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Às vésperas do aniversário da Capital, o prefeito recebeu o Diário e relatou as dificuldades encontradas para atender aos anseios da população
Galindo diz sofrer para sanar problemas
Com estilo diferente de administrar comparado ao do antecessor Wilson Santos (PSDB), o prefeito Chico Galindo (PTB) fez uma reestruturação nas secretarias municipais. Mudou o nome de algumas, criou outras e reorganizou a administração. Apesar disso, garante que é governo de continuidade que não começou “do zero” os projetos.
Entretanto, os problemas em relação a buracos nas ruas, coleta de lixo e superlotação na saúde continuam atrasando o desenvolvimento do município. Sobre isso, o prefeito destaca que está trabalhando e que, até o final de 2012, Cuiabá terá um novo rumo.
Nesta entrevista, ele relata o aumento da arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), da “máfia do lixo” e de membros do partido que querem benesses por pertencer à mesma legenda.
Chico Galindo também reafirma que não disputará a reeleição, mesmo tendo iniciado um trabalho de apenas dois anos.
Para a comemoração do aniversário de 292 anos da Capital, ele disse que não mexeu no caixa da prefeitura e conseguiu a verba por meio de apoio da Agência Executora das Obras da Copa do Mundo (Agecopa).
Diário de Cuiabá – O senhor fez recentemente um ano na prefeitura de Cuiabá. Como está hoje a prefeitura sobre questão de caixa? E em relação à gestão, está tudo nas suas mãos?
Chico Galindo – Vamos começar (a entrevista) com o trabalho interno que foi realizado neste último ano. Fizemos um trabalho interno em todas as secretarias. Elas eram, no meu entender, muito divididas. Por exemplo, a de Habitação cuidava de regularização fundiária, só que a planta da regularização ficava na Secretaria de Meio Ambiente, que cuidava da fiscalização. A de Meio Ambiente que autorizava o alvará de construção, mas quem aprovava a planta era o IPDU (Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano). Mudamos tudo isso. Criamos a Secretaria das Cidades para cuidar de Habitação, para cuidar de 5,2 mil moradores que estão em área de risco, para providenciar casas para eles. A Secretaria de Meio Ambiente passou a ser Secretaria de Fiscalização. Ela vai fiscalizar as obras autorizadas pela prefeitura e as que não estão sendo cumpridas. Vai haver uma fiscalização melhor. O IPDU deixa de ser instituto e passa a ser secretaria. Ele faz o projeto e a fiscalização fiscaliza. Você tem início, meio e fim em uma única secretaria.
Diário – O IPTU chegou à margem esperada? Quanto foi arrecadado?
Galindo – Chegou à margem esperada. Nós recebemos R$ 26 milhões este ano. No ano passado, nós recebemos R$ 23 milhões. Fizemos um acréscimo de 10% em contribuinte, que eu acho ser o melhor índice. Enquanto ano passado 10 mil (pessoas) pagaram, este ano 11 mil pagaram.
Diário – Por que o senhor acha que teve esse aumento? O senhor acredita que o governo tem mais credibilidade?
Galindo – Acho sim! Não tem outro motivo. Aumentou a planta genérica, aumentou o valor venal. Ele pagou mais e, mesmo assim, veio pagar. Ele só pode confiar naquilo que estamos fazendo, o que aumenta também a responsabilidade.
Diário – Aqueles que começaram a pagar vão ter mais moral para cobrar...
Galindo – Logicamente! Atualmente, 50% (da população) paga e 50% não paga. Nós vamos agir com mais pulso contra aqueles que não pagam. Não é justo que, a cada dez mil contribuintes, cinco mil paguem e cinco mil não paguem. E sobre o orçamento? Sem dúvida, hoje com as mudanças internas, principalmente com as secretarias de Educação e Saúde, que eram independentes, hoje estão inseridas no sistema de informatização e eu sei onde se está aplicando o recurso. Eu tenho um controle muito maior. A primeira fase, o primeiro ano da administração, foi muito voltado ao interno para, agora, poder retribuir para a sociedade.
Diário – Uma pergunta com duas visões: Cuiabá está completando 292 anos. Na visão de gestor, a cidade tem o que comemorar? E, na visão de morador, da população, há também motivo para comemorar?
