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Polícia Brasil
Segunda - 11 de Outubro de 2004 às 06:37

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O suposto envolvimento do ex-governador de Mato Grosso, ex-senador e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Júlio José de Campos, na autoria intelectual das execuções a tiros de um empresário, em Guarujá, e de um geólogo, em São Paulo, foi anunciado ontem, em Cuiabá (MT), pelo delegado seccional de Santos, João Jorge Guerra Cortez. Na capital mato-grossense desde quarta-feira à procura de dois laranjas do ex-senador, que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça paulista, Guerra explicou que a disputa por enormes áreas de terras ricas em pedras preciosas teria sido o motivo dos assassinatos. As glebas ficam na região noroeste de Mato Grosso, próximo às divisas com Amazonas e Rondônia.

O empresário Antônio Ribeiro Filho e o geólogo húngaro Nicolau Ladislau Haraly eram sócios da Agropastoril Cedro Bom. Com sede em Cuiabá, a empresa é proprietária de uma área com 87 mil hectares no município de Aripuanã — onde haveria jazidas de diamantes e turmalinas, entre outras pedras — e de outra com 11.700 hectares na cidade de Juína.

Durante as investigações dos homicídios, a polícia descobriu que houve uma alteração no contrato social da Agropastoril Cedro Bom, figurando como novos titulares a secretária Nauriá Alves de Oliveira e o sargento da reserva da Polícia Militar do Mato Grosso, Delci Baleeiro Souza. Ambos possuem vínculos de subordinação com o ex-governador e ex-senador.

Nauriá é funcionária da emissora de TV que Júlio de Campos possui em Cuiabá e Delci Souza trabalha como segurança do ex-governador. Segundo o seccional de Santos, em depoimento prestado na capital mato-grossense, o contador Carlos Almeida, dono de um escritório de contabilidade, revelou que recebeu determinação do ex-senador para alterar o contrato social da Agropastoril Cedro Bom.

A descoberta da falcatrua e a intenção das vítimas em denunciá-la teriam funcionado como um decreto da morte delas próprias. Em 20 de julho, no Morumbi, na Zona Sul da Capital, o geólogo foi assassinado na garagem de sua casa. O homicídio de Ribeiro ocorreu na manhã de 5 de agosto, quando ele passeava com o seu cão no calçadão da Praia das Pitangueiras, em Guarujá.

Os projéteis recolhidos nos corpos das vítimas são de pistola calibre 380 e foram confrontados entre si. A perícia acusou que eles foram disparados pela mesma arma. Depois, uma testemunha reconheceu por meio de foto o policial militar Nelson Barbosa de Oliveira, de Mato Grosso do Sul, como o matador do geólogo. O mesmo acusado esteve em Guarujá por ocasião da morte do empresário.

Ribeiro residia com a esposa em um luxuoso flat nas Pitangueiras e o policial militar ficou hospedado em um hotel situado na frente, junto com Alberto Aparecido Rodrigues Nogueira, o Betão, e uma mulher. No flat, por ocasião do homicídio, estavam hospedados o agente policial da ativa Eduardo Minare Higa e o agente aposentado Ezaquiel Leite Furtado, ambos da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Ainda em 5 de agosto, à noite, Furtado e Higa foram capturados por investigadores de Guarujá. Os agentes estavam no Aeroporto de Congonhas na iminência de embarcar em um vôo com destino a Campo Grande. Ambos tiveram a prisão decretada pela Justiça e encontram-se recolhidos no Presídio da Polícia Civil de São Paulo, na Capital.

A captura do policial militar Oliveira, que também teve a prisão decretada pela Justiça, ocorreu em Ponta Porã (MS), em 10 de setembro. Recolhido no Comando Geral da PM daquele estado, o acusado deverá ser trazido para São Paulo. Ele já foi interrogado em Campo Grande por Guerra, mas invocou o direito constitucional de nada responder às cerca de 100 perguntas que lhe foram feitas.

Apontado como pistoleiro de aluguel, registrando passagem pelo homicídio de um policial militar em Mato Grosso do Sul, Betão permanece foragido. Também é ignorado o paradeiro da mulher que o acompanhou até Guarujá, cujo nome ainda é mantido em sigilo pela polícia. A prisão da dupla é importante para apurar a provável participação de mais pessoas nas execuções.

As informações são do jornal A Tribuna.




Fonte: 24 Horas News

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