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Agronegócios
Quinta - 06 de Fevereiro de 2014 às 18:46

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Dos US$ 24,8 bilhões acumulados pelos benefícios da adoção da biotecnologia entre a safra 1996/97 e a safra 2012/13, a cultura do milho responde por mais da metade (55%) deste montante, à frente de soja e algodão. Mas, segundo projeções do estudo sobre os impactos econômicos e socioambientais da biotecnologia na agricultura realizado pela Céleres e Céleres Ambiental para a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM), que chega à sétima edição em 2014, esse cenário deve mudar nos próximos anos.

Graças às novas tecnologias de soja que estão chegando ao mercado, a oleaginosa deve reassumir o protagonismo da biotecnologia, posto que ocupou até a liberação das primeiras variedades de milho geneticamente modificado, em 2007/08. A estimativa é que, nos próximos dez anos (entre as safras 2013/14 e 2022/23), o benefício acumulado seja de US$ 90,8 bilhões e a soja lidere com 56% do total, seguida pelo milho com 38% e pelo algodão com 6%.

“A importância da soja aumenta justamente pelo fato de ter maior área em relação às demais culturas, além da entrada de tecnologias com eventos combinados, o que favorece ainda mais a adoção de biotecnologia na oleaginosa”, explica Anderson Galvão, CEO da Céleres.

Ganho de produtividade mantém crescimento

Outro aspecto importante levantado pelo estudo é sobre qual benefício tem maior participação no montante calculado. O aumento de produtividade decorrente do uso de sementes transgênicas permanece como principal fator positivo e deve aumentar sua representatividade nos próximos anos. Na última década, representou 52% (quase US$ 12,9 bilhões) dos ganhos econômicos, e a previsão para os próximos dez anos é que aumente sua participação e fique com 56% do total (US$ 50,8 bilhões).

A redução dos custos de produção (menos aplicações de defensivos, menos uso de água e gastos menores com manejo e equipamentos) respondeu por 28% (US$ 6,9 bilhões), no período analisado, enquanto apenas 20% do total ficou com a indústria de sementes.

Os dois principais benefícios ao produtor rural, decorrentes da adoção da biotecnologia agrícola, em última instância, beneficiam o consumidor final, por ter mais oferta de alimentos pelo aumento da produtividade, além de alimentos mais baratos, pela redução do custo de produção.

“Esses resultados nos mostram duas coisas”, afirma o presidente da Abrasem, Narciso Barison Neto. “Primeiro, geração de renda no campo. Usar sementes com tecnologia gera ganho econômico que fica no bolso do produtor. Segundo, que a biotecnologia é fator primordial para aumento da produção de alimentos sem aumentar a área plantada. Para o pequeno e médio agricultor, em especial, isso é fundamental, pois é possível colher mais no mesmo espaço.”

Para Barison, o agricultor percebe que investir em biotecnologia aumenta sua rentabilidade, mas de forma empírica. “O agricultor sabe, porque é a vida dele. Mas o estudo mostra isso de forma muito mais precisa, com indicadores – o que é ótimo para o produtor e para o agronegócio nacional”, salienta. De acordo com o estudo, cada R$ 1 adicional investido em biotecnologia na última safra gerou mais de R$ 3,00 de retorno adicional na saca colhida: R$ 3,35 no caso da soja, R$ 3,40 com o milho e até R$ 3,50 a mais por saca no caso do algodão.

Água economizada pode abastecer 3,9 milhões de pessoas

O estudo da Céleres Ambiental também analisa os benefícios socioambientais da adoção da biotecnologia no período de 1996/97 a 2012/13 e faz uma projeção para os próximos dez anos, de 2013/14 a 2022/23. Nesse contexto, são analisados fatores como uso de água, óleo diesel, ingrediente ativo e emissões de gás carbônico.

Em relação à redução de água nos próximos dez anos, considerando a adoção da biotecnologia, 169,3 bilhões de litros do recurso deixarão de ser utilizado nas lavouras, volume suficiente para atender a uma população de 3,9 milhões de pessoas, o que equivale a quatro capitais brasileiras: Campo Grande, Cuiabá, Porto Alegre e São Luís.

O volume de óleo diesel utilizado no maquinário agrícola nas lavouras transgênicas terá importante diminuição na próxima década. A redução prevista para as três culturas poderá chegar a 1,41 bilhão de litros, quantidade suficiente para abastecer uma frota de 587,8 mil veículos leves.

No caso das emissões de gás carbônico, em decorrência do uso de óleo diesel, projeta-se que, aproximadamente, 3,7 milhões de toneladas do gás deixariam de ser lançados na atmosfera, o que equivale a preservar 27,6 milhões de árvores. Também foi calculada a redução no uso de ingrediente ativo. No período de dez anos, deixarão de ser utilizados 143 mil toneladas de defensivos agrícolas.

“Diante desses resultados, comprova-se que a biotecnologia, em conjunto com as demais práticas agrícolas, pode proporcionar taxas ainda mais expressivas de crescimento da produtividade, sem a necessidade de expansão física da área semeada, preservando, assim o meio ambiente. Porém, isso não será possível se o produtor não adotar as técnicas de manejo, como a implantação de forma correta das áreas de refúgio e a aplicação dos defensivos agrícolas, evitando a aplicação de produtos sem a real necessidade”, finaliza Anderson.

Estudo chega à sétima edição

Esta é a sétima edição do estudo que acompanha os benefícios da biotecnologia na agricultura brasileira, realizado anualmente desde 2008 para a ABRASEM. Os resultados se baseiam em pesquisas de campo e entrevistas com mais de 360 produtores de soja, milho e algodão espalhados pelo País – as três culturas com eventos GM aprovados no Brasil e já disponíveis no mercado.





Fonte: Rural Centro

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