Galindo – Na primeira pergunta: o choque de gestões que demos, ou seja, uma modernização, estamos sempre informando aos poderes, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, e eles podem responder, até mais do que eu, o avanço que nós tivemos. Agora, sobre a infraestrutura, sobre o retorno e a qualidade para a população como um todo, em alguns segmentos, felizmente nós tivemos crescimento. Por exemplo, na educação estamos inaugurando novas escolas modernas, estamos reformando 10% de todas as unidades que temos. Em termos de saúde, o principal foco é o pronto-socorro, que atende o Estado inteiro, nós avançamos. Inauguramos este ano o piso térreo, que são as UTIs, que são as alas Verde, Vermelha e Amarela. Está lá, moderna, funcionando, só que com muita gente porque você não pode largar na calçada. Vamos entregar ainda este mês o piso inferior. Até o final do ano vamos entregar o terceiro andar inteiro. A UTI pediátrica, a UTI neonatal e a pediatria terão um ala novinha e, até o final do ano, vamos entregar 60 novos leitos no pronto-socorro. Sobre o lixo, foram tantos transtornos para acabar com a máfia do lixo que estava instalada há quase 20 anos aqui. Sofremos muito, mas, nos últimos 15 dias, não ouvi uma reclamação sequer. Tem que melhorar ainda mais, não vai pensar que eu estou satisfeito. Foi um ano difícil porque sequer coleta de lixo estávamos fazendo, mas nós tínhamos que quebrar aquela máfia que mandava aqui e fazia da maneira que queriam. Agora, o controle é nosso.
Diário – A máfia que o senhor está dizendo é a Qualix?
Galindo – A máfia do lixo é nacional, né? O sofrimento que eu tive foi emplacar. Depois que emplacou, e o Ministério Público entendeu que estamos agindo corretamente, nos ajudou. Aí se viu que a coleta de lixo começou a andar. A população não vê o dia-a-dia, o sofrimento nosso, mas lutamos e vencemos. Agora, vamos para a segunda etapa. Eu já determinei que apertem o cerco sobre os condomínios. Eles socam lá 300 saquinhos de lixo para o gari ficar pegando. A lei é clara e ele tem que armazenar em contêiner para o caminhão chegar e recolher.
Diário – Sobre a questão da infraestrutura...
Galindo – Estou andando bastante e estou levando a própria imprensa para conhecer a realidade. Temos 40% dos bairros sem pavimentação e nenhum nasceu nos últimos três anos. Não foi feito nada. Não tem esgoto. É uma ação que precisa ser corrigida. Agora, o projeto que estou trabalhando é para nos próximos três anos acabar com isso. É o projeto “Poeira Zero”, que é pavimentar esses 59 anos bairros, que são praticamente os 40% de bairros que não têm pavimentação. Tinha que arrumar a casa e, agora, ir atrás desses projetos. Temos três opções e eu estou trabalhando nelas. Até junho, mais ou menos, vou poder passar para a sociedade qual a decisão tomada para se tornar realidade o “Poeira Zero”.
Diário – Quais são as três opções?
Galindo – São três projetos. O primeiro que não deu muito certo, fica frustrante, era o do orçamento do ano passado. Estávamos bem encaminhados para ser contemplados e não fomos. Então, eu não quero apresentar para a sociedade os planos. Quero apresentar, até junho, se Deus quiser, não os planos, mas a solução.
Diário – E a Multiação, prefeito? Até agora, onde se percorre, não conseguimos vê-la. Tem prazo para concluir?
Galindo – A Multiação vai levar 90 dias, no mínimo (para a conclusão). Na terça-feira, se você passasse na Fernando Corrêa, iria ver uma mudança. Se for lá na (avenida) Érico Preza, já vê a mudança. Agora, a cidade inteira está precisando de uma manutenção e, principalmente, o mais questionado que é a tapa-buraco, nós estamos devagar com essa chuva. Tapa hoje, amanhã sai. A sua visão é real. A Multiação não vai resolver em uma semana, em hipótese alguma. É impossível! É um projeto de três meses, que pode levar até quatro. Parou a chuva e uns 15 dias, 30 dias depois, você vai poder falar que vai dar certo. Vamos fazer uma grande faxina: desde limpar bocas-de-lobo, capinar canteiro central, praças, podas de árvore, os córregos que são importantíssimos e tapa-buraco. Vamos recapear 30 quilômetros, é metade da estrada daqui para Chapada. Parece pouco, mas é muito. Porém, é pouco comparado aos 800 quilômetros que precisam recapeados. E 20 quilômetros de lama asfáltica. Finalizando a pergunta tua: não estou satisfeito como a sociedade e precisa melhorar, e muito. Agora, estamos trabalhando para isso. E tenho certeza de que, quando Cuiabá completar 293 anos, vamos estar em uma situação bem diferente dessa. Não iludindo a sociedade que em um ano vamos resolver tudo, mas vamos ter um rumo para isso.
