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Internacional
Segunda - 25 de Abril de 2011 às 23:07

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As forças de segurança intervieram com violência nesta segunda-feira em várias cidades da Síria, provocando pelo menos 25 mortos em Deraa, uma cidade do sul do país onde teve início o movimento de protesto contra o regime há seis semanas, informaram ativistas.

"Mais de 3.000 membros das forças de segurança, apoiados por tanques, entraram em Deraa na manhã desta segunda-feira", segundo militantes dos direitos humanos entrevistados pela AFP.

O regime do presidente Bashar al-Assad parece ter optado pela solução militar para esmagar o movimento de contestação sem precedentes no país que dura seis semanas, mobilizando milhares de soldados em Deraa, 100 km ao sul de Damasco, e em outras áreas do país, segundo as mesmas fontes.

No entanto, o objetivo do Exército sírio é apenas "restabelecer a calma e a segurança em resposta aos pedidos de socorro lançados pelos moradores que pediram sua intervenção para pôr fim aos atos de sabotagem e de assassinato cometidos por grupos terroristas extremistas", anunciou uma fonte militar, que informou sobre "mortos e feridos" em ambos os lados.

No primeiro sinal até o momento de uma resposta contundente à repressão na Síria, os Estados Unidos indicaram que discutem a aprovação de "sanções seletivas" contra as autoridades sírias.

Na ONU, vários países europeus (França, Grã-Bretanha, Alemanha e Portugal) tentam fazer com que o Conselho de Segurança condene o massacre de centenas de manifestantes e pedem uma investigação independente, disseram diplomatas nesta segunda-feira.

No dia seguinte a uma jornada de calma em Deraa, "mais de 3.000 membros das forças de segurança, apoiados por tanques" entraram nesta cidade agrícola de 75.000 habitantes, segundo militantes pró-Direitos Humanos contactados pela AFP.

"Os homens dispararam em todas as direções e avançaram por trás dos blindados, que os protegem", declarou por telefone à AFP em Nicósia Abdullah al-Harriri.

"Pelo menos 25 mártires caíram, mortos por disparos e bombardeio com artilharia pesada", denunciou outro ativista, Abdullah Abazid, em uma conversa por telefone com a AFP, acrescentando que ainda há corpos nas ruas.

Com estes já são 366 os mortos na Síria desde o início do movimento de protesto, em 15 de março, segundo um cálculo da AFP.

"Os minaretes das mesquitas lançam chamados de socorro. As forças de segurança entraram nas casas. Há um toque de recolher e disparam contra quem sai de casa. Já dispararam até contra as caixas d""água sobre os telhados, para deixar as pessoas sem água", relatou.

De acordo com outro militante, que conseguiu entrar em contato com Deraa, "os franco-atiradores assumiram posições nos telhados e os tanques estão no centro da cidade".

O militante indicou que há corpos "nas ruas" que as pessoas "não conseguem reconhecer", e que "a eletricidade está cortada e as comunicações telefônicas são quase impossíveis".

Segundo os ativistas, os serviços de segurança estavam intervindo também em Duma, 15 km ao norte de Damasco, e em Muadamiyeh, perto da capital.

Wisam Tarif, que dirige um grupo sírio de defesa dos Direitos Humanos chamado Insan, com sede em Sevilha (Espanha), indicou no domingo que 221 pessoas estão desaparecidas na Síria desde a manhã da última sexta.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta segunda-feira "o fim imediato dos assassinatos na Síria" e considerou "inaceitável" a "reação errática e violenta" do governo sírio contra os "manifestantes pacíficos".

"As forças de segurança devem deter imediatamente os disparos com balas reais contra os manifestantes", afirma em um comunicado.

"O governo tem a obrigação internacional legal de proteger os manifestantes pacíficos e o direito de manifestar-se pacificamente", acrescentou.

A Alta Comissária destacou que recebeu uma lista de 76 pessoas mortas desde sexta-feira nas manifestações pacíficas, mas explicou que o balanço pode ser "consideravelmente mais elevado".

"A comunidade internacional tem reiterado o pedido urgente ao governo sírio de que pare de matar o próprio povo, mas as demandas caíram em letra morta", lamentou.

"Ao invés disso, a resposta do governo tem sido errática, com promessas de reforma seguidas de atos de repressão violentos contra os manifestantes (...) Os assassinatos devem cessar imediatamente", disse Pillay.

"Agora o primeiro passo é interromper imediatamente o uso da violência, e depois abrir uma investigação exaustiva e independente sobre as matanças, incluindo os supostos assassinatos por militares e pelas forças de segurança, e levar seus autores à justiça", concluiu Pillay.





Fonte: AFP

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