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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sexta - 10 de Junho de 2011 às 09:24

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A demissão do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio (PT-RJ), dada como certa ontem em Brasília, abriu uma nova disputa de poder entre a presidente Dilma Rousseff e sua base aliada no Congresso. O ministro é o responsável por fazer a articulação política do Planalto com o Legislativo, justamente o principal problema do governo atualmente.

Dilma estaria determinada a nomear para o cargo a ministra da Pesca, Ideli Salvatti (PT-SC) – o que seria mais um nome feminino a compor o ministério após a escolha de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil. Mas a bancada do PT na Câmara Federal, com o apoio de expressiva parcela do PMDB, tenta emplacar o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa. Corre por fora para ocupar o ministério o também deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

A demissão do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio (PT-RJ), chegou a ser anunciada em sites noticiosos ontem à tarde. Segundo as notícias, ele já teria inclusive entregue a carta de exoneração à presidente Dilma Rousseff. Mas, procurado pela reportagem, Sérgio negou veemente que havia pedido demissão. Trancado em seu gabinete no centro do Rio de Janeiro, cercado por aliados e dirigentes locais do PT, o ministro afirmou que não tomaria nenhuma iniciativa até se encontrar com a presidente Dilma Rousseff – dando a entender, porém, que sua substiuição estará na pauta. Esse encontro com a presidente deve ocorrer hoje.

Um pouco antes, pela manhã, ao participar de um evento oficial, preferiu não falar sobre sua fritura. “Na política, há momentos para se falar, há momentos em que o político fala muito, e há momentos para se calar. O meu momento é de silêncio”, disse.

Fim de festa

Apesar das negativas a respeito da demissão, o clima ontem no gabinete de Luiz Sérgio no Rio era de “fim de festa”. Embora todos os assessores negassem que ele fosse pedir demissão, era senso comum de que sua permanência na pasta estava chegando ao fim, principalmente em função do fogo-amigo a que teria sido submetido.

O ministro ficou muito irritado quando começaram a sair as primeiras notícias sobre sua saída do governo. A interlocutores, o ele confirmou o incômodo com colegas do partido que já estavam negociando seu cargo antes mesmo de sua saída ter sido oficializada. Para o ministro, os ataques contra ele vêm principalmente dos deputados petistas Arlindo Chinaglia, Paulo Teixeira e Henrique Fontana. O senador Lindberg Farias, também do PT do Rio, é outro que aliados do ministro apontam como um de seus detratores.

Apesar disso, em Brasília a voz corrente é de que Luiz Sérgio mostrou-se incapaz de cumprir sua principal função: a de ser o articulador político de Dilma com o Congresso.

A presidente já teria, inclusive, mandado um recado a seus líderes no Congresso: não insistam na defesa de Vaccarezza, porque a escolhida será Ideli. Senadores do PT confirmaram esse recado de Dilma e ontem já faziam consultas informais aos aliados para “testar” o nome de Ideli – que foi líder do governo Lula no Senado.

A movimentação em torno da catarinense provocou a reação imediata do grupo de Vaccarezza, que argumenta que o cargo de ministro das Relações Insti­tucionais seria da cota da bancada do PT na Câmara, já que Luiz Sérgio é deputado. Ontem, os deputados petistas tentaram demonstrar união para mostrar à presidente Dilma que a escolha de um nome de fora, como o de Ideli Salvatti poderia criar problemas na Câmara.

O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), Cândido Vaccarezza e o líder do partido na Câmara, Paulo Teixeira (SP), estiveram reunidos por três horas e saíram juntos para negar à imprensa que existam “divergências” entre os grupos de deputados petistas. “Nossa intenção é acabar com essa conversa e essa impressão de que a disputa do deputado A com o deputado B no PT”, disse o presidente da Câmara.

O mesmo Marco Maia reconheceu depois, porém, que disputas internas fazem parte do “DNA do PT”, mas afirmou que os grupos estão trabalhando juntos na Casa.

Desde a queda de Antonio Pa­­locci da Casa Civil, os grupos ligados a Vaccarezza e Marco Maia, que duelaram pela presidência da Câmara, discutem a ocupação de espaço na articulação política do governo Dilma Rousseff. Luiz Sérgio é do grupo do Vaccarezza e os deputados “adversários” dentro do PT reclamam do fato de o mesmo grupo ocupar o ministério e a liderança do governo.

O grupo ligado a Maia e a Teixeira queria indicar Arlindo Chinaglia para o ministério e tirar o comando da articulação política, até agora, nas mãos da ala ligada a Vaccarezza.

As duas alas, porém, teriam chegado a um acordo para indicar Vaccarezza para o ministério e algum deputado da ala de Maia para a liderança do governo. A união entre os dissidentes veio justamente diante da possibilidade de perder o cargo para alguém de fora da Câmara – a ministra Ideli. Peemedebistas também apoiaram Vaccarezza.

Lobby no Senado

Um pequeno grupo de deputados petistas ontem também circulou pelo Senado para obter apoios para a indicação de Vacca­­­rezza ao ministério. Além de Vaccarezza participam dessa articulação o vice-líder do governo, José Guimarães (CE) e o presidente da Comissão de Cons­­tituição e Justiça, João Paulo Cunha (SP). Eles se encontraram com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP); com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL); com o líder do PTB, Gim Argello (DF); e com o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE). Oficial­­­mente, porém, Vaccarezza disse que a intenção era apenas buscar um acordo sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) que altera o trâmite das medidas provisórias.






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