Diário – Uma das características do seu governo é ter vários poderes próximos, seja governo federal, estadual, Ministério Público... Esse é o caminho mesmo, agregar até mesmo o poder que tem uma ideia ou projeto contrário ao que o senhor acredita?
Galindo – Meu slogan é “Todos por Cuiabá”. Então, independentemente de classe, religião ou partido, a ideia é sempre agregar. Cuiabá é uma cidade pobre e se precisar eu vou abraçar, pedir, implorar em benefício de Cuiabá. Por exemplo, o Carnaval. Fui no João Malheiros (secretário de Estado de Cultura) e falei para me arrumar R$ 100 mil. No aniversário, a Agecopa está arrumando recursos para a gente fazer uma festa bonita, acho que são R$ 100 mil também. Vou atrás e pagam. No Carnaval, não devemos nenhum centavo. No aniversário mesmo, daqui a uma semana não devemos nada. Fizemos o Show do Riso em vários polos, com todos os humoristas regionais. Na semana que vem, estão recebendo.
Diário – O senhor está tendo unidade no seu governo, está tendo consenso para administrar? E no seu partido o senhor está tendo esse consenso?
Galindo – Felizmente, a maioria está me acompanhando. Consenso eu tenho! Em termos de partido, em todos os partidos há quem está no partido pelo partido e há quem está para tirar proveito do partido. Meu estilo é: quem está no partido para trabalhar, somar e tem objetivo, esses estão comigo. Mas tem alguns que não, e só pensavam em benesses.
Diário – E esses o senhor está excluindo ou tenta agregar?
Galindo – Tento agregar! Eu acho que respondi à pergunta anterior: todos juntos por Cuiabá. Estou dizendo que isso acontece em todos, não é só no PTB. Tem pessoal de plantão, que é só na benesse, só emprego. Atendo? Claro, na medida do possível, todos. Tem como fazer? Atendo” Não tem? Não atendo!
Diário – E isso está atrapalhando de algum modo a gestão?
Galindo – Não! Se estiver, eu tenho que corrigir. Mas até hoje eu não vi ninguém aqui questionar as ações. Sugestões, sim! Recebo com muita atenção e corrijo. Se eu fosse perfeito, nem estaria aqui, tenho um monte de falhas como todo cidadão. Se algum companheiro de partido ou de outro partido falar que ‘isso aqui é melhor’, eu corrijo na hora. Os poderes, por exemplo. A Câmara Municipal eu não posso questionar, é função deles. Eles falaram da ‘máfia do caminhão-pipa’, corrigimos 100%. Eu não posso afirmar porque não tivemos nenhuma comprovação, mas estava se gastando um dinheiro desnecessário.
Diário – O senhor tinha falado dos próximos três anos sobre a manutenção das vias. O senhor está contando para tentar a reeleição...
Galindo – Eu já declarei e tenho muita clareza nas minhas ações. Eu vejo Cuiabá como um todo. Estou vendo Cuiabá na administração Chico Galindo. Depois estou vendo Cuiabá como (algo que) já passou, acabou. Vão ter outros, outros e outros na frente.
Diário – Não mesmo, prefeito?
Galindo – Eu tenho clareza, eu tenho consciência disso. Quero deixar tudo nesse ponto e que Deus ilumine quem assumir os próximos quatro, outros quatro, os próximos 40 anos e ter a visão minha e o amor meu por Cuiabá. Podem muitos que estouraram um pneu num buraco achar que a gente está fazendo demagogia, mas eu tenho certeza de que no final do ano que vem vamos ter uma Cuiabá melhor e a sociedade vai entender o trabalho interno (de reestruturação). Eu não falo muito, não. Você não me vê em rua, balada, almoço ou jantar. Eu gosto de trabalhar normalmente.
Diário – Mas o senhor inicia um trabalho imaginando que ele terá conclusão em determinado período e ver que seu sucessor vai por um caminho que não é aquele que o senhor iniciou...
Galindo – Qual sucessor vai deixar de fazer a pavimentação de um bairro que já está programada? Qual sucessor vai deixar de fazer um cronograma com um orçamento de Cuiabá que já está desenhado? Nós vamos mostrar isso para a sociedade, que é o básico. Educação e saúde nós não estamos falando e são prioridade, mas isso aí já tem a equipe formada que está andando. Hoje temos 63% das crianças em escola de tempo integral. Vamos ter 100%, porque já está planejado. Isso vai demorar um ou dois anos, independentemente de quem será o prefeito. Eu quero ver alguém retroagir isso!
