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Sábado - 09 de Julho de 2011 às 23:22

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Literatura como remédio para esquecer ou como um farol para iluminar os períodos sombrios da história? A questão de certo modo dividiu os autores Teixeira Coelho e Edney Silvestre durante a terceira mesa de sábado da Flip, "Ficção e Escombros".

Vinculado ao jornalismo, Silvestre insistiu na impossibilidade de desprezar os dados da realidade objetiva. Seu próximo livro "A Felicidade É Fácil", com lançamento previsto para outubro, narra um caso real ocorrido em 1990, durante a era Collor.

O romance acompanha uma criança sequestrada por engano. Um menino, filho de um casal de caseiros da região sul do país, que foi tomado como filho do patrão, por ser "branquinho, limpinho, bonitinho". Silvestre conta que se viu impelido a escrever a história, entre outros motivos, pela indiferença dos órgãos oficiais diante do caso.

"Eu quero que não esqueçamos. Acho que devemos lembrar. Sou contra o esquecimento", disse Silvestre, que lembrou o impacto do confisco das cadernetas de poupança, em 1990, sobre a vida de milhares de brasileiros.

"Quando se olha para a literatura ocidental, há ali um império do niilismo, uma sucessão de fracassos. Eu queria experimentar escrever dignamente sobre a felicidade", disse Teixeira Coelho, referindo-se ao romance "O Homem que Vive - Uma Jornada Sentimental" (2010).

Segundo ele, o livro foi escrito justamente para esquecer "História Natural da Ditadura" (2006), memorial das ditaduras do século 20, entremeado pelas lembranças pessoais.

Terceiro convidado da mesa, o estreante Marcelo Ferroni ficou apagado no debate. Suas declarações sobre a "distorção da história", procedimento que usou em seu livro sobre Che Guevara "Método Prático da Guerrilha" causaram certo desconforto. "Eu reescrevi o livro várias vezes. Nas primeiras usei o material de pesquisa. Depois, deixei de lado e comecei a criar."

O autor contou, por exemplo, que ao narrar a guerrilha de Che na Bolívia, queria que houvesse um brasileiro no grupo, personagem que inventou e inseriu na história. Silvestre mencionou as "sandálias de cipó", criadas por Ferroni, perguntando até que ponto seria possível ao guerrilheiro caminhar com elas na selva.






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