Equipamento vaporiza a glândula e libera obstruções no canal de urina.
Novo aparelho a laser trata doenças na próstata no SUS de São Paulo
Um novo equipamento disponível no sistema público de saúde da capital paulista consegue tratar problemas na glândula próstata -- órgão produtor de um líquido que acompanha os espermatozoides no sêmen -- com raios laser.
Recém-adquirida pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, em São Paulo, a máquina alemã, conhecida como UroBeam, vaporiza os tecidos que bloqueiam o canal por onde passa a urina -- pressionado quando a glândula aumenta de tamanho.
"No Brasil, existem somentes dois aparelhos com essa tecnologia: um aqui e outro em uma instituição privada em Curitiba", diz Joaquim Claro, coordenador do centro, ligado à Secretaria de Saúde estadual. O custo da novidade é de R$ 300 mil.
Até o momento, cerca de 60 pessoas já foram tratadas com a nova técnica no centro médico localizado no prédio do antigo Hospital Brigadeiro. O uso do aparelho reduz o tempo de internação do paciente e diminui o risco de infecção depois da operação.
"O paciente deixa mais rápido do hospital e não precisa ficar retornando como acontece com pessoas que precisam substituir sondas urinárias", diz o urologista, citando a vantagem econômica do equipamento.
Segundo o médico, a cirurgia também pode ser feita por pacientes com problemas cardíacos e que recebem medicações para reduzir a coagulação.
Urina livre
A próstata pode crescer por conta de doenças como o câncer ou a hiperplasia benigna - um crescimento anormal do órgão, comum em homens após os 45 anos de idade.
Esse inchaço da glândula faz o paciente sentir vontade de urinar muitas vezes ao dia e apresentar um jato de urina mais fraco. "Existem pacientes que acordam toda hora para ir ao banheiro e chegam a perder o emprego por se levantarem demais no ambiente de trabalho", conta o médico.
Alguns pacientes chegam a se enganar quando começam a urinar demais. "Quando os médicos perguntam se o paciente está bem, ele responde que está urinando até bem demais", explica Claro. "Mas se ele está indo mais ao banheiro do que o normal, algo está errado."
Com o tempo, problemas mais graves podem afetar o funcionamento de órgãos como a bexiga, para a qual não há transplantes. A falência desse órgão obriga o paciente a usar sondas urinárias durante o resto da vida.
Gosto pela água
Outros aparelhos a laser já eram usados para operações na glândula, mas tinham a desvantagem de precisar da presença de oxigênio combinado com hemoglobina na região onde a cirurgia é feita para funcionar. A hemoglobina é encontrada nas células vermelhas do sangue (hemácias).
Já o novo equipamento usa raios laser que têm afinidade com água, um líquido presente em abundância dentro do corpo. "Essa diferença permite que o médico termine a cirurgia quando quiser e não apenas enquanto existir oxi-hemoglobina disponível", explica Joaquim Claro.
Apesar de danificar a glândula, para o médico a melhora na qualidade de vida do paciente compensa o efeito colateral da operação. "A grande maioria dos pacientes com hiperplasia benigna são homens em idade avançada, que já não desejam mais ter filhos", diz o urologista, lembrando da importância da glândula para a fertilidade do homem.
Como é a operação
A cirurgia é feita com um cistoscópio - um pequeno cilindro colocado dentro da uretra após anestesia - que possui uma sonda com os feixes de laser e um aparelho óptico para que o médico possa observar as paredes da bexiga e do canal de urina.
A operação dura até 90 minutos e o paciente pode ser liberado no mesmo dia. A vaporização destrói o tecido que está atrapalhando a passagem da urina pelo canal. O feixe de raios é controlado por um pedal controlado pelo urologista.
Apesar de estarem disponíveis no Brasil, as cirurgias a laser são bem menos frequentes do que as convencionais - que cortam o abdômen do paciente ou utilizam bisturis eletrônicos - para tratar problemas na próstata.
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