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Sábado - 24 de Fevereiro de 2018 às 10:17
Por: Gazeta Digital

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó vai deliberar a convocação e convite do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) José Riva e do deputado estadual Adalto de Freitas Filho, o Daltinho (SD), para prestarem esclarecimentos sobre o “mensalinho”, que o ex-governador Silval Barbosa afirma ter pago durante sua gestão aos membros do Legislativo estadual.

A deliberação será na sessão da próxima quarta-feira (28), na Câmara Municipal, e também vai decidir um novo dia para oitiva do ex-servidor Valdecir Cardoso, que teria ajudado a instalar a câmera que gravou o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) recebendo maços de dinheiro que o ex-governador e delator afirma se tratar de propina, na época em que era deputado estadual, suposta quebra de decoro que é investigada na CPI.

Durante depoimento, na manhã desta sexta-feira (23), Silval Barbosa relatou aos vereadores a existência de um vídeo que mostra a reunião do Colégio de Líderes da Assembleia Legislativa, em que deputados estaduais planejaram uma “extorsão” coletiva contra ele, o que originou a propina de R$ 600 mil para cada parlamentar, valor referente ao programa de pavimentação de rodovias Mato Grosso Integrado.

Além disso, Silval afirmou também que pagava cerca de R$ 50 mil de mensalinho para os deputados em troca de “apoio total” por meio de falta de fiscalização e aprovação de leis e contas de governo.

Segundo o delator, o planejamento dessa extorsão surgiu no período em que o Governo do Estado firmou convênios com o governo federal, Caixa Econômica, Petrobrás, entre outros, para recebimento de recursos e execução de obras para a Copa do Mundo de 2014 e do Mato Grosso Integrado.

O vídeo, conforme Silval diz ter ficado sabendo pelo deputado Romoaldo Júnior (MDB), foi gravado pelo deputado Adalto de Freitas, o Daltinho (SD), que na época era suplente e teria usado o vídeo para chantagear os componentes da mesa diretora da Assembleia para garantirem, de alguma maneira, sua permanência no cargo.

Conforme o ex-governador, da reunião de líderes do Legislativo, também surgiu uma comissão responsável por fazer a abordagem e tratativa de propina com ele e que era composta pelo então presidente da ALMT José Riva, Romoaldo Júnior, Gilmar Fabris (PSD), Wagner Ramos (PR), Dilmar Dal Bosco (DEM), Baiano Filho (PSDB) e Mauro Savi (PSB), que representavam todos os demais parlamentares.

Inicialmente exigindo R$ 1 milhão em propina, o valor foi negociado com o então governador até baixar para o valor de R$ 600 mil, pago parceladamente, valor do qual também se beneficiou o então deputado estadual e atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), de acordo com o depoimento de Silval.

Após a oitiva de Silval, o presidente da CPI do Paletó, vereador Marcelo Bussiki (PSB), afirmou que a convocação de José Riva e Adalto de Freitas poderão esclarecer melhor o contexto do mensalinho. “A gente quer mais detalhes sobre isso. Por isso que eu solicitei a convocação do ex-deputado estadual José Geraldo Riva. Como presidente da Assembleia e primeiro-secretário ele vai poder detalhar como era instrumentalizado lá dentro da Assembleia esse mensalinho aos deputados”, disse.

Em relação a Daltinho, o parlamentar afirma que a oitiva dele e apresentação do vídeo citado por Silval pode contribuir para confirmar se Emanuel Pinheiro esteve presente na reunião de deputados que teriam planejado cobrar propina do então governador.

Bussiki afirma ainda que o depoimento de Silval acerca do mensalinho, traz novos rumos à CPI, já que isso não era foco da investigação, mas passará a ser explorado, pois, se confirmado, também configura quebra de decoro por parte do prefeito Emanuel Pinheiro. “O objeto da CPI é o suposto recebimento ilícito de valores, ferindo então os princípios basilares da Administração pública, podendo configurar a quebra de decoro. Então, insere sim no objeto da CPI e a gente vai querer explorar melhor esse tema, com mais detalhes relacionados ao mensalinho”, disse.

Procurado pelo Gazeta Digital, o ex-deputado José Riva, por meio de assessoria, informou que “assim como nunca se esquivou de prestar qualquer esclarecimento que seja, caso seja convocado pela CPI, irá à Câmara Municipal de Cuiabá”.

O deputado Romoaldo Júnior afirma que intermediou assuntos entre o deputado Daltinho e o então governador Silval Barbosa, levando reclamações do colega em relação a demandas não atendidas pelo Executivo. Porém, negou ter conhecimento de qualquer vídeo gravado pelo deputado Daltinho no colégio de líderes, negou ainda a extorsão alegada por Silval Barbosa e destacou que lamenta que o ex-governador esteja inserindo ex-companheiros em sua delação premiada.

O deputado Adalto de Freitas afirmou que Silval Barbosa "de garimpeiro a governador aprendeu muita coisa", que naquela legislatura, ouviu muitas conversas sobre acerto entre Silval e os deputados, mas nega ter participado da reunião de líderes citada pelo ex-governador. "Todo mundo em Mato Grosso sabia! Acontece que para alguns era interessante participar disso", afirmou.

A respeito da suposta chantagem para permanecer no mandato de deputado estadual, Daltinho lembra que houve sim um acordo entre o grupo político de Silval Barbosa, do qual ele fazia parte, para que 3 suplentes permanecessem até o final, mas que com ele o acordo foi quebrado, tenso o levado a entrar na Justiça. "Eu não gravei porra nenhuma! Mas devia ter gravado!", disse, indignado, sobre a reunião em que foi firmado o acordo sobre o mandato.

Questionado se irá à CPI do Paletó caso convocado, o deputado afirmou que tem "total interesse, desde que seja para apurar a verdade" e que ele possa se beneficiar politicamente, afirmando que já foi muito prejudicado pelos colegas de Parlamento.





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