando, uma vez que o guincho particular acionado leva o carro para onde o dono quer, pois o Detran não paga o transporte até lá.




Fonte: Folha do Estado

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