Entretanto, os problemas em relação a buracos nas ruas, coleta de lixo e superlotação na saúde continuam atrasando o desenvolvimento do município. Sobre isso, o prefeito destaca que está trabalhando e que, até o final de 2012, Cuiabá terá um novo rumo.
Nesta entrevista, ele relata o aumento da arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), da “máfia do lixo” e de membros do partido que querem benesses por pertencer à mesma legenda.
Chico Galindo também reafirma que não disputará a reeleição, mesmo tendo iniciado um trabalho de apenas dois anos.
Para a comemoração do aniversário de 292 anos da Capital, ele disse que não mexeu no caixa da prefeitura e conseguiu a verba por meio de apoio da Agência Executora das Obras da Copa do Mundo (Agecopa).
Diário de Cuiabá – O senhor fez recentemente um ano na prefeitura de Cuiabá. Como está hoje a prefeitura sobre questão de caixa? E em relação à gestão, está tudo nas suas mãos?
Chico Galindo – Vamos começar (a entrevista) com o trabalho interno que foi realizado neste último ano. Fizemos um trabalho interno em todas as secretarias. Elas eram, no meu entender, muito divididas. Por exemplo, a de Habitação cuidava de regularização fundiária, só que a planta da regularização ficava na Secretaria de Meio Ambiente, que cuidava da fiscalização. A de Meio Ambiente que autorizava o alvará de construção, mas quem aprovava a planta era o IPDU (Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano). Mudamos tudo isso. Criamos a Secretaria das Cidades para cuidar de Habitação, para cuidar de 5,2 mil moradores que estão em área de risco, para providenciar casas para eles. A Secretaria de Meio Ambiente passou a ser Secretaria de Fiscalização. Ela vai fiscalizar as obras autorizadas pela prefeitura e as que não estão sendo cumpridas. Vai haver uma fiscalização melhor. O IPDU deixa de ser instituto e passa a ser secretaria. Ele faz o projeto e a fiscalização fiscaliza. Você tem início, meio e fim em uma única secretaria.
Diário – O IPTU chegou à margem esperada? Quanto foi arrecadado?
Galindo – Chegou à margem esperada. Nós recebemos R$ 26 milhões este ano. No ano passado, nós recebemos R$ 23 milhões. Fizemos um acréscimo de 10% em contribuinte, que eu acho ser o melhor índice. Enquanto ano passado 10 mil (pessoas) pagaram, este ano 11 mil pagaram.
Diário – Por que o senhor acha que teve esse aumento? O senhor acredita que o governo tem mais credibilidade?
Galindo – Acho sim! Não tem outro motivo. Aumentou a planta genérica, aumentou o valor venal. Ele pagou mais e, mesmo assim, veio pagar. Ele só pode confiar naquilo que estamos fazendo, o que aumenta também a responsabilidade.
Diário – Aqueles que começaram a pagar vão ter mais moral para cobrar...
Galindo – Logicamente! Atualmente, 50% (da população) paga e 50% não paga. Nós vamos agir com mais pulso contra aqueles que não pagam. Não é justo que, a cada dez mil contribuintes, cinco mil paguem e cinco mil não paguem. E sobre o orçamento? Sem dúvida, hoje com as mudanças internas, principalmente com as secretarias de Educação e Saúde, que eram independentes, hoje estão inseridas no sistema de informatização e eu sei onde se está aplicando o recurso. Eu tenho um controle muito maior. A primeira fase, o primeiro ano da administração, foi muito voltado ao interno para, agora, poder retribuir para a sociedade.
Diário – Uma pergunta com duas visões: Cuiabá está completando 292 anos. Na visão de gestor, a cidade tem o que comemorar? E, na visão de morador, da população, há também motivo para comemorar?
