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Nacional
Sexta - 08 de Novembro de 2013 às 21:43

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O aquecimento global representa uma ameaça cada vez maior ao crescimento econômico, saúde, lavouras e suprimento de água, de acordo com o esboço de um relatório elaborado por destacados cientistas, que dá ênfase sem precedente aos riscos das mudanças climáticas.


 
O documento de 29 páginas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre os impactos do aumento das temperaturas, que tem divulgação prevista para março de 2014, menciona "risco" 139 vezes, enquanto na avaliação anterior, de 2007, a palavra aparecia apenas 41 vezes.


 
O maior destaque aos riscos pode fazer com que a importância do corte de emissões de gases do efeito estufa fique mais clara, tanto para governantes como para a população, ao mostrar que se trata de uma política de segurança para o planeta, disseram analistas.


 
Muitos governos, prestes a se reunir em Varsóvia de 11 a 22 de novembro para conversações da ONU sobre mudanças climáticas, há muito tempo demandam maior certeza científica antes de efetuar investimentos de bilhões de dólares em várias áreas, desde barreiras para contenção de enchentes a energias renováveis.
 


 
Mas a certeza é ilusória na ciência climática, como na previsão de qualquer coisa, desde o tempo até o futuro das ações em Wall Street. "O IPCC fez a transição para o que eu considero ser o reconhecimento completo e rico de que o problema das mudanças climáticas é uma questão de gerenciamento de risco", disse Christopher Field, copresidente do grupo do IPCC que está elaborando o relatório.


 
O documento, que vazou em 1º de novembro no site sobre meio ambiente "nofrakkingconsensus", se assemelha a um projeto anterior, que advertia que partes da sociedade e da natureza são mais vulneráveis ​​do que o previsto no caso de mudanças climáticas.



Incertezas


 
Professor da Universidade Stanford, Field também disse que há mais certezas sobre muitos aspectos da mudança climática do que havia em 2007. Ele enfatizou ainda que o esboço do relatório sofreu alterações.


 
O texto diz, por exemplo, que um aumento de temperatura de mais de 2,5º C acima do registrado na época pré-industrial pode levar a perdas econômicas de entre 0,2% e 2,0% do rendimento global.


 
Segundo o esboço do relatório, o aquecimento irá agravar as ameaças à saúde, prejudicar a produtividade das principais culturas em muitas áreas e provocar mais inundações. As mudanças também poderiam exacerbar a pobreza e desigualdades econômicas que geram conflitos violentos no mundo.


 
 
Primeira parte do relatório já foi divulgada
No fim de setembro o IPCC divulgou o "Sumário para os Formuladores de Políticas", afirmando que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau - a edição anterior falava em mais de 90%.


 
O texto apresentado em Estocolmo, na Suécia, em conferência científica realizada ao longo desta semana, mostra também que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos".


 
O novo relatório dizia também que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2 ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.


 
Os 259 pesquisadores-autores de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, estimam ainda que, no pior cenário possível de emissões, o nível do mar pode aumentar 82 centímetros, prejudicando regiões costeiras do planeta, e que o gelo do Ártico pode retroceder até 94% durante o verão no Hemisfério Norte (veja abaixo uma tabela com os eventos climáticos possíveis, segundo os cientistas).


 
Trata-se da primeira parte de um conjunto de dados que servirá de base para as negociações climáticas internacionais. A última versão saiu em 2007, quando o estudo rendeu ao painel de especialistas o Prêmio Nobel da Paz.




Fonte: Reuters

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