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Quarta - 08 de Abril de 2015 às 11:08

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A vitória de Pedro Taques (PDT) na disputa pelo Governo do Estado, nas eleições de 2014, quebrou um jejum que já durava 12 anos sem nenhum cuiabano no comando de Mato Grosso. O último governador cuiabano foi Dante de Oliveira (já falecido e que foi PDT, depois PSDB).


Apesar de o chefe do Executivo ser cuiabano, a Capital, que completa nesta quarta-feira (8) 296 anos, vê seu número de representantes políticos diminuir de forma drástica, desde a ascensão do agronegócio.

Na Assembleia Legislativa, apenas Emanuel Pinheiro (PR), Guilherme Maluf (PSDB), Pery Taborelli (PV) e Oscar Bezerra (PSB) nasceram em Cuiabá, sendo que o último tem base eleitoral no interior.

No Senado, o cenário é ainda pior, já que os três parlamentares têm como base a cidade de Rondonópolis (terceiro polo do Estado, a 212 km da Capital).

Para o professor e analista político Onofre Ribeiro, a representatividade política de Cuiabá estava fadada ao enfraquecimento desde o crescimento econômico do interior.

“No passado, o interior não tinha força econômica e política. Todo poder se resumia a Cuiabá e Várzea Grande. Mas, a partir da década de 90, surge o agronegócio no interior. E a economia puxa a política, era natural que Cuiabá fosse perdendo o peso político à medida que o peso econômico foi descentralizado para o interior”, afirmou.

No entanto, Onofre acredita que Cuiabá não irá perder a importância, diante dos outros municípios, justamente por ser a capital de Mato Grosso.

Como capital, Cuiabá é sede dos Poderes do Estado e é onde se encontra os principais investimentos, como o imobiliário.

“Desde 1996, Cuiabá vem perdendo, gradativamente, as forças políticas. Por outro lado, aqui é a capital, é a sede do poder. É aqui que estão as sedes como o Banco do Brasil, a Receita Federal, todos os serviços públicos, a Caixa Econômica, o Ibama, o Incra... Então, o fato de ser capital dá uma condição estável de nunca perder a influência”, disse.

“As próprias famílias do interior consolidam Cuiabá, a partir do momento que passam a mandar os filhos para estudar nas universidades da capital. Com a vinda deles, há investimentos, por exemplo, em imóveis. Então, o fato de ser capital dá uma força política e econômica maior do que Rondonópolis com seus três senadores. Cuiabá continua sendo infinitamente mais importante”, afirmou.

Onofre Ribeiro acredita que o crescimento do interior impacta também de forma positiva a capital, que cresce de modo simultâneo.

Mudança de cenário

Para o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR), filho do ex-deputado federal Emanuel Pinheiro da Silva Primo e membro de tradicional família cuiabana, o fato de haver poucos representantes da capital no parlamento é reflexo do novo cenário vivido pelo Estado.

“Há um fluxo migratório intenso que mudou o perfil político, econômico, administrativo e social do Estado. E a classe política extravasa isso. Hoje, você vê um plenário de 24 deputados com apenas cinco cuiabanos. Um quadro completamente diferente de 30 anos atrás, na eleição de Júlio Campos, em que 20, dos 24, eram cuiabanos”, disse.

O deputado do PR acha que, mesmo que o Legislativo contasse com apenas um representante da Baixada Cuiabana, a capital manteria sua influência e poder.

Além disso, ele acredita que os deputados de outras regiões também ajudam nos problemas de Cuiabá, já que passam a morar aqui e a enxergar os problemas.

“O cuiabano nunca perde força, a força de Cuiabá é imorredoura. Por mais que tenha somente um deputado, a nossa força vai ser a mesma, porque somos uma capital quase tricentenária, berço da nossa cultura, da nossa história e da tradição de Mato Grosso”, afirmou.

Bairrismo

Para o deputado Wilson Santos (PSDB), líder do Governo na Assembleia e residente da capital há 50 anos e duas vezes prefeito, acreditar que o fortalecimento político do interior “atrapalha” Cuiabá seria enxergar a situação de modo “bairrista”.

“Não digo que esse crescimento prejudica, seria uma visão bairrista e a perda de uma visão do todo. Cuiabá precisa ter representação com qualidade. Hoje, por exemplo, o presidente da Assembleia é cuiabano, o procurador-geral de Justiça é cuiabano, o governador também. E todos são homens de muita qualidade”, disse.

Para o tucano, o principal fator do crescimento político do interior está relacionado ao crescimento populacional.

“A medida que a população do interior cresce em um ritmo mais acelerado, é natural que a capital vá perdendo percentual ano a ano. Cuiabá já foi 70% da população, hoje não deve ser 18%. Então, a tendência é que com o passar do tempo, Cuiabá tenha uma participação cada vez menor”, observou.

Principais demandas

Para os três ouvidos pela reportagem, o aniversário de 296 anos da fundação de Cuiabá marca a contagem regressiva para os 300 anos.

Eles defendem que é o momento da capital receber grandes investimentos como “presente”.

Entre as principais demandas elencadas por eles estão: Saúde, Segurança, Educação, melhora do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e planejamento da cidade.

“O problema é que a capital cresceu de modo desenfreado, sem planejamento. E hoje o que se vê é que estamos tentando fazer remendos. Cuiabá é uma cidade que tem urgência de se fazer planejamento. É preciso se resolver problemas históricos ao longo dos próximos 20 anos”, afirmou Onofre Ribeiro. 





Fonte: Midia News

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