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Internacional
Sábado - 24 de Setembro de 2011 às 07:57

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A 66ª Assembleia Geral da ONU assistiu nea sexta-feira (23) a dois discursos que devem figurar entre os mais importantes do evento. Primeiro, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, subiu no pódio do plenário para defender o reconhecimento do Estado palestino - pedido oficialmente às Nações Unidas pouco antes do pronunciamento. Em seguida, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou seus argumentos para que o processo de paz no Oriente Médio seja realizado apenas entre as duas partes, sem a interferência da ONU. Abbas falou em árabe e Netanyahu, em inglês, mas a veemência dos discursos e a resposta dos líderes que assistiam não pareceram influenciadas pelos idiomas.

"Eu não acredito que qualquer pessoa com um pingo de consciência pode rejeitar o nosso pedido de adesão plena nas Nações Unidas e nossa admissão como Estado pleno", afirmou Mahmou Abbas, arrancando palmas da maioria da plateia, que se levantou para aplaudir. "Em uma época em que os povos árabes afirmam sua busca pela democracia - a Primavera Árabe -, agora é hora de uma Primavera Palestina, é hora de independência", disse o líder palestino. Em Ramallah, na Cisjordânia, o discurso era transmitido em telões enquanto moradores comemoravam nas ruas a entrega do pedido à ONU.

Benjamin Netanyahu, por sua vez, defendeu que a paz no Oriente Médio só será alcançada através de negociações bilaterais entre israelenses e palestinos, e que esse processo não deve passar por resoluções da ONU. "Se você quiser, eu vou a Ramallah (na Cisjordânia). Na verdade, eu tenho uma sugestão melhor: nós dois voamos até Nova York. Agora, estamos na mesma cidade, no mesmo prédio. Então, vamos nos reunir hoje, na ONU", propôs Netanyahu a Abbas, provocando aplausos. "Quem pode nos impedir? O que pode nos impedir? Se nós genuinamente queremos paz, o que pode nos impedir de nos reunirmos hoje e iniciar negociações de paz", afirmou o líder de Israel.

Para defender o reconhecimento da ONU ao Estado palestino, Mahmoud Abbas lembrou os assentamentos de judeus na Cisjordânia, que ele definiu como o maior desafio para a paz na região. Abbas afirmou que as colônias israelenses em territórios palestinos devem ser interrompidas "imediatamente". "Nos últimos anos, aumentaram as atividades criminais de milícias de colonos israelenses em território palestino", afirmou o líder da ANP.

O primeiro-ministro israelense argumentou que os assentamentos israelenses na Cisjordânia não são a raiz do conflito, e sim o fato de que os palestinos se recusam a reconhecer o Estado judeu. Netanyahu afirmou que seu país já fez propostas de paz que foram recusadas pelas lideranças palestinas. "Presidente Abbas, eu estendo a minha mão e espero que você a segure", afirmou Benjamin Netanyahu. Segundo ele, críticos de Israel pressionam o governo a fazer concessões sem se preocupar com a população. "Os palestinos querem um Estado sem a paz", criticou o premiê.

Já Mahmoud Abbas afirmou que isolar Israel não é o objetivo dos palestinos com o pedido de reconhecimento à ONU, e sim confirmar a fé no direito internacional - que estaria sendo desrespeitado pelos israelenses. "Um ano atrás, todos tinham grande esperança para uma nova rodada de negociações, (...) mas essas negociações falharam esmagadas pelo governo israelense", disse o presidente da ANP. Abbas manifestou o interesse dos palestinos em retomar as negociações com Israel. "Vamos construir a ponte para o diálogo, em vez de muros e isolamento", afirmou ele.

"Chegou a hora de o mundo dizer se quer que a ocupação israelense continue", disse Mahmou Abbas em seu discurso. "Chegou a hora de o povo palestino ser livre e independente. Chegou a hora de o nosso corajoso povo viver como qualquer outro no mundo", defendeu o líder da ANP. Abbas encerrou seu pronunciamento dizendo que "esse é o momento do renascimento da Palestina". Depois dele, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pareceu buscar uma "aproximação" simbólica com Abbas. "Nós dois somos filhos de Abraão. Meu povo o chama de Avraham, seu povo o chama de Ibrahim. Nós dividimos a mesma pátria", afirmou o premiê israelense, que terminou seu discurso afirmando que "o povo que anda na escuridão verá uma grande luz. Deixe essa luz ser a luz da paz".





Fonte: Terra

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