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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quinta - 08 de Março de 2012 às 07:14
Por: MARIANA CARNEIRO/MARIANA SCHRE

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Diante da fraca recuperação da economia, principalmente devido ao desempenho ruim da indústria, economistas acreditam que o Banco Central vai promover mais cortes nos juros. No entanto, eles alertam para o risco de que uma dose muito forte na redução da taxa básica (Selic) pode estimular demais a economia, gerando inflação alta à frente.

Nesta quarta-feira, o BC anunciou o quinto corte consecutivo na Selic, que passou de 10,5% para 9,75%. O corte de 0,75 ponto percentual representou uma intensificação da redução dos juros, que vinham caindo de meio em meio ponto desde agosto.

Para o ex-presidente do BC Carlos Langoni, a forte retração da indústria em janeiro foi o fator decisivo para a intensificação do corte da taxa de juros. Ele considera que a autoridade monetária está numa situação delicada, pois, apesar da indústria estar indo mal, o consumo interno já está em recuperação, o que vem impedindo uma queda mais acentuada da inflação.

Ainda assim, ele não considera a decisão do BC arriscada porque acredita que a autoridade monetária vai ser moderada nos próximos cortes.

"Os juros devem cair até 9,5% ou 9,25%, como o mercado vem esperando. O BC apenas antecipou parte dos cortes já programados", acredita.

A percepção é semelhante a da consultoria LCA, que projeta mais um corte 0,5 ponto percentual e outro de 0,25, levando a taxa a 9% em maio.

O economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, admite que foi surpreendido pela intensificação do corte nos juros: "Nossa avaliação da economia não indicava mudanças que justificassem aumento na intensidade dos cortes da taxa de juros neste momento".

Ele prevê agora que a taxa será reduzida até 8,5%. Antes, ele apostava numa interrupção dos cortes quando a Selic chegasse a 9%.

Molan enxerga na decisão do BC reação aos indicadores ruins de atividade divulgados recentemente. Além do PIB fraco de 2011, a produção industrial em queda e a concessão de crédito anêmica em janeiro.

"Enxergaram um quadro não muito promissor e até decepcionante de retomada", disse.

O analista afirma que, com os incentivos já dados, como aumento do salário mínimo e redução dos juros, a economia estará crescendo a um ritmo acelerado no quarto trimestre do ano, "ao redor de 5%". E alerta que há risco de que a estratégia mais agressiva do BC resulte num superaquecimento no fim de 2012.

"Em 2011, mesmo com um crescimento de 2,7%, tivemos queda do desemprego e inflação dos preços dos serviços. O que acontecerá neste ano, quando voltarmos a crescer mais forte?", questiona.

Ele argumenta que a desaceleração está concentrada no setor industrial e que o restante da economia já assumiu um comportamento mais positivo.

"A confiança do consumidor está acima da média histórica e o consumo, com exceção da venda de automóveis, continua crescendo", afirma.






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