Galindo – Na primeira pergunta: o choque de gestões que demos, ou seja, uma modernização, estamos sempre informando aos poderes, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, e eles podem responder, até mais do que eu, o avanço que nós tivemos. Agora, sobre a infraestrutura, sobre o retorno e a qualidade para a população como um todo, em alguns segmentos, felizmente nós tivemos crescimento. Por exemplo, na educação estamos inaugurando novas escolas modernas, estamos reformando 10% de todas as unidades que temos. Em termos de saúde, o principal foco é o pronto-socorro, que atende o Estado inteiro, nós avançamos. Inauguramos este ano o piso térreo, que são as UTIs, que são as alas Verde, Vermelha e Amarela. Está lá, moderna, funcionando, só que com muita gente porque você não pode largar na calçada. Vamos entregar ainda este mês o piso inferior. Até o final do ano vamos entregar o terceiro andar inteiro. A UTI pediátrica, a UTI neonatal e a pediatria terão um ala novinha e, até o final do ano, vamos entregar 60 novos leitos no pronto-socorro. Sobre o lixo, foram tantos transtornos para acabar com a máfia do lixo que estava instalada há quase 20 anos aqui. Sofremos muito, mas, nos últimos 15 dias, não ouvi uma reclamação sequer. Tem que melhorar ainda mais, não vai pensar que eu estou satisfeito. Foi um ano difícil porque sequer coleta de lixo estávamos fazendo, mas nós tínhamos que quebrar aquela máfia que mandava aqui e fazia da maneira que queriam. Agora, o controle é nosso.
Diário – A máfia que o senhor está dizendo é a Qualix?
Galindo – A máfia do lixo é nacional, né? O sofrimento que eu tive foi emplacar. Depois que emplacou, e o Ministério Público entendeu que estamos agindo corretamente, nos ajudou. Aí se viu que a coleta de lixo começou a andar. A população não vê o dia-a-dia, o sofrimento nosso, mas lutamos e vencemos. Agora, vamos para a segunda etapa. Eu já determinei que apertem o cerco sobre os condomínios. Eles socam lá 300 saquinhos de lixo para o gari ficar pegando. A lei é clara e ele tem que armazenar em contêiner para o caminhão chegar e recolher.
Diário – Sobre a questão da infraestrutura...
Galindo – Estou andando bastante e estou levando a própria imprensa para conhecer a realidade. Temos 40% dos bairros sem pavimentação e nenhum nasceu nos últimos três anos. Não foi feito nada. Não tem esgoto. É uma ação que precisa ser corrigida. Agora, o projeto que estou trabalhando é para nos próximos três anos acabar com isso. É o projeto “Poeira Zero”, que é pavimentar esses 59 anos bairros, que são praticamente os 40% de bairros que não têm pavimentação. Tinha que arrumar a casa e, agora, ir atrás desses projetos. Temos três opções e eu estou trabalhando nelas. Até junho, mais ou menos, vou poder passar para a sociedade qual a decisão tomada para se tornar realidade o “Poeira Zero”.
Diário – Quais são as três opções?
Galindo – São três projetos. O primeiro que não deu muito certo, fica frustrante, era o do orçamento do ano passado. Estávamos bem encaminhados para ser contemplados e não fomos. Então, eu não quero apresentar para a sociedade os planos. Quero apresentar, até junho, se Deus quiser, não os planos, mas a solução.
Diário – E a Multiação, prefeito? Até agora, onde se percorre, não conseguimos vê-la. Tem prazo para concluir?
Galindo – A Multiação vai levar 90 dias, no mínimo (para a conclusão). Na terça-feira, se você passasse na Fernando Corrêa, iria ver uma mudança. Se for lá na (avenida) Érico Preza, já vê a mudança. Agora, a cidade inteira está precisando de uma manutenção e, principalmente, o mais questionado que é a tapa-buraco, nós estamos devagar com essa chuva. Tapa hoje, amanhã sai. A sua visão é real. A Multiação não vai resolver em uma semana, em hipótese alguma. É impossível! É um projeto de três meses, que pode levar até quatro. Parou a chuva e uns 15 dias, 30 dias depois, você vai poder falar que vai dar certo. Vamos fazer uma grande faxina: desde limpar bocas-de-lobo, capinar canteiro central, praças, podas de árvore, os córregos que são importantíssimos e tapa-buraco. Vamos recapear 30 quilômetros, é metade da estrada daqui para Chapada. Parece pouco, mas é muito. Porém, é pouco comparado aos 800 quilômetros que precisam recapeados. E 20 quilômetros de lama asfáltica. Finalizando a pergunta tua: não estou satisfeito como a sociedade e precisa melhorar, e muito. Agora, estamos trabalhando para isso. E tenho certeza de que, quando Cuiabá completar 293 anos, vamos estar em uma situação bem diferente dessa. Não iludindo a sociedade que em um ano vamos resolver tudo, mas vamos ter um rumo para isso.
