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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 23 de Abril de 2011 às 09:25

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Domingo Mesa Acosta diz que muitos dias tem de pular o almoço, mas ele não se queixa. Os clientes cercam seu carrinho -o "El Paraíso"- a todo momento, em busca dos doces que faz.

Há dois meses, Mesa estreou seu empreendimento numa movimentada esquina de Havana, de onde se pode ver o Malecón -o célebre calçadão que margeia a baía da capital cubana.

O vendedor, ex-fonoaudiólogo e premiado escritor de livros infantis, não quer saber de falsa modéstia: "Posso dizer hoje que eu faço o melhor doce de Havana. Devo fazer o melhor doce do país", diz. E ri de novo.

Mesa é defensor do trabalho duro. É uma declaração rara de escutar na ilha de salários irrisórios.

Ele é um dos quase 200 mil cubanos que decidiram tentar a sorte com um pequeno negócio, dobrando a quantidade de "contapropristas" existentes até setembro passado, quando o governo cubano anunciou que concederia licenças de trabalho para quase 200 ofícios.

Mesa entra na categoria "fabricante e vendedor de alimentos rápidos". O governo também autorizou novas licenças para alugar casas e quartos e para montar novos e maiores restaurantes privados, os paladares.

INVESTIMENTO: US$ 300

O doceiro vende em média US$ 40 ou 1.000 pesos cubanos em produtos por dia. É mais que o dobro do salário mínimo da ilha.

Contratou dois ajudantes, já que pela nova lei é permitido, pela primeira vez, ter funcionários fora da família. A mulher, formada em economia, também ajuda.

São 12 tipos de doces, exibidos num carrinho com vitrine e divisória que ele mesmo fez com o irmão. Investiu pouco mais de US$ 300.

A estrela do carrinho é o capitólio -um bolinho com miolo sabor morango e um topete de chantili.

Uma compradora elogia o preço: o equivalente a US$ 0,12 cada um. Na doceria do Estado, sai por US$ 0,30.

Domingo diz que, com tanto trabalho, nem parou para prestar atenção ao Congresso do Partido Comunista, que se encerrou nesta semana. De todo modo, ele afirma que está otimista.

Avalia que agora é diferente dos anos 90, quando o governo incentivou a pequena iniciativa privada a contragosto, como uma necessidade emergencial após deixar de receber subsídios da extinta União Soviética --para logo depois, voltar a restringi-la, enquanto Fidel Castro xingava na TV os "exploradores" donos de paladares.

Um dos documentos aprovados no Congresso exortava a legenda a "deixar para trás preconceito com o setor não estatal". Havia, porém, uma advertência clara: o governo não vai tolerar "concentração da propriedade".

Mesa se prepara agora para transformar "El Paraíso" numa pequena rede. "Vou para o segundo e para o terceiro carrinhos. Já tenho tudo pronto."






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