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Domingo - 17 de Março de 2024 às 09:15
Por: Ianara Garcia/Primeira Página

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Às 11h50 do dia 7 de março, a dona de casa Ediliane Fomes Pelinson recebeu a confirmação da morte encefálica da filhinha dela, de 3 anos, a pequena Meg Raíssa, que teve complicações decorrentes e uma cirurgia.

A mãe conta que Meg era “uma menina muito divertida, alegre, todo mundo amava ela, todo mundo queria ela. Ela era muito especial”.

Meg Raissa CoracaoMeg Raíssa, de 3 anos, tinha hidrocefalia. (Foto: Arquivo pessoal)

A paciente tinha hidrocefalia e a válvula que drenava a água na cabeça quebrou. Depois de cirurgias e algumas complicações, ela não resistiu.

Foi quando Ediliane ouviu a pergunta da médica sobre doação de órgãos. “Ele perguntou: você vai querer doar o coraçãozinho dela, doar os órgãos dela? Eu nem pensei, eu falei sim, foi de repente, falei sim, eu quero a doar”, contou.

“Aí a médica me falou, você tem certeza? Tenho! Eu sei o que eu quero. Deus vai receber minha filha bem, e eu vou ficar feliz que a minha filha vai tá lá em cima, e ela vai ajudar a outra mãezinha, aquele coração daquela criança que tá na UTI. É complicado você ter um filho no UTI, lutando pela vida”.

A partir daí, a equipe médica começou a avaliação que levou mais de 12 horas. Foram realizados diversos exames, sorologias para avaliar se não havia nenhuma contraindicação.

No caso de Meg, um ecocardiograma foi feito para avaliar a função cardíaca, um eletrocardiograma, um exame de sangue, para avaliar como esses órgãos estavam para uma possível captação.

Quanto mais rápido for esse processo do sim da mãe até a realização de todos esses exames, maior a chance do outro paciente, maior as chances dos órgãos continuarem estáveis para a realização de um transplante bem-sucedido.

Depois do diagnóstico de morte encefálica foram 36 horas até a captação que foi feita por uma equipe médica de São Paulo.

Aí começou outra corrida contra o tempo. É que os transplantes de coração precisam ser feitos em no máximo 4 horas, a partir da captação.

Com o tempo curto, esse procedimento não é comum em Mato Grosso. Essa foi a primeira vez que uma criança doou o coração aqui no estado.

“Nada pode atrapalhar, porque se não, aí muitas vezes nem se retira se esse tempo não for hábil para poder fazer esse transplante”, explica a enfermeira Lélia Cristina Minali Pena.

Quem recebeu

No dia 8 de março, Ana Lívia, também de 3 anos, entrou na fila de transplantes de coração, em São José do Rio Petro (SP).

Ana Livia CoracaoAna Lívia, de 3 anos, recebeu o coração de Meg, em SP. (Foto: reprodução)

Ana Lívia tinha uma doença chamada miocardiopatia dilatada, que é um coração aumentado de tamanho.

Segundo coordenador do Centro do Coração da Criança do HMC, Ulisses Crotti, o coração fica grande e perde a força de bombeamento, “aí a criança vai ficando mal, cada vez mais, até chegar um ponto em que ela não consegue nem caminhar mais”.


Um novo coração era a última alternativa para Ana Lívia…cinco horas depois ele apareceu.

“Eu até assustei, porque eu não tinha nem acostumado com ela na lista ainda, foi bem pouco tempo, mas agora o sentimento de gratidão e de esperança que a minha filha agora vai ter uma vida saudável, uma vida normal”, disse Talissa Patrícia Bueno Prado, mãe de Ana Lívia.

A captação foi às 11h59 da noite do dia 08. A partir daí, começou a contagem regressiva das 4 horas. Ao chegar em São Paulo com o coração, a equipe foi escoltada até o hospital para chegar rápido.

De acordo com os médicos, a cirurgia tecnicamente ocorreu muito bem, foi um sucesso, a criança está bem na UTI, está extubada, e todo pós-operatório está ocorrendo dentro do esperado, dentro do que se planejava.

Para a mãe de Ana Lívia fica a gratidão. “Muito obrigada! Que ela [mãe de Meg] receba minha gratidão como conforto. Eu não tenho nem noção do que se passou com ela, mas creio que foi Deus iluminando ela e permitindo a doação desse coração abençoado pra minha filha, que ela siga feliz porque hoje o coração da filha dela bate no peitinho da minha”.

“Só quero desejar para ela muita felicidade, para a filha dela muita felicidade mesmo, para encher aquele coraçãozinho de alegria”, disse Ediliane, mãe de Meg.






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