Diário – Uma das características do seu governo é ter vários poderes próximos, seja governo federal, estadual, Ministério Público... Esse é o caminho mesmo, agregar até mesmo o poder que tem uma ideia ou projeto contrário ao que o senhor acredita?
Galindo – Meu slogan é “Todos por Cuiabá”. Então, independentemente de classe, religião ou partido, a ideia é sempre agregar. Cuiabá é uma cidade pobre e se precisar eu vou abraçar, pedir, implorar em benefício de Cuiabá. Por exemplo, o Carnaval. Fui no João Malheiros (secretário de Estado de Cultura) e falei para me arrumar R$ 100 mil. No aniversário, a Agecopa está arrumando recursos para a gente fazer uma festa bonita, acho que são R$ 100 mil também. Vou atrás e pagam. No Carnaval, não devemos nenhum centavo. No aniversário mesmo, daqui a uma semana não devemos nada. Fizemos o Show do Riso em vários polos, com todos os humoristas regionais. Na semana que vem, estão recebendo.
Diário – O senhor está tendo unidade no seu governo, está tendo consenso para administrar? E no seu partido o senhor está tendo esse consenso?
Galindo – Felizmente, a maioria está me acompanhando. Consenso eu tenho! Em termos de partido, em todos os partidos há quem está no partido pelo partido e há quem está para tirar proveito do partido. Meu estilo é: quem está no partido para trabalhar, somar e tem objetivo, esses estão comigo. Mas tem alguns que não, e só pensavam em benesses.
Diário – E esses o senhor está excluindo ou tenta agregar?
Galindo – Tento agregar! Eu acho que respondi à pergunta anterior: todos juntos por Cuiabá. Estou dizendo que isso acontece em todos, não é só no PTB. Tem pessoal de plantão, que é só na benesse, só emprego. Atendo? Claro, na medida do possível, todos. Tem como fazer? Atendo” Não tem? Não atendo!
Diário – E isso está atrapalhando de algum modo a gestão?
Galindo – Não! Se estiver, eu tenho que corrigir. Mas até hoje eu não vi ninguém aqui questionar as ações. Sugestões, sim! Recebo com muita atenção e corrijo. Se eu fosse perfeito, nem estaria aqui, tenho um monte de falhas como todo cidadão. Se algum companheiro de partido ou de outro partido falar que ‘isso aqui é melhor’, eu corrijo na hora. Os poderes, por exemplo. A Câmara Municipal eu não posso questionar, é função deles. Eles falaram da ‘máfia do caminhão-pipa’, corrigimos 100%. Eu não posso afirmar porque não tivemos nenhuma comprovação, mas estava se gastando um dinheiro desnecessário.
Diário – O senhor tinha falado dos próximos três anos sobre a manutenção das vias. O senhor está contando para tentar a reeleição...
Galindo – Eu já declarei e tenho muita clareza nas minhas ações. Eu vejo Cuiabá como um todo. Estou vendo Cuiabá na administração Chico Galindo. Depois estou vendo Cuiabá como (algo que) já passou, acabou. Vão ter outros, outros e outros na frente.
Diário – Não mesmo, prefeito?
Galindo – Eu tenho clareza, eu tenho consciência disso. Quero deixar tudo nesse ponto e que Deus ilumine quem assumir os próximos quatro, outros quatro, os próximos 40 anos e ter a visão minha e o amor meu por Cuiabá. Podem muitos que estouraram um pneu num buraco achar que a gente está fazendo demagogia, mas eu tenho certeza de que no final do ano que vem vamos ter uma Cuiabá melhor e a sociedade vai entender o trabalho interno (de reestruturação). Eu não falo muito, não. Você não me vê em rua, balada, almoço ou jantar. Eu gosto de trabalhar normalmente.
Diário – Mas o senhor inicia um trabalho imaginando que ele terá conclusão em determinado período e ver que seu sucessor vai por um caminho que não é aquele que o senhor iniciou...
Galindo – Qual sucessor vai deixar de fazer a pavimentação de um bairro que já está programada? Qual sucessor vai deixar de fazer um cronograma com um orçamento de Cuiabá que já está desenhado? Nós vamos mostrar isso para a sociedade, que é o básico. Educação e saúde nós não estamos falando e são prioridade, mas isso aí já tem a equipe formada que está andando. Hoje temos 63% das crianças em escola de tempo integral. Vamos ter 100%, porque já está planejado. Isso vai demorar um ou dois anos, independentemente de quem será o prefeito. Eu quero ver alguém retroagir isso!
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/96385/visualizar/
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