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Cidades/Geral
Sexta - 25 de Junho de 2004 às 17:10
Por: Suzi Bonfim

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Valorizar o saber e o fazer local. Este é o foco do curso de capacitação voltado para a agricultura familiar que está sendo promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Seder) e o Instituto de Terras do Estado (Intermat). A partir desta quinta-feira (24.06) até terça da semana que vem (29.06), agricultores familiares de 11 municípios receberão informações do chamado Processo de Desenvolvimento Local com amplitude territorial, ou seja, vão aprender como aproveitar o potencial da região ou município, a identificar as alternativas de produção e geração de renda. Um processo que parece óbvio, mas é pouco difundido no país.

Na programação do curso estão as noções gerais de práticas agrícolas e das culturas de mandioca, cará, inhame, aveia, milho e adubação orgânica, produção de aves semicaipira, suínos, ovinos, caprinos, gado de leite, ração alternativa para confinamento, noções de conservação de solo, agroindústrias caseira, mercado e associativismo.

“A mandioca e o frango caipira são base de produção do processo de desenvolvimento local”, afirmou o instrutor do curso, o engenheiro agrônomo Medson Janer da Silva, consultor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) mestre em Fitotecnia pela Esalq/USP, doutorando em Desenvolvimento Local pela Universidade Complutense de Madrid e doutorando em Geografia Agrária e Agricultura Familiar pela USP. Os dois produtos, geralmente, existem em qualquer propriedade rural, porém, são sub aproveitados. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um dos resultados do processo de desenvolvimento local é a realização da Festa Estadual do Frango Caipira que está na sua terceira edição. O engenheiro agrônomo já realizou a capacitação de mais de quatro mil agricultores familiares sul-mato-grossenses, e também, ministrou cursos sobre o assunto no Pará, Goiás e na região Nordeste.

No caso da mandioca, segundo Medson, existem cinco mil variedades classificadas por um centro de pesquisa no Estado da Bahia. O país produz, por ano, 25 milhões de toneladas de mandioca que é base para a fabricação de uma série de outros produtos que a grande maioria da população desconhece. “Tecnologias que não são divulgadas para a população pobre do Brasil, por falta de interesse de que detém o conhecimento”, constatou o instrutor do curso que está sendo ministrado no Centro de Treinamento e Estudos Sindicais da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Mato Grosso (Fetagri).

Como exemplo prático de quanto o aproveitamento da mandioca, na Baixada Cuiabana, pode render ao agricultor familiar, Medson o doutor nesta área, cita o município de Chapada dos Guimarães, onde a capacitação foi realizada nesta terça e quarta-feira (22 e 23.06). Segundo ele, uma área de um hectare rende cerca de R$ 300 para o agricultor com a produção de 30 mil kg de mandioca. Mas, se o produtor descascar a mandioca, terá 12 mil kg de cascas e pontas do produto, 40% do total, e este volume, depois de passar pelo processo de secagem, irá render quatro mil kg de farelo. Os 60% restantes, o meio da mandioca, o equivalente a 18 kg, pode ser vendido por R$ 0,20 para o comércio gerando uma renda de R$ 3,6 mil. Já o farelo de mandioca poderá ser utilizado na produção de ração para alimentar dois mil frangos caipiras que no mercado custam, em média, R$ 10 cada um. O lucro do produtor será de no mínimo R$ 5, por frango vendido.

DIVULGAÇÃO DO PROCESSO – Com a capacitação de cerca de 300 agricultores familiares de 12 municípios do Território da Baixada Cuiabana, a Seder, está atendendo a uma reivindicação do setor na região. Viabilizar o acesso à informação, capacitar os agricultores e por fim, orientar na aquisição de recursos para a implantação da produção é a função do Poder Público, neste caso, de acordo com o superintendente de Agricultura Familiar, Amarildo Melo Duarte. “Existem recursos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Infra-estrutura, que podem ser direcionados para a capacitação do agricultor, neste sentido. A partir deste curso, queremos elaborar projetos para aqueles que tiverem interesse e conseguir a contratação imediata junto ao Banco do Brasil”, assegurou Melo Duarte.

A expectativa dos agricultores e índios que participam do curso é grande. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontes e Lacerda, Eva dos Santos, garantiu que conhecer as inovações propostas no curso para divulgar no município onde vivem mais de 11 mil agricultores familiares. “É uma coisa nova pra gente. Eu vim para conhecer e levar para o município. Vamos solicitar um curso deste para a nossa região”, disse a representante dos produtores rurais.

Além de Pontes e Lacerda, estão participando agricultores de Cuiabá, Rosário Oeste, Nobres, Santo Antônio de Leverger, Várzea Grande, Jangada, Nova Brasilândia, Poconé, Barão de Melgaço, Acorizal. Representantes das comunidades indígenas de Paranatinga, Tapurah, Sapezal e Santo Antônio também estão sendo treinados.




Fonte: Secom - MT

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