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Nacional
Segunda - 28 de Março de 2011 às 17:21

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Empresas de radares que doaram dinheiro para campanhas eleitorais em prefeituras de capitais brasileiras são investigadas por suspeita de favorecimento indevido em licitações.

As companhias são contratadas para monitorar o trânsito e aplicar multas. Nos últimos dez dias, as prefeituras de Aracaju (SE) e Curitiba (PR) suspenderam contratos em vigor, enquanto o governo gaúcho cancelou uma licitação em andamento.

Em Manaus, a empresa paulista Consladel, que doou R$ 75 mil para a campanha de Amazonino Mendes (PTB) em 2008, venceu licitação de R$ 92 milhões para um contrato que incluía de gerenciamento do trânsito a obras e serviços de mobilidade urbana na capital amazonense.

Em 2009, 11 empresas compraram o edital da licitação, mas a única a apresentar a proposta foi a Consladel. O fato de não ter tido adversários em um contrato com tanto dinheiro envolvido despertou suspeita da oposição.

"Foi uma licitação-alfaiate, que serviu exatamente para favorecer a Consladel. O contrato é um escândalo", afirma o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB).

Outro adversário do prefeito, o deputado federal Pauderney Avelino (DEM), pediu ao Ministério Público que investigue o contrato. As denúncias estão sendo apuradas pelo braço de combate ao crime organizado da Promotoria.

No Paraná, o Ministério Público instaurou uma investigação sobre o contrato entre a Prefeitura de Curitiba e a Consilux Tecnologia. A empresa recebia R$ 725 mil por mês.

A Consilux operava os radares da cidade desde 1999, mas o último contrato foi assinado em fevereiro de 2010, quando o atual governador do Estado, Beto Richa (PSDB), era prefeito. O contrato foi rescindido pelo sucessor e aliado de Richa, Luciano Ducci (PSB), no último dia 15.

A Consilux não financiou Richa diretamente em 2008, mas o diretor-presidente da empresa, Aldo Vendramin, aparece como doador de R$ 1.000 para a campanha, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor é irrisório diante dos R$ 6,9 milhões arrecadados à época.

PRESO

Cancelamentos de licitações e suspensões de contratos ocorreram após reportagem do programa "Fantástico", da TV Globo, mostrar representantes de empresas discutindo direcionamento de concorrências e pagamento de supostas propinas.

No Rio Grande do Sul, o então chefe do setor de radares do Daer (autarquia estadual de estradas), Paulo Aguiar, está preso. Ele foi apontado como dono de uma empresa ligada à suposta fraude. O governo Tarso Genro (PT) afastou o funcionário e suspendeu uma licitação em andamento.

OUTRO LADO

A assessoria do prefeito Amazonino Mendes disse que a licitação foi legal e que a única empresa a se habilitar foi a Consladel. Sobre a denúncia de direcionamento, afirmou que cabe ao deputado Ramos provar a acusação.

Segundo a prefeitura, o valor de R$ 92 milhões é uma estimativa, e o gasto pode não se concretizar. A assessoria negou ainda relação entre a vitória da Consladel e a doação de R$ 75 mil à campanha eleitoral.

Por sua vez, a Consladel disse que a licitação obedeceu à lei e negou relação entre a vitória e a doação registrada na Justiça Eleitoral.

O presidente da Urbs (estatal de trânsito de Curitiba), Marcos Isfer, disse que apoia a investigação da Promotoria e afirmou que o contrato com a Consilux foi rompido porque a "empresa perdeu credibilidade" ao ser citada em reportagem do "Fantástico".

A Consilux disse que não se manifestará sobre a rescisão, que venceu a licitação por oferecer um preço mensal quase R$ 300 mil abaixo do estimado e que não há ligação entre a vitória e doações de seus dirigentes.

A Prefeitura de Aracaju defendeu a legalidade dos contratos com as empresas Eliseu Kopp (RS) e Splice (SP) e disse que a suspensão foi preventiva. As empresas não comentaram a suspensão dos contratos em Sergipe porque não foram notificadas.

O advogado Daniel Gerber, que defende o ex-coordenador de radares do RS Paulo Aguiar, alega que seu cliente é inocente e nunca participou de fraudes.






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