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Economia
Terça - 31 de Dezembro de 2013 às 12:58

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A importação brasileira de cervejas apresenta tendência de queda em 2013 em comparação com o ano passado, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Até outubro deste ano, o Brasil importou aproximadamente 28 mil toneladas da bebida (medida utilizada pelo ministério), um total de US$ 33,1 milhões (cerca de R$ 77 milhões). Já nos 12 meses de 2012, foram trazidas ao país 43,4 mil toneladas, que custaram US$ 45 milhões (cerca de R$ 104,9 milhões).


 
Segundo especialistas e representantes do mercado consultados pelo G1, apesar da queda do total importado, o mercado de cervejas premium e super premium permanece em alta no país. As premium são aquelas de 600 ml que custam até R$ 7 em mercados; já o valor das super premium ultrapassa R$ 9 a unidade.


 
A Holanda, país líder na venda de cervejas para o Brasil desde 2011, permanece como maior exportador nos primeiros dez meses de 2013, mas sofreu uma queda acentuada na comparação com 2012. Foram 17,7 mil toneladas vendidas para o mercado brasileiro no ano passado, contra 8,5 mil toneladas neste ano. Isso representa uma diminuição de US$ 8,5 milhões (R$ 19,8 milhões) no valor pago.


 
Os Estados Unidos, o México e a Argentina também se destacam na queda. O primeiro país exportou para o Brasil 1,8 mil toneladas no ano passado, contra aproximadamente 1 mil até outubro de 2013. Já o México caiu de 4,9 mil toneladas de cervejas exportadas para 534,9 toneladas. A Argentina, por sua vez, passou de 5,2 mil para 4 mil toneladas.


 
Para Marcelo Stein, diretor-executivo da Bier & Wein Importadora, a situação econômica que o país enfrentou neste ano pode ser culpada por estas quedas. “Quanto tem retração de crédito, há uma diminuição no consumo de cervejas populares. Então em um ano em que as empresas estão lutando para diminuir a queda nas suas vendas, não tem como focar nas cervejas importadas, mas sim em suas marcas líderes nacionais”, diz.


 
Adalberto Viviani, presidente da Concept, consultoria especializada em bebidas e alimentação, destaca que a diminuição da importação não deve ser encarada como uma decisão estratégica da indústria cervejeira brasileira, mas apenas como consequência da situação econômica.


 
Além disso, ele afirma que, como os mercados de cervejas premium e super premium são pequenos no país – representam 7% e entre 0,5% e 1% do mercado nacional, respectivamente –, qualquer movimentação do setor faz diferença no valor final de importação.


 
Gilberto Tarantino, diretor da importadora Tarantino Beer, e Stein ainda afirmam que a produção nacional de cervejas que antes eram importadas pode ter aumentado no país, como a americana Budweiser e a holandesa Heineken, colaborando para a queda.


 
A Heineken, que é também responsável pelas cervejas mexicanas Sol e Dos Equis, foi procurada pela reportagem do G1, mas não se posicionou sobre o assunto.


 
Já a Ambev, responsável, além da Budweiser, pelas uruguaias Nortenã e Patricia, as alemãs Franziskaner e Spaten, as belgas Leffe e Hoegaarden, a holandesa Hertog Jan e a argentina Quilmes, afirmou que “não houve mudança nas vendas as marcas importadas nesse ano”. A empresa diz que não pode divulgar os valores da produção nacional da Budweiser, mas declarou que “devido à demanda, aumentaremos o número de fábricas que produzem Budweiser durante o próximo ano”.


 
Mercado “gourmet”


 
Apesar da queda do total de importações no geral, os especialistas estão otimistas quando ao mercado de cervejas premium e super premium. Apenas para as super premium, Viviani estima um crescimento de 17% neste ano.


 
Os dados do governo federal mostram que países mais conhecidos por suas cervejas especiais e mais elaboradas, como Alemanha, Bélgica, Reino Unido e República Tcheca, de fato apresentaram tendência positiva até outubro de 2013. Nos dez primeiros meses de 2013, a Alemanha exportou 406,5 toneladas a mais do que nos 12 meses de 2012 – de 3,1 mil toneladas para 3,5 mil toneladas. Já a Bélgica passou de 1,5 mil toneladas para 1,6 mil.


 
“A lógica da economia funciona diferente neste setor mais especializado, pois, quando o cinto aperta, aperta de baixo para cima. Então o camarada de menor poder aquisitivo sofre bem mais do que aquele que está acostumado a comprar produtos diferenciados”, diz Stein.


 
Além disso, ele afirma que, mesmo que os apreciadores de cervejas mais elaboradas diminuam seu consumo, o aumento de interesse balanceia as contas. “Cada vez tem mais brasileiros que não pedem a cerveja mais gelada, mas, sim, prestam atenção ao estilo, ao tipo da cerveja e com o que ela se harmoniza. É um processo crescente, viral, então mesmo que uma crise econômica faça com que o consumo de garrafas premium per capita diminua, ao lado do consumidor antigo surgirão mais cinco”, diz. 


 
Valores baixos


 
Alguns países, como Itália e Chile, também apresentaram aumentos percentuais consideráveis, mas como a quantidade vinda desses países é pequena, os valores não influenciam tanto o número total de importação de cervejas para o Brasil. A Itália passou de 28,4 toneladas em 2012 para 140,6 toneladas até outubro deste ano. Já o Chile, que exportou apenas 5,2 toneladas no ano passado, já exportou 38,7 toneladas neste ano.


 
“O número de importação de cervejas italianas é muito baixo, pois elas costumam ser muito caras e os italianos não têm o incentivo de fabricar cerveja que têm para vinho. Além disso, as garrafas italianas são consideradas as mais lindas do mundo. Como eles não abrem mão disso, só o custo do casco já deixa o produto mais caro”, diz Tarantino.


 
Como o mercado de cervejas premium e superpremium é bem menor do que o das “mainstream”, Tarantino ainda ressalta que, apesar de o total importado pelos Estados Unidos estar em tendência negativa em comparação a 2012, as cervejas elaboradas americanas foram o destaque de 2013 neste setor. “Eles são muito criativos e têm uma liberdade maior para criar, diferente das mais tradicionais alemãs e belgas. Por isso, já tem cervejarias de outros países que estão copiando a escola americana e fazendo bebidas mais amargas e aromáticas”, comenta.




Fonte: Do G1

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