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Economia
Domingo - 13 de Novembro de 2011 às 13:40
Por: IURI DANTAS , RENATO ANDRADE

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O segmento de serviços desbancou a indústria como o setor econômico que mais recebe investimentos estrangeiros diretos no Brasil. De janeiro a setembro, o setor abocanhou quase metade dos recursos que entraram no País para a compra de participação em capital de empresas, enquanto a indústria ficou com quase um terço dos valores.

 

Segundo o governo, a inversão reflete as mudanças na economia brasileira e deve continuar nos próximos anos.

De acordo com dados do Banco Central, 48,1% dos investimentos em participação de empresas recebidos pelo País nos três primeiros trimestres do ano tiveram como alvo companhias do setor de serviços, ante uma participação de 28% em todo o ano passado. A indústria, por sua vez, recebeu 36% desses recursos, uma queda em relação aos 40,5% de 2010.

Segundo o presidente da Federação de Comércio de São Paulo (Fecomércio), Abram Szajman, os números revelam, ainda, o impacto da crise sobre o setor de manufatura.

"A indústria teve um desempenho ruim em 2011 e os anos de 2012 e 2013 vão ser bem difíceis", afirmou. "Já o dinamismo do setor de serviços é muito grande, sem falar na expansão dos próximos anos por causa da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016."

O setor de serviços contribui com 67% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a pressão de novos consumidores sobre estacionamentos, cinemas e outros produtos transformou o segmento no principal vilão da inflação neste ano.

Nos 12 meses encerrados em setembro, os preços de serviços subiram 9,03%, acima do índice oficial de inflação no período: 7,31%, segundo o BC.

Telefonia. A grande estrela do ano na captação de recursos estrangeiros é o segmento de telefonia. De acordo com os dados do Banco Central, as telecomunicações absorveram quase um quarto do volume de investimento estrangeiro que entrou para o setor de serviços este ano.

Enquanto em 2010 o segmento contabilizou um volume de US$ 659 milhões em investimentos em participação, no período de janeiro a setembro de 2011 a cifra alcançou US$ 6 bilhões.

Especialistas ponderam, porém, que o volume registrado este ano é extraordinário e não deve se repetir. "A operação envolvendo a Portugal Telecom e a Oi influenciou os dados", explica Eduardo Tude, diretor da Teleco, uma consultoria do setor.

A Portugal Telecom assumiu uma participação de 25,6% na Oi, após os aumentos de capital em empresas do conglomerado brasileiro de telecomunicações. A empresa europeia desembolsou R$ 8,32 bilhões pela participação da operadora nacional.

Consumo. O secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Humberto Ribeiro, disse que a mudança no perfil de investimentos estrangeiros tem relação com a "mudança da pirâmide de consumo brasileira", por causa da ascensão de consumidores à classe média. Além disso, o setor de serviços permite mais facilmente a transferência de tecnologia. "No caso da indústria, o conhecimento depende do fator produtivo, da máquina", argumentou. "O fator de produtividade nos serviços é humano e o conhecimento pode ser disseminado muito mais facilmente."

Ribeiro avalia que os investimentos em serviços "vão continuar", mas talvez não no mesmo ritmo por causa da crise financeira internacional. Ele ressalta as áreas de hotelaria, mercado imobiliário e mídia como campos que podem ser mais beneficiados pela entrada de capital estrangeiro nos próximos anos.






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