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Internacional
Terça - 09 de Agosto de 2011 às 08:44

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Reuters
Cenário é de destruição após terceira noite de protestos
Cenário é de destruição após terceira noite de protestos
Os distúrbios que abalaram bairros de Londres, na Inglaterra, no final de semana prosseguiam na madrugada desta terça-feira (9), com confrontos também nas cidades de Birmingham (centro), Liverpool (noroeste) e Bristol (sudoeste). A Scotland Yard anunciou a mobilização de mais 1.700 agentes para enfrentar os piores distúrbios na capital britânica em anos.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que estava de férias na Itália, decidiu voltar ao país e nesta terça realizará uma reunião com os serviços de emergência, informou seu gabinete.

Vários prédios ardiam em Croydon, Peckham e Lewisham, no sul de Londres, e grupos de saqueadores agiam nas ruas de Hackney (leste), Clapham (sul), Camden (norte) e Ealing (oeste).

No conhecido restaurante "Ledbury", no bairro de Notting Hill, assaltantes roubaram celulares de clientes e levaram o dinheiro da caixa registradora.

Na cidade de Birmingham, a polícia deteve 87 jovens que saqueavam lojas. Até uma delegacia estava em chamas.

Em Liverpool, a polícia enfrentou os manifestantes, que queimaram vários carros. "Não vamos tolerar qualquer violência nas ruas de Liverpool, e já adotamos medidas rápidas e firmes para enfrentar isto", disse o oficial da polícia Andy Ward.

A polícia britânica informou que 334 pessoas foram detidas desde o início dos distúrbios, no sábado (6). Deste total, 69 foram acusadas pelos incidentes ocorridos na capital.

Os incidentes do final de semana deixaram 35 policiais feridos.

Os primeiros confrontos ocorreram em Tottenham, no norte de Londres, durante uma manifestação que pedia "justiça" após a morte de um homem de 29 anos, Mark Duggan, em um tiroteio com a polícia na quinta-feira (4).

No domingo (7), a violência se alastrou para outros bairros da capital britânica.
 

mapa tumultos londres (Foto: Editoria de Arte/G1)


Áreas mais pobres
Os tumultos por enquanto se concentram especialmente em bairros mais pobres de Londres, com população multiétnica, alguns deles a poucos quilômetros do Parque Olímpico - local que, dentro de menos de um ano, receberá milhões de visitantes.

Uma testemunha descreveu cenas caóticas em Hackney, onde pelo menos um veículo e várias caçambas de lixo foram queimados. Jovens aparentemente atiravam rojões nos policiais, que eventualmente se reuniam em fileiras e investiam contra os jovens, tentando dissolver a multidão.

Enquanto o confronto continuava em Hackney, a violência explodia em Lewisham e Peckham, e muita gente usava o Twitter para divulgar fotos de jovens quebrando vitrines.

Confrontos
A polícia disse que um ônibus de dois andares foi incendiado em Peckham. Em Hackney, um grupo de jovens - alguns deles encapuzados - quebrou vitrines, inclusive de uma loja da rede de apostas Ladbrokes.

O dono de um posto de gasolina contou, com a perna sangrando, como foi o ataque. "Havíamos fechado o estabelecimento com tábuas, mas eles arrombaram a porta e destruíram o local. Atiraram uma garrafa em mim, e acertou a minha perna."

Um pequeno grupo disse ter fugido da violência entrincheirando-se no teatro Hackney Empire, de 110 anos. "Estamos retidos aqui dentro", disse à Reuters, por telefone, uma pessoa que pediu anonimato. "Não queremos ficar perto das janelas. Parece que estão atacando as lojas no momento. É assustador. Estamos no fundo do prédio (...), montamos barricadas e colocamos correntes nas portas."

Autoridades disseram que os envolvidos nos distúrbios são criminosos oportunistas, e que os incidentes não afetarão os preparativos para a Olimpíada de 2012 na cidade.

Os jovens aparentemente usam um serviço gratuito de mensagens nos celulares Blackberry para coordenar os ataques contra lojas e policiais.

Bombeiros combatem incêndio em um depósito em Londres, atacado durante distúrbios que já atingem quatro cidades no país. (Foto: Karel Prinsloo / AP Photo)
Bombeiros combatem incêndio em um depósito em Londres, atacado durante distúrbios que já atingem quatro cidades no país. (Foto: Karel Prinsloo / AP Photo)



A empresa canadense Research In Motion, fabricante do Blackberry, disse que vai colaborar com as autoridades britânicas, mas não deu detalhes sobre se - e quais - informações irá passar à polícia.

Há quem diga que os distúrbios são um grito de socorro dos bairros pobres da cidade, afetados pelas duras medidas de austeridade fiscal adotadas pelo governo para conter o déficit público - o que implicou em restrições a serviços de amparo aos jovens, por exemplo.

"Tottenham é uma área carente. O desemprego é altíssimo (...), eles estão frustrados", disse Uzodinma Wigwe, 49, recentemente demitida do seu emprego de faxineira.

As autoridades dizem que isso não é desculpa. "Foram furtos e (incidentes de) violência desnecessários, oportunistas, nada menos. É completamente inaceitável", disse o vice-premiê Nick Clegg.






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