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Internacional
Quarta - 08 de Junho de 2011 às 19:07

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Um argentino de 23 anos, José Emmanuel Piaggessi, está lutando junto com os rebeldes contra o regime de Muammar Gaddafi, na Líbia.

Em uma trajetória que levou a comparações com Ernesto "Che" Guevara, Piaggessi afirma que está lutando "a verdadeira revolução do povo líbio", contra o "capitalismo".

A BBC Mundo conseguiu localizar Piaggessi através de sua família. Ele respondeu às perguntas da BBC e enviou fotos suas entre os rebeldes líbios.

Como no livro Diário do Che na Bolívia, que conta as experiências de Guevara em 1968, o texto de Piaggessi descreve episódios, cenas e ideais semelhantes.

Além de falar sonre os acontecimentos da rotina dos combates, as mudanças de guarda e até o tédio entre os combates, o argentino também explica suas ideias.

Não apenas Gaddafi é alvo constante de suas críticas, mas também a Otan. Outro alvo das críticas de Piaggessi é o "capitalismo", que ele acusa de querer se apoderar dos objetivos dos rebeldes líbios.

O argentino esteve nos territórios palestinos em 2010. Logo em seguida, iniciou uma viagem pela Europa que terminou no Egito, no começo de 2011, quando o governo de Hosni Mubarak foi derrubado depois da mobilização popular e dos protestos na praça Tahrir, no Cairo.

Depois da mudança no governo egípcio, ele partiu para a Líbia, em meio ao início das revoltas em todo o Oriente Médio, chamada por alguns de "Primavera Árabe".

Semanas depois, já com os rebeldes em Benghazi, conheceu um jornalista espanhol que contou sua história ao público.

Uma versão, não confirmada, afirma que Piaggessi chegou à Líbia com uma credencial de jornalista. Segundo outra versão, ele teria chegado como voluntário de agência humanitária. Mas, de qualquer forma, foi durante uma destas missões que Piaggessi decidiu se juntar aos rebeldes.

"A região onde estamos é (...) cheia de árvores e montes, (...) por isso que, nos momentos de calma, aproveitamos para fazer um pequeno piquenique", escreveu Piaggessi à BBC Mundo.

FAMÍLIA

O pai de Piaggessi, Pablo, disse à BBC que teme pelo que pode acontecer com seu filho, principalmente pelo fato de que, quando ele deixou Benghazi, suas chamadas telefônicas ficaram menos frequentes.

Mas Pablo conta que, quando ele liga para os pais, eles não conversam sobre o conflito, apenas sobre as novidades da própria família.

Agora, Piaggessi afirma que está em Misrata e voltou a ter conexão com a internet para se comunicar com a família e enviar e-mails e fotos.

"... no dia 22, à tarde, começamos a escutar o som inconfundível do escapamento de dois tanques, por isso abrimos fogo com mísseis katiyushas (sic) e projéteis de morteiros, o que os manteve afastados... por um tempo... depois de uma noite muito tranquila, por volta das seis da manhã, começaram a soar, de muito longe, as rajadas de metralhadoras leves, semi e pesadas,.... era evidente que estava vindo uma ofensiva", escreveu.

Al Arjentiny

José Emmanuel Piaggessi se descreve como mais um integrante da insurgência líbia e é chamado de Yusseff al-Arjentiny.

Ele revela que faz períodos de guarda com novos "colegas" e, constantemente, faz referências a coisas que o fazem se lembrar da Argentina.

Mas, sua permanência na frente de batalha pode ter sido suspensa temporariamente devido a um incidente no final de maio, no qual ele foi ferido.

"... aconteceu o que eu temia... um deles (soldados de Khadafi) disparou um projétil de RPB (lança-granadas), que caiu justamente na frente de Muffah (o líder do grupo)... eu estava à sua esquerda... os fragmentos voaram para todos os lados... a explosão me atordoou, a poeira que levantou não me deixava ver o que acontecia. Sem entender, corri em retirada, enquanto via que os que estavam ao meu redor me diziam coisas que não conseguia escutar... corri 50 metros e senti calor no rosto, me toquei, estava sangrando, continuei correndo, demorou para entender, mas era óbvio, tinha sido atingido."

No entanto, o argentino afirmou que já está se recuperando do ferimento.

"Aqui estou, melhorando, espero que amanhã eu esteja em forma para poder voltar à guarda... não para defender o terreno que o imperialismo da Otan nos delimitou, nem para servir aos seus interesses, mas para poder seguir com a discussão, demonstrando com ações as minhas ideias, para me manter lado a lado com este que tem que fazer mil revoluções depois desta para expulsar o capitalismo e seus cães...".






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