Oswaldo de Oliveira critica calendário de 2014 e elogia união de jogadores: "Já passou da hora"

 

"Eu sou solidário. Eu acho que quem sente na pele é que tem que se manifestar. O jogador sofre muito, todos nós sofremos muito com isso. Além disso, é inegável que cai o nível da competição. A qualidade do espetáculo é prejudicada com o acúmulo de jogos. A inserção da Copa do Mundo espreme dos dois lados, no início e no final. Você não tem tempo de treinar, de se preparar e de se recuperar. Isso reflete nos jogos. Essa rodada foi a rodada em que menos se marcou gols no Brasileiro, e isso não é à toa. Os jogadores perdem qualidade, perdem a coordenação fina. Quem tem melhores elencos sobrevive mais, quem não tem sofre mais", opinou.

 

A solução para o problema, segundo Oswaldo, passa pela reformulação dos Campeonatos Estaduais. Fã confesso do Carioca, o treinador não se manifestou favoravelmente à extinção da competição, mas pediu a diminuição no número de participantes, permitindo que as equipes que tiveram campanhas melhores nas últimas edições entrem mais adiante.

 

"Não sou contra os Estaduais. Pelo contrário, sou apaixonado pelo Carioca, estou vivendo um dos anos mais felizes da minha vida porque o Botafogo foi campeão carioca. Minha origem é o Carioca, comecei a ir ao Maracanã vendo todos aqueles clássicos dos anos 1950. Mas naquela época não tinha o Brasileiro, os Estaduais e o Rio-São Paulo eram os grandes acontecimentos. Hoje os tempos são outros. Temos 38 rodadas no Brasileiro. Aqui não temos pré-temporada, porque dizer 15 dias é pré-temporada é brincadeira, principalmente no verão. Começamos a jogar em janeiro. De repente começa a jogar quatro, cinco jogos consecutivos como nesse ano, e ninguém aguenta. Acho que se é um ano atípico deve-se fazer um calendário atípico. Para não prejudicar tanto a qualidade do espetáculo diminua o número de participantes do Carioca. As equipes que tiveram melhores campanhas entram mais à frente, para não dizer que favoreceram os grandes. Já vi isso em outros lugares, é questão de bom senso", desabafou.

 

 

Questionado sobre o "timing" da manifestação dos atletas por mudanças no calendário poucos meses depois das manifestações que ocorreram em todo o Brasil durante a Copa das Confederações, Oswaldo foi enfático: já passou da hora deste tipo de ação. Ele lembrou da fundação da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol, há cerca de um mês, e pediu que jogadores, técnicos e demais envolvidos no futebol se unam em torno de um objetivo comum.

 

"Não acho que está na hora não, acho que passou da hora. Futebol é uma das coisas mais importantes desse país, já era há tempos que isso que tinha que ter acontecido. Agora está havendo um mobilização dos treinadores, a federação brasileira. Os setores têm que se unir e se defender. Se a gente esperar, as coisas não vão acontecer. Temos que levantar a voz e mostrar a necessidade com clareza, inteligência e organização, sem imposição, violência, agressão, sem ferir as outras associações. Temos que nos organizar e fazer prevalecer o que é nosso direito enquanto profissionais", concluiu.